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20.4.11

OS PORTUGUESES - LXXIII



"Sob o ponto de vista formal, Junqueiro é de uma rebeldia gritante. Nele encontramos propostas do Antes, do Durante, do Depois. Uma libertinagem, que terá a ver com o seu temperamento impetuoso, mas que parece explicar-se melhor com uma intenção estética, em que a expressão é pertinência, pedida pela flutuação do conteúdo. Esta diversidade, que atinge toda a sua obra poética, acaba por ser uma característica de Junqueiro, e, como tal, convertida em unidade.

Outra questão, que não podemos deixar de referir, na perspectiva que vimos construindo, é a das influências. Pondo de lado o problema do epigonismo, geralmente ingenuamente ou abusivamente desfocado na aplicação do seu conceito, encaremos Junqueiro historicamente. A sua obra, de matrizes estéticas diversas, nacionais e estrangeiras, já estudadas, e algumas por ele declaradas, constitui um espelho da encruzilhada finissecular que viveu. Andar à cata de influências, em Junqueiro, com o objectivo de saber o que sobra para o Mestre, é desvirtuar totalmente o Junqueiro histórico, o verdadeiro Junqueiro que deve ser procurado, se quisermos ter uma perspectiva axiológica.

O problema das influências é um problema de sempre. O que se passa com Junqueiro, em Portugal, passa-se em toda a Europa. O problema não está nas influências em si, mas se estas têm a ver, ou não, com a época histórica, geradora de uma atmosfera que atinge obrigatoriamente os melhores, mesmo quando entre si se ignoram."

(Fonte: Joaquim de Matos, em Letras & Letras)

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