. . . OS SINAIS DO NOSSO TEMPO, NUM REGISTO DESPRETENSIOSO, BEM HUMORADO POR VEZES E SEMPRE CRÍTICO. . .
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27.2.11
OS PORTUGUESES - XXII
"O futuro D. João II viveu uma experiência de governo, antes mesmo de ter iniciado o seu reinado oficial. Essa experiência, que diremos única até então na História de Portugal, deu-lhe um conhecimento aprofundado da realidade que o rodeava e, sobretudo, deu-lhe tempo para meditar e talvez premeditar muitas das acções do seu reinado.
O seu primeiro momento de afirmação, depois de rei, aconteceu logo nos primeiros meses do seu reinado. Trata-se de um momento muito significativo, porque foi a resposta à obstrução que os grandes do reino lhe fizeram enquanto príncipe. Com efeito, em 1477, estando seu pai em França, procurando o favor de Luís XI para continuação da guerra com Castela... o jovem regente convocou as Cortes para Santarém. Estas Cortes poderiam ter tido uma importância fundamental para a vida do reino se tivessem acontecido como D. João as concebeu; a realidade, porém, foi outra. O Regente de Portugal quis impor reformas na metodologia de trabalho e a resposta foi o boicote dos Grandes, que certamente começaram a perceber quanto era fundamental para si próprios manifestarem força perante as novas ideias administradas pelo Príncipe. Assim, as Cortes, convocadas para Santarém e aí iniciadas, não tiveram conclusão, pelo menos em Santarém. Foi então que D. Afonso V, então em França, desiludido da política e do mundo, decidiu partir para Jerusalém, abdicando do reino em favor de seu filho.Este, mal recebeu a carta de abdicação, fez-se aclamar rei em Santarém., a 10 de Novembro desse ano de 1477, estando as Cortes interrompidas... Contudo, dias depois, Afonso V anunciou que voltaria ao reino. D. João partiu imediatamente para Lisboa, onde esperou como Príncipe. O rei retomou as rédeas do poder e as Cortes, pelo menos como o Príncipe as concebera, não tiveram continuidade. Umas outras foram reunidas em Lisboa, mas sem a inovação e reformas que o Regente pretendera.
D. João, aparentemente derrubado, venceu mais uma vez. Ele sabia que os Grandes que rodeavam Afonso V tudo fariam para o afastar do seu pai; por isso se antecipara e entregara tudo ao rei, não quis mais governar apesar das instâncias deste... com a sua lição de humildade política conseguiu do rei a total confiança que lhe permitiu ser, na sombra, o verdadeiro governante de Portugal."
(Fonte: História de Portugal, dirigida por João Medina)
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