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18.4.11

OS PORTUGUESES - LXX


"João Baptista da Silva Leitão [mais tarde de Almeida Garrett], nasceu no Porto, em 1799. Aí passou a primeira infância, num caloroso ambiente burguês que lhe deixaria gratas recordações. Aos 10 anos parte com a família para os Açores, onde inicia a sua formação literária, sob a tutela do tio Frei Alexandre da Sagrada Família, bispo de Angra.

No período conturbado que se seguiu, o trajecto pessoal do escritor (já casado com uma menina elegante, Luísa Midosi) entrelaça-se com a história política do Liberalismo. A revolução foi um breve momento de entusiasmo liberal, logo desfeito pela chegada ao poder da facção conservadora, que apoiava o Infante D. Miguel. Garrett foi obrigado a deixar o País (entre 1823-26), situação que se repetiria pouco tempo depois (1828-31), na sequência da abdicação de D. Pedro. No entanto, o escritor encontra na circunstância penosa do exílio uma oportunidade intelectualmente vantajosa. A permanência em França e Inglaterra permitiu-lhe conhecer o movimento cultural europeu, na sua dimensão artística e ideológica. A publicação (ainda em Paris) dos poemas Camões e Dona Branca – os primeiros textos românticos portugueses – constitui o resultado mais simbólico e expressivo dessa experiência.

Garrett atribuía ao Teatro uma alta função civilizadora, e empenhou-se intensamente na sua renovação. Queria uma produção nacional de qualidade, susceptível de elevar o gosto e a cultura do público. A vocação dramatúrgica, revelada na juventude (as tragédias Catão, Lucrécia e Mérope), conhece a partir de 1838 um novo élan, com o êxito de Um Auto de Gil Vicente. Seguir-se-ia um conjunto de peças que modelizam, em diferentes géneros, a sua ecléctica veia teatral: o drama histórico – O Alfageme de Santarém, Frei Luís de Sousa, D. Filipa de Vilhena – e a comédia – Falar verdade a mentir, Profecias do Bandarra, Um Noivado no Dafundo, entre outras. Frei Luís de Sousa (1844) é reconhecidamente a que melhor realiza o seu ideal de sobriedade artística: combinando o pathos da tragédia clássica e a actualidade vivencial do drama familiar, permanece ainda hoje um texto modelar da literatura dramática nacional."

(Fonte: Figuras da Cultura Portuguesa, de Maria Helena Santana)

1 comentário:

cidissima disse...

Garrett cultivou a oratória parlamentar (Discursos Parlamentares, 1871), o pensamento doutrinário e pedagógico (Da Educação, 1829; Portugal na Balança da Europa, 1830; Bosquejo da História da Poesia e Língua Portuguesa, publicado como Introdução ao Parnaso Lusitano ou Poesias Seletas, 5 vols, 1826-1834), o jornalismo (colaborou nO Cronista, 1826; O Chaveco Liberal, 1827; O Precursor, 1831), a poesia, a prosa de ficção e o teatro.

Cida