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27.10.09

CRÓNICA DA SEMANA - I

O PODER

Sou dos que considero que o caso da expulsão de militantes do Partido Socialista é um caso sem a mínima importância. Recordemos que estão eventualmente atingidos pela decisão algumas dezenas de militantes, de vários municípios, entre eles, Matosinhos. E é totalmente desprovido de importância pública, tal facto, porque se trata de uma questão interna do Partido. Nem os potenciais expulsos perdem nada da sua personalidade pública, nem a sociedade em geral fica prejudicada. Trata-se, afinal, tão só de perder um emblema, um carimbo, um cartão de sócio.

Se estivéssemos a falar de um tema como, por exemplo, a sucessão de liderança no PSD, eu até admitiria, como admito, que os órgãos de comunicação social se preocupassem com ele. Afinal, a liderança de Portugal, no futuro, tem a ver com isso. Mas, neste caso, estamos a falar de pessoas que não têm a mínima importância, em termos gerais. Só são importantes para elas mesmo. E, quando muito, seriam importantes para o seu Partido. Mas isso é lá com eles.

Também haveria razão para nos preocuparmos todos se estivesse em causa, como já se tentou propalar, a liberdade das pessoas. Mas não. Não sei se há razões para a expulsão ou não. Nem estou preocupado com isso. Que resolvam o problema entre eles. Além disso, há sempre, para os que se julgam atingidos por qualquer injustiça, o recurso aos tribunais. Em boa verdade, nem sequer entendo o barulho que tentam fazer na praça pública. Estão a ser mal tratados, ilegalmente face às disposições legais internas? Pois os tribunais estão lá para julgar. A começar, logo, pelas comissões jurisdicionais internas, mas sem excluir os tribunais comuns. Não me peçam a mim – e julgo que a todos os cidadãos – que sejamos juízes. A maior parte de nós nem sequer conhece as tais disposições que justificariam a expulsão.

Assim, a polémica que se tenta levantar na praça pública é uma polémica falsa. Tem tudo de artificial. É patética e pateta. E, desprovida que é de importância para a generalidade dos cidadãos, só pode entender-se a atenção que merece da parte de alguns órgãos da comunicação social como eventual pagamento de favores. A promiscuidade que havia entre alguns órgãos de Poder e a comunicação social acabou e é natural que haja por aí muitos prejudicados. O que, se for como eu penso, representa ainda um combate pelo Poder que extravasou o período e os actos eleitorais. E, se assim for, pode ainda concluir-se que houve entidades – sejam elas um Partido, sejam auto-excluídos dele que decidiram fazer a sua luta pessoal – que não aceitaram bem os resultados eleitorais. E isso, sim, é extremamente lamentável e preocupante.

Magalhães Pinto, em MATOSINHOS HOJE, em 27/10/2009

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