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1.12.09

CRÓNICA DA SEMANA - I

POR BEM FAZER MAL HAVER

A recente derrota do Governo na Assembleia da República, ao não ver aprovado o novo Código Contributivo, levanta uma questão de grande importância, que tem a ver com o nosso futuro. Recordemos que, no caso de ter passado a proposta do Governo, no próximo ano os impostos, sobretudo das empresas mas também dos cidadãos, iriam ser aumentados.


O País está extraordinariamente endividado. A crise e a má gestão do anterior Governo provocaram um défice astronómico das contas do Estado. E quando não se recebe tanto quanto se gasta, o resultado é ficar-se endividado. Para tapar os buracos abertos pela governação recente, o Governo endividou o Estado. Com a agravante de, com o crescimento significativo da dívida, os juros que os Portugueses vão pagar por ela, quer ao nível do Estado, quer ao nível dos particulares, vão ser maiores. Ao nível do Estado, só há duas soluções para colmatar o buraco: ou se vende património ou se cobram mais impostos. Ora, o novo Código Contributivo pretendia exactamente levar a cabo a segunda daquelas soluções. E isto porque o Estado já não tem, no seu património, muito para vender sem comprometer as suas funções económicas e financeiras. Não tendo visto aprovada, para já, a sua proposta – foi adiada para 2011 – ao Estado não fica outro caminho senão o de se endividar cada vez mais.

As consequências disto são extremamente perigosas para o futuro. Porque, mais tarde ou mais cedo, terá que ser com os impostos que pagamos que a situação terá que ser reequilibrada, sob pena de irmos à bancarrota. Portanto, ao grande esforço que nos seria pedido, agora, corresponderá, no futuro, um esforço muito maior. Assim, podemos dizer, a propósito do resultado da votação na referida proposta e para os senhores deputados: por bem fazer, mal haver. E não vai ser daqui por muito tempo.

Magalhães Pinto, em MATOSINHOS HOJE, em 1/12/2009

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