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17.2.08

OS HERÓIS E O MEDO - 177º. fascículo

(continuação)

Todos os dias são iguais, minha querida. Numa sucessão a tender para o infinito. Todos os dias, ao acordar, a opressão de saber o que o dia reserva, com a convicção de que vai ser igual ao anterior. Convicção ou esperança, não sei bem. Só desejamos que o drama não se agrave. Se tem que ser, seja pelo menos assim. Acordemos cada dia seguinte. Sabes uma coisa, meu amor? A crueldade aqui tem vários rostos. Eu gostava do “Xabregas”. Aquele moço cuja morte te contei na semana passada. Gostava mesmo. E tu bem sabes. Num primeiro momento, fiquei – ficámos – todos tristes com a sua morte. Mas hoje acordei com um pensamento que me assusta. Senti uma esquisita satisfação por ter sido ele e não eu a ficar na bolanha. Que se passa em nós, meu amor? Como é possível sentir contentamento porque um amigo, um irmão, se foi?…

(continua)
Magalhães Pinto

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