(continuação)
Como te sinto a falta, minha querida. Estou tão só, sem ti aqui ao meu lado! Ainda que a fraternidade, o traço de união entre todos nós, pretenda matar essa solidão. Sabes uma coisa? Nunca acreditara muito em que, na guerra, todos os soldados são irmãos. Mas é verdade. Esta semana tenho andado com uma amigdalite. E o médico da Companhia receitou-me uns supositórios. Foi o Álvaro quem mos introduziu. Havias de ver os cuidados dele com a minha doença! Deixei de chamá-lo pelo nome próprio e chamo-lhe, agora, sempre, irmão. E ele também me chama irmão. Bem, às vezes, quando procuramos abafar as tristezas numa alegria postiça, chamamo-nos manas. Ó mana, queres vir tomar um café? Devia ser um chá. Mas ninguém se lembra de bebidas tão finas, apesar de tratamento tão delicado. Tão feminino.
(continua)
Magalhães Pinto
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