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25.1.10

RETRATOS DE UM GRANDE PAÍS...

Conversa entre pilotos no Facebook abre guerra na TAP
TAP convocou funcionários que fizeram comentários sobre colegas para curso de ética


O que poderia ter sido um simples desabafo feito numa rede social originou um processo-crime e um aceso debate interno que pode até acabar em greve na TAP. Tudo porque os trabalhadores envolvidos num "diálogo privado" no Facebook foram convocados pela empresa para frequentar um curso de ética. Uma iniciativa que encaram como sanção indirecta e "ilegítima" da empresa.

21 de Setembro passado. Um piloto acaba de aterrar em Lisboa, depois de um voo a partir de Maputo, à boleia com colegas - no âmbito das condições de viagem a que o pessoal da TAP tem direito. Em meia dúzia de frases no Facebook, queixa- -se de ter viajado em classe económica, apesar da disponibilidade de lugares em executiva. Nos dois dias seguintes sucedem-se comentários (violentos) de pilotos, assistentes e chefes de cabine, todos colegas de trabalho.

Lição número um: um comentário numa rede social nunca é privado. A conversa ("roubada sem autorização", afirmam os envolvidos) circulou entre o pessoal da TAP, incluindo o comandante e o co-piloto visados nas críticas. Um deles apresentou uma queixa-crime por difamação.

Até aqui, tudo continuaria na esfera privada, com os tribunais chamados a decidir se o direito de expressão foi ultrapassado e se os queixosos foram difamados. Mas a TAP decidiu entretanto promover um curso de "formação comportamental", para o qual foram convocados os funcionários que fizeram comentários no Facebook.

A 28 de Dezembro, o Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil enviou uma carta ao presidente da empresa, exigindo que o curso fosse cancelado. No início deste mês, o caso foi discutido numa assembleia-geral de pilotos e para a próxima quarta-feira está marcado novo encontro extraordinário. O sindicato não faz, até lá, qualquer comentário. No entanto, na agenda de trabalhos está, segundo a convocatória a que a agência Lusa teve acesso, a discussão das "medidas a adoptar [...] incluindo o recurso à greve".

In I - 25/01/10

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