. . . OS SINAIS DO NOSSO TEMPO, NUM REGISTO DESPRETENSIOSO, BEM HUMORADO POR VEZES E SEMPRE CRÍTICO. . .
Pesquisar neste blogue
28.2.11
OS PORTUGUESES - XXIII
O MOSTRENGO
O mostrengo que está no fim do mar
Na noite de breu ergueu-se a voar;
À roda da nau voou três vezes,
Voou três vezes a chiar,
E disse: «Quem é que ousou entrar
nas minhas cavernas que não desvendo,
meus tectos negros do fim do mundo?»
E o homem do leme disse, tremendo:
«El-Rei D. João Segundo!»
«De quem são as velas onde me roço?
De quem as quilhas que vejo e ouço?»
Disse o mostrengo, e rodou três vezes,
Três vezes rodou imundo e grosso,
«Quem vem poder o que só eu posso,
Que moro onde nunca ninguém me visse
E escorro os medos do mar sem fundo?»
E o homem do leme tremeu, e disse:
«El-Rei D. João Segundo!»
Três vezes do leme as mãos ergueu,
Três vezes ao leme as reprendeu,
E disse no fim de tremer três vezes;
«Aqui ao leme sou mais do que eu:
Sou um Povo que quer o mar que é teu;
E mais que o mostrengo, que me a alma teme
E roda nas trevas do fim do mundo,
Manda a vontade que me ata ao leme,
De «El-Rei D. João Segundo!»
Três vezes do leme as mãos ergueu,
Três vezes ao leme as reprendeu,
E disse no fim de tremer três vezes;
«Aqui ao leme sou mais do que eu:
Sou um Povo que quer o mar que é teu;
E mais que o mostrengo, que me a alma teme
E roda nas trevas do fim do mundo,
Manda a vontade que me ata ao leme,
De El-Rei D. João Segundo!»
Fernando Pessoa
FRASE DO DIA
PENSAMENTO DO DIA
No espaço de pouco mais de um ano, o Governo de José Sócrates já criou:
- 42 grupos de trabalho;
- 20 comissões;
- 2 conselhos;
- 2 grupos consultivos;
- 1 coordenação nacional;
- 1 observatório; e
- 1 estrutura de missão.
Eu nem sei como é que o país conseguiu resistir vivo durante quase 900 anos sem ter o estimável Primeiro-Ministro que temos actualmente!
- 42 grupos de trabalho;
- 20 comissões;
- 2 conselhos;
- 2 grupos consultivos;
- 1 coordenação nacional;
- 1 observatório; e
- 1 estrutura de missão.
Eu nem sei como é que o país conseguiu resistir vivo durante quase 900 anos sem ter o estimável Primeiro-Ministro que temos actualmente!
EFEMÉRIDE DO DIA
Neste dia, em 1904, foi fundado o Sport Lisboa e Benfica.
O Sport Lisboa e Benfica é um clube multidesportivo sediado em Lisboa. O seu eclectismo, historial e forte base de adeptos faz do Benfica o maior e mais significativo de Portugal e um dos mais prestigiados a nível mundial. As estimativas em relação ao número de adeptos apontam para cerca de 14 milhões espalhados por todo o mundo. Segundo o Guiness, o Benfica é o clube do mundo com mais sócios activos, cerca de 160.000, na altura, atingindo agora os 200.000 sócios.[4] É considerado pela IFFHS como o nono melhor clube do século XX. Além do futebol, este clube distingue-se também noutras modalidades. Utiliza como cores principais o vermelho e o branco e como símbolo uma águia.
O Sport Lisboa e Benfica é um clube multidesportivo sediado em Lisboa. O seu eclectismo, historial e forte base de adeptos faz do Benfica o maior e mais significativo de Portugal e um dos mais prestigiados a nível mundial. As estimativas em relação ao número de adeptos apontam para cerca de 14 milhões espalhados por todo o mundo. Segundo o Guiness, o Benfica é o clube do mundo com mais sócios activos, cerca de 160.000, na altura, atingindo agora os 200.000 sócios.[4] É considerado pela IFFHS como o nono melhor clube do século XX. Além do futebol, este clube distingue-se também noutras modalidades. Utiliza como cores principais o vermelho e o branco e como símbolo uma águia.
27.2.11
OS PORTUGUESES - XXII
"O futuro D. João II viveu uma experiência de governo, antes mesmo de ter iniciado o seu reinado oficial. Essa experiência, que diremos única até então na História de Portugal, deu-lhe um conhecimento aprofundado da realidade que o rodeava e, sobretudo, deu-lhe tempo para meditar e talvez premeditar muitas das acções do seu reinado.
O seu primeiro momento de afirmação, depois de rei, aconteceu logo nos primeiros meses do seu reinado. Trata-se de um momento muito significativo, porque foi a resposta à obstrução que os grandes do reino lhe fizeram enquanto príncipe. Com efeito, em 1477, estando seu pai em França, procurando o favor de Luís XI para continuação da guerra com Castela... o jovem regente convocou as Cortes para Santarém. Estas Cortes poderiam ter tido uma importância fundamental para a vida do reino se tivessem acontecido como D. João as concebeu; a realidade, porém, foi outra. O Regente de Portugal quis impor reformas na metodologia de trabalho e a resposta foi o boicote dos Grandes, que certamente começaram a perceber quanto era fundamental para si próprios manifestarem força perante as novas ideias administradas pelo Príncipe. Assim, as Cortes, convocadas para Santarém e aí iniciadas, não tiveram conclusão, pelo menos em Santarém. Foi então que D. Afonso V, então em França, desiludido da política e do mundo, decidiu partir para Jerusalém, abdicando do reino em favor de seu filho.Este, mal recebeu a carta de abdicação, fez-se aclamar rei em Santarém., a 10 de Novembro desse ano de 1477, estando as Cortes interrompidas... Contudo, dias depois, Afonso V anunciou que voltaria ao reino. D. João partiu imediatamente para Lisboa, onde esperou como Príncipe. O rei retomou as rédeas do poder e as Cortes, pelo menos como o Príncipe as concebera, não tiveram continuidade. Umas outras foram reunidas em Lisboa, mas sem a inovação e reformas que o Regente pretendera.
D. João, aparentemente derrubado, venceu mais uma vez. Ele sabia que os Grandes que rodeavam Afonso V tudo fariam para o afastar do seu pai; por isso se antecipara e entregara tudo ao rei, não quis mais governar apesar das instâncias deste... com a sua lição de humildade política conseguiu do rei a total confiança que lhe permitiu ser, na sombra, o verdadeiro governante de Portugal."
(Fonte: História de Portugal, dirigida por João Medina)
FRASE DO DIA
PENSAMENTO DO DIA
Treze anos. Uma década e mais três anos. O tempo necessário para a Justiça acusar um homem de um rapto do qual era o principal suspeito desde o início. Das duas, uma. Ou o homem é inocente e a Justiça descarrega um fardo cujo conteúdo desconhece; ou o homem é culpado e a Justiça é um arremedo de feira.
EFEMÉRIDE DO DIA
Neste dia, em 1934, nasceu o escritor português Armando Baptista Bastos.
Iniciou a sua carreira profissional na redacção de O Século passando, de seguida, a subchefe de redacção de O Século Ilustrado. Foi redactor de outros jornais, como O Diário, República, Europeu, Almaque, Seara Nova, Gazeta Musical e Todas as Artes, Época, Sábado e Diário Popular, onde permaceu por duas décadas. Foi correspondente da agência France-Presse, em Lisboa. Assinou ainda várias colunas no Jornal de Notícias, A Bola, Tempo Livre e, como crítico, colaborou com o Jornal de Letras, Artes e Ideias, o Expresso, o Jornal do Fundão, o Correio do Minho e o Diário Económico. Fundou ainda o semanário O Ponto, periódico que registou uma série de entrevistas semanais. Na rádio leu as suas crónicas, nomeadamente na Antena 1 e na Rádio Comercial. Actualmente é colunista do Diário de Notícias, do Jornal de Negócios e do Jornal do Fundão.
A sua obra:
* O Filme e o Realismo (1962)
* O Secreto Adeus (1963)
* O Passo da Serpente (1965)
* O Cinema na Polémica do Tempo (1969)
* A Palavras dos Outros (1969)
* Cidade Diária (1972)
* Cão Velho entre Flores (1974)
* Capitão de Médio Curso (1977)
* Elegia para um Caixão Vazio (1981)
* Viagem de um Pai e de Um Filho pelas Ruas da Amargura (1981)
* O Homem em Ponto – Entrevistas (1984)
* A colina de Cristal (1987)
* Um Homem Parado no Inverno (1991)
* O Cavalo a Tinta da China (1995)
* Fado Falado (1999)
* A Colina de Cristal (2000)
* Lisboa Contada pelos Dedos (2001)
* No Interior da Tua Ausência (2002)
* As Bicicletas em Setembro (2007)
* A Cara da Gente (2008)
Iniciou a sua carreira profissional na redacção de O Século passando, de seguida, a subchefe de redacção de O Século Ilustrado. Foi redactor de outros jornais, como O Diário, República, Europeu, Almaque, Seara Nova, Gazeta Musical e Todas as Artes, Época, Sábado e Diário Popular, onde permaceu por duas décadas. Foi correspondente da agência France-Presse, em Lisboa. Assinou ainda várias colunas no Jornal de Notícias, A Bola, Tempo Livre e, como crítico, colaborou com o Jornal de Letras, Artes e Ideias, o Expresso, o Jornal do Fundão, o Correio do Minho e o Diário Económico. Fundou ainda o semanário O Ponto, periódico que registou uma série de entrevistas semanais. Na rádio leu as suas crónicas, nomeadamente na Antena 1 e na Rádio Comercial. Actualmente é colunista do Diário de Notícias, do Jornal de Negócios e do Jornal do Fundão.
A sua obra:
* O Filme e o Realismo (1962)
* O Secreto Adeus (1963)
* O Passo da Serpente (1965)
* O Cinema na Polémica do Tempo (1969)
* A Palavras dos Outros (1969)
* Cidade Diária (1972)
* Cão Velho entre Flores (1974)
* Capitão de Médio Curso (1977)
* Elegia para um Caixão Vazio (1981)
* Viagem de um Pai e de Um Filho pelas Ruas da Amargura (1981)
* O Homem em Ponto – Entrevistas (1984)
* A colina de Cristal (1987)
* Um Homem Parado no Inverno (1991)
* O Cavalo a Tinta da China (1995)
* Fado Falado (1999)
* A Colina de Cristal (2000)
* Lisboa Contada pelos Dedos (2001)
* No Interior da Tua Ausência (2002)
* As Bicicletas em Setembro (2007)
* A Cara da Gente (2008)
26.2.11
OS PORTUGUESES - XXI
"D. Afonso V deu continuidade e ampliou de modo muito significativo a política de concessão de títulos nobiliárquicos levada a cabo pelos seus antecessores... A prodigalidade afonsina tinha os seus custos. As despesas do erário régio para pagar tenças e demais rendas à nobreza atingia valores astronómicos, destinados a manter uma rede clientelar que não podia deixar de ver em Afonso V um monarca útil e compensador.
O reverso da medalha era o descontentamento de quem pagava à Coroa para que esta pudesse pagar aos grandes do reino. E não faltaram protestos em Cortes por parte dos procuradores dos concelhos, habituados que estavam a tomarem a palavra para se pronunciarem sobre a governação, pelo menos desde D. João I.
As graves dificuldades por que passavam as finanças públicas constituíram um tema recorrente, sobretudo nas Cortes do período final do reinado, entre 1475 e 1478. Nestas últimas, a Coroa pediu um novo empréstimo no valor de 80 milhões de reais, considerado o "maior pedido de toda a Idade Média portuguesa". Era o preço a pagar para garantir o contentamento e a deferência da nobreza face ao rei."
(Fonte: História de Portugal, coordenada por Rui Ramos)
FRASE DO DIA
PENSAMENTO DO DIA
EFEMÉRIDE DO DIA
Neste dia, em 1936, faleceu o filósofo e escritor português Jaime de Magalhães Lima.
Autor de uma vasta obra, era admirador de Tolstoi, que conheceu quando foi à Rússia, conforme relata no seu livro Cidades e paisagens (1889).
Colaborou na Revista de Portugal de Eça de Queiroz. Colaborou ainda com regularidade no mensário O Vegetariano, dirigido por Amílcar de Sousa.
A sua obra:
* 1886 - Estudos sobre a literatura contemporânea (E)
* 1887 - O Snr. Oliveira Martins e o seu projecto de lei sobre o fomento rural
* 1888 - A democracia (E) (eBook)
* 1888 - A arte de estudar (T - Alexander Bain)
* 1889 - Cidades e paisagens (eBook)
* 1892 - As doutrinas do Conde Leão Tolstoi (E)
* 1894-1895 - Jesus Cristo (T - Henri Didon)
* 1899 - Notas de um provinciano
* 1899 - Transviado (R) (eBook)
* 1899 - O Crédito agrícola em Portugal (E) (eBook)
* 1900 - Elogio de Edmundo de Magalhães Machado
* 1901 - Sonho de Perfeição (R)
* 1902 - J. P. Oliveira Martins : in memoriam : 30 Abril 1845 - 24 Agosto 1894
* 1902 - Vozes do meu lar
* 1903 - Na paz do senhor (R)
* 1904 - Reino da saudade (R)
* 1905 - Via redentora
* 1906 - Apóstolos da terra
* 1908 - S. Francisco de Assis e seus evangelhos
* 1909 - O ensino de Jesus : uma exposição simples (T - Leão Tolstoi)
* 1909 - A anexação da Bósnia e da Herzegovina pela Áustria (T - Leão Tolstoi)
* 1909 - José Estêvão (eBook)
* 1910 - Alexandre Herculano (B) (eBook)
* 1910 - Rogações de eremita (eBook)
* 1912 - O Vegetarismo e a Moralidade das raças (C) (eBook)
* 1915 - Salmos do prisioneiro (eBook)
* 1915 - A guerra : depoimentos de hereges (eBook)
* 1918 - Do que o fogo não queima (eBook)
* 1920 - Rasto de sonhos : arte e alentos de pousadas da minha terra
* 1920 - Eucaliptos e acácias (eBook)
* 1923 - Coro dos coveiros
* 1923 - A língua portuguesa e os seus mistérios
* 1924 - Alberto Sampaio e o significado dos seus estudos na interpretação da história nacional (B)
* 1925 - Camilo e a renovação do sentimento nacional na sua época (B)
* 1925 - Rafael Bordalo Pinheiro : moralizador político e social (B)
* 1926 - A arte de repousar e o seu poder na constituição mental e moral dos trabalhadores
* 1931 - Princípios e deveres elementares
* 1931 - Dificuldades étnicas e históricas da insinuação do nacionalismo na arte portuguesa contemporânea
* 1933 - O amor das nossas coisas : e alguns que bem o serviram
* 1934 - Dr. Alberto Souto : o seu espírito, o seu carácter e a sua obra (B)
* 1964 - O culto da flor e os jardins da Inglaterra
* 1968 - Os povos do baixo Vouga
* 1986 - Entre pastores e nas serras
* 1957 - Divagações de um terceiro
Autor de uma vasta obra, era admirador de Tolstoi, que conheceu quando foi à Rússia, conforme relata no seu livro Cidades e paisagens (1889).
Colaborou na Revista de Portugal de Eça de Queiroz. Colaborou ainda com regularidade no mensário O Vegetariano, dirigido por Amílcar de Sousa.
A sua obra:
* 1886 - Estudos sobre a literatura contemporânea (E)
* 1887 - O Snr. Oliveira Martins e o seu projecto de lei sobre o fomento rural
* 1888 - A democracia (E) (eBook)
* 1888 - A arte de estudar (T - Alexander Bain)
* 1889 - Cidades e paisagens (eBook)
* 1892 - As doutrinas do Conde Leão Tolstoi (E)
* 1894-1895 - Jesus Cristo (T - Henri Didon)
* 1899 - Notas de um provinciano
* 1899 - Transviado (R) (eBook)
* 1899 - O Crédito agrícola em Portugal (E) (eBook)
* 1900 - Elogio de Edmundo de Magalhães Machado
* 1901 - Sonho de Perfeição (R)
* 1902 - J. P. Oliveira Martins : in memoriam : 30 Abril 1845 - 24 Agosto 1894
* 1902 - Vozes do meu lar
* 1903 - Na paz do senhor (R)
* 1904 - Reino da saudade (R)
* 1905 - Via redentora
* 1906 - Apóstolos da terra
* 1908 - S. Francisco de Assis e seus evangelhos
* 1909 - O ensino de Jesus : uma exposição simples (T - Leão Tolstoi)
* 1909 - A anexação da Bósnia e da Herzegovina pela Áustria (T - Leão Tolstoi)
* 1909 - José Estêvão (eBook)
* 1910 - Alexandre Herculano (B) (eBook)
* 1910 - Rogações de eremita (eBook)
* 1912 - O Vegetarismo e a Moralidade das raças (C) (eBook)
* 1915 - Salmos do prisioneiro (eBook)
* 1915 - A guerra : depoimentos de hereges (eBook)
* 1918 - Do que o fogo não queima (eBook)
* 1920 - Rasto de sonhos : arte e alentos de pousadas da minha terra
* 1920 - Eucaliptos e acácias (eBook)
* 1923 - Coro dos coveiros
* 1923 - A língua portuguesa e os seus mistérios
* 1924 - Alberto Sampaio e o significado dos seus estudos na interpretação da história nacional (B)
* 1925 - Camilo e a renovação do sentimento nacional na sua época (B)
* 1925 - Rafael Bordalo Pinheiro : moralizador político e social (B)
* 1926 - A arte de repousar e o seu poder na constituição mental e moral dos trabalhadores
* 1931 - Princípios e deveres elementares
* 1931 - Dificuldades étnicas e históricas da insinuação do nacionalismo na arte portuguesa contemporânea
* 1933 - O amor das nossas coisas : e alguns que bem o serviram
* 1934 - Dr. Alberto Souto : o seu espírito, o seu carácter e a sua obra (B)
* 1964 - O culto da flor e os jardins da Inglaterra
* 1968 - Os povos do baixo Vouga
* 1986 - Entre pastores e nas serras
* 1957 - Divagações de um terceiro
25.2.11
OS PORTUGUESES - XX
"Regente único desde 1439, o infante D. Pedro, filho de D. João I e irmão de D. Duarte, aliava a sua origem régia à condição de grande senhor feudal. O longo e demorado périplo que efectuou pela Europa levou-o, entre 1425 e 1428, a conhecer a Inglaterra, a Flandres, o Império, a Hungria, a Valáquia (na actual Roménia), várias cidades italianas, o reino de Aragão e a vizinha Castela. Do que viu nas "Sete Partidas do Mundo" não terá ficado muito animado relativamente ao seu reino de origem, chegando a expressar uma visão fortemente pessimista em carta enviada de Bruges ao irmão D. Duarte, em 1426. Nessa missiva, D. Pedro apresentava um rol de pechas sobre a situação em Portugal, desde o despovoamento que se fazia sentir até à necessidade de reforma da universidade. E o balanço feito deixava muito a desejar, indo o infante ao ponto de escrever que havia sobejos motivos para que os que viviam no reino quisessem emigrar e para que os que estavam fora não quisessem para ele vir.
Foi este grande senhor que governou Portugal até à maioridade do sobrinho, Afonso V, em 1448, sem que se conheça a existência de grande contestação interna à sua política."
Acabaria por ser morto na batalha de Alfarrobeira, entre o seu exército pessoal e o exército do rei seu sobrinho, batalha essa desencadeada pelas intrigas que outros senhores feudais de si invejosos, conseguiram tecer junto do rei.
(Fonte: História de Portugal, coordenada por Rui Ramos)
FRASE DO DIA
"Em Portugal é preciso racionalizar o sistema de ensino superior. Há universidades a mais, politécnicos a mais, licenciaturas a mais, mestrados a mais."
Ramôa Ribeiro (reitor da Universidade Técnica) - PÚBLICO - 25/2/2011
***
Mas onde é que eu já ouvi isto?... Ah! Já sei! Foi dito por D. Pedro, Duque de Coimbra, no reinado de D. Afonso V...
Ramôa Ribeiro (reitor da Universidade Técnica) - PÚBLICO - 25/2/2011
***
Mas onde é que eu já ouvi isto?... Ah! Já sei! Foi dito por D. Pedro, Duque de Coimbra, no reinado de D. Afonso V...
PENSAMENTO DO DIA
EFEMÉRIDE DO DIA
Neste dia, em 1873, nasceu o cantor lírico italiano Enrico Caruso.
Caruso apostou na nova tecnologia de gravação de som em discos de cera e fez as primeiras 20 gravações em Milão, em 1895. Em 1903, foi para Nova Iorque e, no mesmo ano, deu início a gravações fonográficas pela Victor Talking Machine Company, antecessora da RCA-Victor. Caruso foi um dos primeiros cantores a gravar discos em grande escala. A indústria fonográfica e o cantor tiveram uma estreita relação, que ajudou a promover comercialmente a ambos, nas duas primeiras décadas do século XX. Suas gravações foram recuperadas e, remasterizadas, encontraram o meio moderno e duradouro de divulgação de sua arte no disco compacto, CD.
O reportório de Caruso incluía cerca de sessenta óperas, a maioria delas em italiano, embora ele tenha cantado também em francês, inglês, espanhol e latim, além do dialecto napolitano, das canções populares de sua terra natal. Cantou perto de 500 canções, que variaram das tradicionais italianas até as canções populares do momento.
Caruso apostou na nova tecnologia de gravação de som em discos de cera e fez as primeiras 20 gravações em Milão, em 1895. Em 1903, foi para Nova Iorque e, no mesmo ano, deu início a gravações fonográficas pela Victor Talking Machine Company, antecessora da RCA-Victor. Caruso foi um dos primeiros cantores a gravar discos em grande escala. A indústria fonográfica e o cantor tiveram uma estreita relação, que ajudou a promover comercialmente a ambos, nas duas primeiras décadas do século XX. Suas gravações foram recuperadas e, remasterizadas, encontraram o meio moderno e duradouro de divulgação de sua arte no disco compacto, CD.
O reportório de Caruso incluía cerca de sessenta óperas, a maioria delas em italiano, embora ele tenha cantado também em francês, inglês, espanhol e latim, além do dialecto napolitano, das canções populares de sua terra natal. Cantou perto de 500 canções, que variaram das tradicionais italianas até as canções populares do momento.
24.2.11
OS PORTUGUESES - XIX
"A continuidade nas grandes linhas políticas do reino seria uma realidade mesmo depois da subida de D. Duarte ao trono, em 1433, aos 42 anos. Porventura o melhor exemplo dessa continudiade foi a Lei Mental, concebida por D. João I e formalizada no governo do seu sucessor. Também o prosseguimento da empresa de expansão ultramarina demonstra bem como ela correspondia a uma opção sedimentada na política da Coroa, não obstante as graves divergências que foram surgindo e os profundos reveses sofridos em Marrocos. Apesar do reinado ter sido invulgarmente curto (1433/1438), nem por isso deixou de ser inequívoca a manutenção da política do seu pai. Mesmo que possamos ver no rei e no final da sua vida os efeitos dramáticos do dilema de abandonar Ceuta e recuperar com vida o irmão Fernando (preso em Fez pelos muçulmanos no seguimento do pesado desastre que foi a tentativa portuguesa de tomar Tânger em 1437) ou de manter a praça e assim condenar o infante ao cativeiro e à morte.
(Fonte: História de Portugal, coordenada por Rui Ramos)
FRASE DO DIA
PENSAMENTO DO DIA
CRÓNICA DA SEMANA
A BATOTA CONTINUA
Por razões pessoais, tive de passar os olhos recentemente um olhar sobre o reinado de D. Fernando, correspondente a um período de grave crise que o país atravessou e que havia de redundar na substituição da dinastia e na guerra com Castela. E tropecei neste pedacinho de prosa (História de Portugal, coordenada por Rui Ramos, págs. 129/130):
“Tal como acontecera com os seus dois antecessores, também D. Fernando legislou no sentido de fixar a mão-de-obra rural ao trabalho da terra, obrigando ao cultivo dos campos entretanto abandonados, de modo a garantir a produção de cereais. Foi assim logo no início do seu governo e, sobretudo, com a Lei das Sesmarias. Provavelmente promulgada em 1375. Mas os resultados não inverteram a situação, como o atesta, desde logo, a multiplicação de medidas legislativas de idêntico teor.
Por outro lado, o agravamento dos impostos e a desvalorização da moeda (por várias vezes entre 1369 e 1362) contribuíram para aumentar o clima de tensão social. Foi assim que eclodiram tumultos ou revoltas (uniões) ao longo da década de 1370, em que participaram sobretudo mesteirais (alfaiates, sapateiros, correeiros…), tendo por causa próxima o indesejado casamento de D. Fernando com Leonor Teles, e que ocorreram um pouco por todo o reino, de acordo com as referências de Fernão Lopes na crónica deste reinado.
Na sua governação, D. Fernando favoreceu os sectores da grande nobreza que lhe eram próximos, concedendo doações e criando novos títulos nobiliárquicos.
…
Num contexto político internacional também ele agitado, D. Fernando confrontou-se com a necessidade de adoptar posições que o comprometiam perante os grandes contendores do seu tempo.”
Achei espantosa esta descrição. Com pequeníssimas adaptações – sobretudo no que respeita ao interesse pela agricultura, hoje desaparecido, mas aplicável à indústria transformadora – o que acabamos de ler serviria às mil maravilhas para descrever a situação de Portugal nos dias que correm. Quase que só temos de mudar o nome de D. Fernando para D. José e tudo o mais ficará certinho. O que nos deve fazer meditar, porque ali em cima se está a falar de Portugal há mais de setecentos anos (SETE SÉCULOS!). E porque tudo aquilo quase desaguou na perda da independência nacional.
Temos pouco hábito de ir atrás, no tempo, e aprendermos como é que superamos as muitas crises em que a nossa História é fértil. Não sei, porque não procurei, se há outros exemplos tão didácticos como este, do fim da primeira dinastia. O conhecimento comum diz-me que há. E, chamam-lhe sebastianismo ou não, tais crises foram ultrapassadas com o aparecimento de um punhado de homens para quem a Pátria era o valor supremo. Para quem o futuro dos seus compatriotas justificava todos os trabalhos e, até, o supremo risco, tantas vezes verificado, da perda da vida na empresa. Claro que esses homens puderam contar com uma retaguarda unida, constituída pelos simples de um povo que só teve dúvidas sobre o caminho a seguir quando os seus líderes ficaram perdidos nos seus interesses venais e nas suas contradições. Quando esses líderes, incapazes de lhes dizerem a verdade, semearam a desorientação pelos meandros das suas mentiras mal contadas.
Vem isto a propósito do que tem sido a sociedade portuguesa nos últimos anos. Andamos perdidos num novelo de mentiras, de “faz-de-contas”, de diz-se que disse não disse e disse mesmo, de informações e contra-informações desnorteantes. É como se vivêssemos simultaneamente em dois mundos paralelos. Um construído sobre as palavras e outro sobre os factos, a realidade deste a reduzir aquele a fanicos. Tudo devido a uma ausência confrangedora de líderes autênticos. Não admira, assim que todos os dias, olhemos a ver se encontramos a rosa-dos-ventos salvadora e dela nem sinal.
Tomemos, para exemplo, o fenómeno mais recente. Os resultados do défice no primeiro mês deste ano. Com um primeiro-ministro a ufanar-se de ter havido uma redução do défice maior do que o previsto no Orçamento. Uma vez mais, a cor da rosa a colorir a realidade. Uma melhoria que teria sido conseguida à custa de uma pequena variação para menos na despesa e de uma grande variação para mais na receita (impostos). Porque quase juro que a realidade é muito diferente. Mas para lhe explicar bem, meu Caro Leitor, tenho de fazer uma pequena explicação prévia para os que disto nada entendem.
O modo como se fazem as contas do Estado não é muito diferente de como se fazem as da nossa casa. E, em casa, para sabermos a quantas andamos, podemos usar dois métodos:
A - ou olhamos para a nossa situação tendo em conta todos os compromissos assumidos e pagos ou ainda não pagos (é o que o Estado faz no Orçamento); ou
B - ou olhamos para a carteira e vemos o dinheiro que lá há, esquecendo os compromissos assumidos e ainda não pagos (é o que o Estado faz na contabilidade do dia a dia).
Como é bom de ver, se eu não pagar os compromissos ou enquanto os não pagar, a situação pode até parecer brilhante. O dinheiro não sai da carteira. O pior vai ser quando eu tiver que pagar os tais compromissos assumidos. O dinheiro da carteira não vai dar e eu estarei na bancarrota.
Tendo em conta isso, junte à expressão radiosa do primeiro-ministro a pronunciar-se sobre o défice em Janeiro último e sobre as cores brilhantes em que ele o pintou o seguinte facto (que presumo ser um só de muitos):
- foram recebidas ordens na Polícia de Segurança Pública para não pagar aos fornecedores de gasolina e aos fornecedores (serviços de transportes colectivos e metro) de passes para os agentes.
Isto é, o défice mostrado a quem vai ter de o pagar (nós) pode ser muito diferente do mostrado pela contabilidade do Estado. O que significaria estarmos a viver, mais uma vez, uma grande mentira. O que até podia não ser grande mal se a diferença houvesse de ser paga por quem nos enfia as patranhas. Mas o pagamento vai ser de nossa conta.
Perguntará o meu Caro Leitor: mas que é que podemos fazer? Eu acho algo. Se se confirmar que a batota continua, temos de fazer duas coisas:
- exigir vigorosamente que nos contem a verdade;
- correr rapidamente, sem cálculos político-partidários, com quem só nos impinge patranhas.
Porque, está por demais visto, enquanto estas duas condições não forem satisfeitas, a batota vai continuar.
Magalhães Pinto, em VIDA ECONÓMICA, em 24/2/2011
Por razões pessoais, tive de passar os olhos recentemente um olhar sobre o reinado de D. Fernando, correspondente a um período de grave crise que o país atravessou e que havia de redundar na substituição da dinastia e na guerra com Castela. E tropecei neste pedacinho de prosa (História de Portugal, coordenada por Rui Ramos, págs. 129/130):
“Tal como acontecera com os seus dois antecessores, também D. Fernando legislou no sentido de fixar a mão-de-obra rural ao trabalho da terra, obrigando ao cultivo dos campos entretanto abandonados, de modo a garantir a produção de cereais. Foi assim logo no início do seu governo e, sobretudo, com a Lei das Sesmarias. Provavelmente promulgada em 1375. Mas os resultados não inverteram a situação, como o atesta, desde logo, a multiplicação de medidas legislativas de idêntico teor.
Por outro lado, o agravamento dos impostos e a desvalorização da moeda (por várias vezes entre 1369 e 1362) contribuíram para aumentar o clima de tensão social. Foi assim que eclodiram tumultos ou revoltas (uniões) ao longo da década de 1370, em que participaram sobretudo mesteirais (alfaiates, sapateiros, correeiros…), tendo por causa próxima o indesejado casamento de D. Fernando com Leonor Teles, e que ocorreram um pouco por todo o reino, de acordo com as referências de Fernão Lopes na crónica deste reinado.
Na sua governação, D. Fernando favoreceu os sectores da grande nobreza que lhe eram próximos, concedendo doações e criando novos títulos nobiliárquicos.
…
Num contexto político internacional também ele agitado, D. Fernando confrontou-se com a necessidade de adoptar posições que o comprometiam perante os grandes contendores do seu tempo.”
Achei espantosa esta descrição. Com pequeníssimas adaptações – sobretudo no que respeita ao interesse pela agricultura, hoje desaparecido, mas aplicável à indústria transformadora – o que acabamos de ler serviria às mil maravilhas para descrever a situação de Portugal nos dias que correm. Quase que só temos de mudar o nome de D. Fernando para D. José e tudo o mais ficará certinho. O que nos deve fazer meditar, porque ali em cima se está a falar de Portugal há mais de setecentos anos (SETE SÉCULOS!). E porque tudo aquilo quase desaguou na perda da independência nacional.
Temos pouco hábito de ir atrás, no tempo, e aprendermos como é que superamos as muitas crises em que a nossa História é fértil. Não sei, porque não procurei, se há outros exemplos tão didácticos como este, do fim da primeira dinastia. O conhecimento comum diz-me que há. E, chamam-lhe sebastianismo ou não, tais crises foram ultrapassadas com o aparecimento de um punhado de homens para quem a Pátria era o valor supremo. Para quem o futuro dos seus compatriotas justificava todos os trabalhos e, até, o supremo risco, tantas vezes verificado, da perda da vida na empresa. Claro que esses homens puderam contar com uma retaguarda unida, constituída pelos simples de um povo que só teve dúvidas sobre o caminho a seguir quando os seus líderes ficaram perdidos nos seus interesses venais e nas suas contradições. Quando esses líderes, incapazes de lhes dizerem a verdade, semearam a desorientação pelos meandros das suas mentiras mal contadas.
Vem isto a propósito do que tem sido a sociedade portuguesa nos últimos anos. Andamos perdidos num novelo de mentiras, de “faz-de-contas”, de diz-se que disse não disse e disse mesmo, de informações e contra-informações desnorteantes. É como se vivêssemos simultaneamente em dois mundos paralelos. Um construído sobre as palavras e outro sobre os factos, a realidade deste a reduzir aquele a fanicos. Tudo devido a uma ausência confrangedora de líderes autênticos. Não admira, assim que todos os dias, olhemos a ver se encontramos a rosa-dos-ventos salvadora e dela nem sinal.
Tomemos, para exemplo, o fenómeno mais recente. Os resultados do défice no primeiro mês deste ano. Com um primeiro-ministro a ufanar-se de ter havido uma redução do défice maior do que o previsto no Orçamento. Uma vez mais, a cor da rosa a colorir a realidade. Uma melhoria que teria sido conseguida à custa de uma pequena variação para menos na despesa e de uma grande variação para mais na receita (impostos). Porque quase juro que a realidade é muito diferente. Mas para lhe explicar bem, meu Caro Leitor, tenho de fazer uma pequena explicação prévia para os que disto nada entendem.
O modo como se fazem as contas do Estado não é muito diferente de como se fazem as da nossa casa. E, em casa, para sabermos a quantas andamos, podemos usar dois métodos:
A - ou olhamos para a nossa situação tendo em conta todos os compromissos assumidos e pagos ou ainda não pagos (é o que o Estado faz no Orçamento); ou
B - ou olhamos para a carteira e vemos o dinheiro que lá há, esquecendo os compromissos assumidos e ainda não pagos (é o que o Estado faz na contabilidade do dia a dia).
Como é bom de ver, se eu não pagar os compromissos ou enquanto os não pagar, a situação pode até parecer brilhante. O dinheiro não sai da carteira. O pior vai ser quando eu tiver que pagar os tais compromissos assumidos. O dinheiro da carteira não vai dar e eu estarei na bancarrota.
Tendo em conta isso, junte à expressão radiosa do primeiro-ministro a pronunciar-se sobre o défice em Janeiro último e sobre as cores brilhantes em que ele o pintou o seguinte facto (que presumo ser um só de muitos):
- foram recebidas ordens na Polícia de Segurança Pública para não pagar aos fornecedores de gasolina e aos fornecedores (serviços de transportes colectivos e metro) de passes para os agentes.
Isto é, o défice mostrado a quem vai ter de o pagar (nós) pode ser muito diferente do mostrado pela contabilidade do Estado. O que significaria estarmos a viver, mais uma vez, uma grande mentira. O que até podia não ser grande mal se a diferença houvesse de ser paga por quem nos enfia as patranhas. Mas o pagamento vai ser de nossa conta.
Perguntará o meu Caro Leitor: mas que é que podemos fazer? Eu acho algo. Se se confirmar que a batota continua, temos de fazer duas coisas:
- exigir vigorosamente que nos contem a verdade;
- correr rapidamente, sem cálculos político-partidários, com quem só nos impinge patranhas.
Porque, está por demais visto, enquanto estas duas condições não forem satisfeitas, a batota vai continuar.
Magalhães Pinto, em VIDA ECONÓMICA, em 24/2/2011
EFEMÉRIDE DO DIA
Neste dia, em 1927, nasceu o escritor e poeta português David Mourão Ferreira.
Na sua obra, são famosos alguns dos poemas que compôs para a voz de Amália Rodrigues, como Sombra, Maria Lisboa, Nome de Rua, Fado Peniche e sobretudo Barco Negro, entre outros.
Mourão-Ferreira trabalhou para vários periódicos, dos quais se destacam a Seara Nova e o Diário Popular, para além de ter sido um dos fundadores da revista Távola Redonda. Entre 1963 e 1973 foi secretário-geral da Sociedade Portuguesa de Autores. No pós-25 de Abril, foi director do jornal A Capital e director-adjunto do O Dia.
No governo, desempenhou o cargo de Secretário de Estado da Cultura (de 1976 a Janeiro de 1978, e em 1979). Foi por ele assinado, em 1977, o despacho que criou a Companhia Nacional de Bailado.
Um soneto seu:
Presídio
Nem todo o corpo é carne... Não, nem todo.
Que dizer do pescoço, às vezes mármore,
às vezes linho, lago, tronco de árvore,
nuvem, ou ave, ao tacto sempre pouco...?
E o ventre, inconsistente como o lodo?...
E o morno gradeamento dos teus braços?
Não, meu amor... Nem todo o corpo é carne:
é também água, terra, vento, fogo...
É sobretudo sombra à despedida;
onda de pedra em cada reencontro;
no parque da memória o fugidio
vulto da Primavera em pleno Outono...
Nem só de carne é feito este presídio,
pois no teu corpo existe o mundo todo!
Na sua obra, são famosos alguns dos poemas que compôs para a voz de Amália Rodrigues, como Sombra, Maria Lisboa, Nome de Rua, Fado Peniche e sobretudo Barco Negro, entre outros.
Mourão-Ferreira trabalhou para vários periódicos, dos quais se destacam a Seara Nova e o Diário Popular, para além de ter sido um dos fundadores da revista Távola Redonda. Entre 1963 e 1973 foi secretário-geral da Sociedade Portuguesa de Autores. No pós-25 de Abril, foi director do jornal A Capital e director-adjunto do O Dia.
No governo, desempenhou o cargo de Secretário de Estado da Cultura (de 1976 a Janeiro de 1978, e em 1979). Foi por ele assinado, em 1977, o despacho que criou a Companhia Nacional de Bailado.
Um soneto seu:
Presídio
Nem todo o corpo é carne... Não, nem todo.
Que dizer do pescoço, às vezes mármore,
às vezes linho, lago, tronco de árvore,
nuvem, ou ave, ao tacto sempre pouco...?
E o ventre, inconsistente como o lodo?...
E o morno gradeamento dos teus braços?
Não, meu amor... Nem todo o corpo é carne:
é também água, terra, vento, fogo...
É sobretudo sombra à despedida;
onda de pedra em cada reencontro;
no parque da memória o fugidio
vulto da Primavera em pleno Outono...
Nem só de carne é feito este presídio,
pois no teu corpo existe o mundo todo!
23.2.11
OS PORTUGUESES - XVIII
"Hoje em dia cidade, vila e aldeia são três realidades que podemos dispor hierarquicamente segundo o número de habitantes que contêm dentro dos seus limites, a sua densidade populacional, o seu desenvolvimento económico, o número e qualidade dos seus edifícios públicos, a quantidade de serviços, nomeadamente de carácter social, que oferecem, a variedade de instituições culturais, sociais e políticas que aí se estabeleceram, etc..
No período medieval encontramos também a classificação de cidade, vila e aldeia aplicada às povoações portuguesas. No entanto, o que distingue a cidade da vila não segue os parâmetros que utilizamos nos nossos dias. O menos avisado poderá ficar perplexo ao ouvir classificar a populosa e desenvolvida Santarém de vila e as crescentemente ultrapassadas ou mesmo decadentes Lamego, Viseu, Guarda e, principalmente, Silves, de cidades. Na verdade, a terminologia mediévica não distinguia a maior ou menor movimentação económica, nem sequer os quantitativos populacionais. Quando falava de uma povoação que funcionava como sede de um município, também não lhe chamava concelho como nós o fazemos hoje em dia: falava de vila ou termo - referindo-se ao espaço rural que envolvia a vila e que, decerto, incluía algumas aldeias, espaços florestados e, naturalmente, zonas de cultivo de cereais, de vinhas, de árvores de fruto, etc.. A maior parte das povoações de certa envergadura existentes no Portugal medievo aparece assim descrita como vila."
(Fonte: História de Portugal, dirigida por João Medina)
FRASE DO DIA
PENSAMENTO DO DIA
MEMÓRIA
LEVANTA-TE E CAMINHA!
Não sei por quantos Leitores sou lido semanalmente. Porventura, meia dúzia deles, entre as dezenas de milhar de Leitores que este semanário tem. Mas são eles, os que me lêem, os sujeitos das minhas notas desta semana. Esta coluna, como todas as outras em todos os órgãos de comunicação social escrita, não vale nada se quem a lê não parar dois minutos a reflectir sobre o seu conteúdo. Com espírito crítico. Concordando ou discordando. Mas pensando. E, sobretudo, recolhendo da sua opinião pessoal - formada sobre o texto lido ainda que, eventualmente, não coincidente com a aí expressa - partir para uma acção mais esclarecida na sua intervenção social. Sem a acção social esclarecida de todos nós, não há comunidade. Não há vida social. Não há sequer o indivíduo. Não passamos de pedaços de lixo. A vogar no vazio ao sabor do vento.
Olhamos em redor e vemos o tecido social, de que somos os fios, a romper-se em todos os sentidos. Em todas as direcções. Já não são só os fundilhos que estão gastos. É o próprio forro, que usamos chamar de "alma", que está roto. É notória a agonia de todas as telas que fazem o fato que somos, todos em conjunto. Estão corrompidas. Não pela usura. Mas pelo mau uso. Somos, com nitidez, um fato em desagregação. É visível, com muita nitidez, a morte de todos os valores sociais. Um atrás do outro. A família. A escola. A solidariedade. A honestidade. O escrupuloso cumprimento dos deveres cívicos. Cremo-nos apenas detentores de direitos. E julgamos todos os outros apenas sujeitos de deveres. Berramos, à direita e à esquerda, pela excelência dos outros. Esquecendo-nos de que a excelência tem sempre que começar em cada um de nós. O vocábulo excelência foi substituído pelo da exigência. Cega. Surda. Muitas vezes mais que surda. Absurda. Pare aqui um pedacinho para pensar, meu Caro Leitor. Que segurança - física, cívica, moral - acha que tem? Nenhuma, não é? Se tem filhos ou netos, aprecie a educação que estamos a dar-lhes. Péssima, não é? Se ainda se interessa pela coisa pública, que qualidade política tem ao seu dispor? Baixa, não é? Sendo a Justiça o seu último recurso, quanto confia nela? Pouco, não é? Se está atingir a terceira idade, que qualidade espera para ela? Nenhuma, não é? Quando está doente, como é que é tratado? Não é tratado, não é? Se precisa de um serviço assegurado pelo Estado, como é servido? Mal, não é? Há corrupção à sua volta? Claro que há. Conhece alguém que não pague os seus impostos? Claro que conhece. Abre os jornais ou liga a televisão e só vê notícias sobre tudo isto, não é? Claro que é.
Triste panorama. Mas o seu pensamento não pode ficar por aí. É curto e, sobretudo, não conduz a lado nenhum. A não ser ao lamento. E de nada vale estarmos para aqui a lamentarmo-nos. Não alteramos nada. Continuaremos a assistir ao esfrangalhar da comunidade que somos. E, quando isso acontece, as soluções aparecem. Porque os países não fecham por falência. Antigamente, surgia uma ditadura. Militar, quase sempre. Hoje, estamos a salvo disso. Pertencemos à Europa Comunitária. Uma ditadura desse género seria o isolamento total. Mas há outros géneros de ditadura. A mais provável, é a de Bruxelas. Da própria Comunidade. Que chegará. Quando os países que trabalham, que produzem, que alimentam os fundos - os mesmos fundos que nós despudoradamente desperdiçamos por aqui - se fartarem e disserem que não há mais nada para aqueles meninos mal comportados lá do fundo da sala. E não será menos terrível, essa ditadura, do que as outras à força de baionetas. Seremos colocados a pão e água.
É, por isso, urgente que façamos alguma coisa. Desde logo, temos que reconhecer que quem não luta pela excelência, quem vela pela segurança de cada um, quem dá a educação aos nossos filhos e netos, quem faz a política, quem administra a Justiça, quem precavê a qualidade da terceira idade, quem presta cuidados aos doentes, quem presta os serviços do Estado, quem corrompe ou se deixa corromper, quem não paga os seus impostos, quem faz os órgãos de comunicação, somos nós. Todos. Você também, meu Caro Leitor. Tal como eu. Claro que não todos fazemos tudo ao mesmo tempo. Uns fazem uma coisa, outros fazem outra. Mas no fim, quando vemos a floresta em lugar de ver as árvores, percebemos que grande parte de nós, as árvores, não está a cumprir a sua função. Cada um devia ser excelente na sua função. Se todos fôssemos excelentes, a comunidade no seio da qual vivemos e que é constituída por todos nós seria excelente. Nós não somos excelentes. Não somos bons. Nem suficientes. Nem mesmo sofríveis. Nós somos maus a desempenhar o nosso papel na comunidade de que somos parte. Não admira que essa comunidade seja má. Não admira que esteja a esfarrapar-se. Não admira que já esteja rota em muitos sítios e tremendamente poída nos restantes. E tanto eu como Você, meu Caro Leitor, sabemos que isto conduz a situações terríveis. Temos que fazer alguma coisa. Não adianta exigir ao do lado - e muito menos ao de cima - que faça a sua parte se nós não fizermos a nossa.
Na minha opinião, é necessário que a sociedade portuguesa se torne imensamente mais exigente do que o é presentemente. É com a exigência recíproca que podemos encontrar rumo. Não podemos ser contemplativos. Não podemos desculpar. Temos que exigir. O indivíduo do lado estaciona em segunda fila e não podemos tirar o nosso carro do aparcamento? Exigimos. Chamamos o reboque se tempo houver para isso. O empregado do estabelecimento comercial atende-nos com duas pedras na mão? Exigimos. O tratamento que todo o cliente bem educado deve ter. É sua obrigação empenhar-se. E denunciamos, se for preciso. O cliente trata o funcionário sem a cortesia que deve usar? Recusemos atendê-lo. Conhecemos alguém que não paga os seus impostos? Devemos desprezá-lo por isso. O político promete e não cumpre? Votemo-lo ao ostracismo. O médico ou o enfermeiro não nos trata como a nossa qualidade de doentes exige? Exijamos. E denunciemos o seu comportamento à Ordem ou à associação profissional respectiva. O funcionário público está a falar do futebol com o colega, enquanto esperamos que se digne atender-nos? Chamemos por ele na voz mais alta possível. O professor falta às aulas vezes sem conta? Exijamos a sua substituição. O aluno não estuda? Reprovemo-lo. É necessário que quem não cumpre se sinta envergonhado. É necessário que aqueles que se não empenham no exercício da sua função sintam que não podem contar com a nossa desculpa. Em suma, lutemos pela excelência. A começar em nós próprios. Podemos sempre fazer melhor se não andarmos distraídos. Criemos uma Liga da Excelência, formada por todos a quem a situação actual do País não deixa contente. Por todos os que estão dispostos a modificar as coisas. Por todos os que ambicionam viver num país moderno e organizado. Por todos os que têm vergonha de vestir um fato esfarrapado. E não nos esqueçamos de colocar nos píncaros todos aqueles que sintamos se estão a esforçar por uma país melhor.
Se não fizermos algo assim, se não procurarmos, pelos nossos próprios meios, com as nossas próprias forças, melhorar "isto", nem um qualquer deus nos valerá. Temos apenas uma solução para "isto". Que alguém, tido por Deus, apontou: "levanta-te e caminha!". Ou caminhamos ou ninguém fará a jornada por nós. Ficaremos, para sempre, na pré-história do desenvolvimento humano, cultural, social e económico.
Magalhães Pinto, em VIDA ECONÓMICA, em 14/10/2003
Não sei por quantos Leitores sou lido semanalmente. Porventura, meia dúzia deles, entre as dezenas de milhar de Leitores que este semanário tem. Mas são eles, os que me lêem, os sujeitos das minhas notas desta semana. Esta coluna, como todas as outras em todos os órgãos de comunicação social escrita, não vale nada se quem a lê não parar dois minutos a reflectir sobre o seu conteúdo. Com espírito crítico. Concordando ou discordando. Mas pensando. E, sobretudo, recolhendo da sua opinião pessoal - formada sobre o texto lido ainda que, eventualmente, não coincidente com a aí expressa - partir para uma acção mais esclarecida na sua intervenção social. Sem a acção social esclarecida de todos nós, não há comunidade. Não há vida social. Não há sequer o indivíduo. Não passamos de pedaços de lixo. A vogar no vazio ao sabor do vento.
Olhamos em redor e vemos o tecido social, de que somos os fios, a romper-se em todos os sentidos. Em todas as direcções. Já não são só os fundilhos que estão gastos. É o próprio forro, que usamos chamar de "alma", que está roto. É notória a agonia de todas as telas que fazem o fato que somos, todos em conjunto. Estão corrompidas. Não pela usura. Mas pelo mau uso. Somos, com nitidez, um fato em desagregação. É visível, com muita nitidez, a morte de todos os valores sociais. Um atrás do outro. A família. A escola. A solidariedade. A honestidade. O escrupuloso cumprimento dos deveres cívicos. Cremo-nos apenas detentores de direitos. E julgamos todos os outros apenas sujeitos de deveres. Berramos, à direita e à esquerda, pela excelência dos outros. Esquecendo-nos de que a excelência tem sempre que começar em cada um de nós. O vocábulo excelência foi substituído pelo da exigência. Cega. Surda. Muitas vezes mais que surda. Absurda. Pare aqui um pedacinho para pensar, meu Caro Leitor. Que segurança - física, cívica, moral - acha que tem? Nenhuma, não é? Se tem filhos ou netos, aprecie a educação que estamos a dar-lhes. Péssima, não é? Se ainda se interessa pela coisa pública, que qualidade política tem ao seu dispor? Baixa, não é? Sendo a Justiça o seu último recurso, quanto confia nela? Pouco, não é? Se está atingir a terceira idade, que qualidade espera para ela? Nenhuma, não é? Quando está doente, como é que é tratado? Não é tratado, não é? Se precisa de um serviço assegurado pelo Estado, como é servido? Mal, não é? Há corrupção à sua volta? Claro que há. Conhece alguém que não pague os seus impostos? Claro que conhece. Abre os jornais ou liga a televisão e só vê notícias sobre tudo isto, não é? Claro que é.
Triste panorama. Mas o seu pensamento não pode ficar por aí. É curto e, sobretudo, não conduz a lado nenhum. A não ser ao lamento. E de nada vale estarmos para aqui a lamentarmo-nos. Não alteramos nada. Continuaremos a assistir ao esfrangalhar da comunidade que somos. E, quando isso acontece, as soluções aparecem. Porque os países não fecham por falência. Antigamente, surgia uma ditadura. Militar, quase sempre. Hoje, estamos a salvo disso. Pertencemos à Europa Comunitária. Uma ditadura desse género seria o isolamento total. Mas há outros géneros de ditadura. A mais provável, é a de Bruxelas. Da própria Comunidade. Que chegará. Quando os países que trabalham, que produzem, que alimentam os fundos - os mesmos fundos que nós despudoradamente desperdiçamos por aqui - se fartarem e disserem que não há mais nada para aqueles meninos mal comportados lá do fundo da sala. E não será menos terrível, essa ditadura, do que as outras à força de baionetas. Seremos colocados a pão e água.
É, por isso, urgente que façamos alguma coisa. Desde logo, temos que reconhecer que quem não luta pela excelência, quem vela pela segurança de cada um, quem dá a educação aos nossos filhos e netos, quem faz a política, quem administra a Justiça, quem precavê a qualidade da terceira idade, quem presta cuidados aos doentes, quem presta os serviços do Estado, quem corrompe ou se deixa corromper, quem não paga os seus impostos, quem faz os órgãos de comunicação, somos nós. Todos. Você também, meu Caro Leitor. Tal como eu. Claro que não todos fazemos tudo ao mesmo tempo. Uns fazem uma coisa, outros fazem outra. Mas no fim, quando vemos a floresta em lugar de ver as árvores, percebemos que grande parte de nós, as árvores, não está a cumprir a sua função. Cada um devia ser excelente na sua função. Se todos fôssemos excelentes, a comunidade no seio da qual vivemos e que é constituída por todos nós seria excelente. Nós não somos excelentes. Não somos bons. Nem suficientes. Nem mesmo sofríveis. Nós somos maus a desempenhar o nosso papel na comunidade de que somos parte. Não admira que essa comunidade seja má. Não admira que esteja a esfarrapar-se. Não admira que já esteja rota em muitos sítios e tremendamente poída nos restantes. E tanto eu como Você, meu Caro Leitor, sabemos que isto conduz a situações terríveis. Temos que fazer alguma coisa. Não adianta exigir ao do lado - e muito menos ao de cima - que faça a sua parte se nós não fizermos a nossa.
Na minha opinião, é necessário que a sociedade portuguesa se torne imensamente mais exigente do que o é presentemente. É com a exigência recíproca que podemos encontrar rumo. Não podemos ser contemplativos. Não podemos desculpar. Temos que exigir. O indivíduo do lado estaciona em segunda fila e não podemos tirar o nosso carro do aparcamento? Exigimos. Chamamos o reboque se tempo houver para isso. O empregado do estabelecimento comercial atende-nos com duas pedras na mão? Exigimos. O tratamento que todo o cliente bem educado deve ter. É sua obrigação empenhar-se. E denunciamos, se for preciso. O cliente trata o funcionário sem a cortesia que deve usar? Recusemos atendê-lo. Conhecemos alguém que não paga os seus impostos? Devemos desprezá-lo por isso. O político promete e não cumpre? Votemo-lo ao ostracismo. O médico ou o enfermeiro não nos trata como a nossa qualidade de doentes exige? Exijamos. E denunciemos o seu comportamento à Ordem ou à associação profissional respectiva. O funcionário público está a falar do futebol com o colega, enquanto esperamos que se digne atender-nos? Chamemos por ele na voz mais alta possível. O professor falta às aulas vezes sem conta? Exijamos a sua substituição. O aluno não estuda? Reprovemo-lo. É necessário que quem não cumpre se sinta envergonhado. É necessário que aqueles que se não empenham no exercício da sua função sintam que não podem contar com a nossa desculpa. Em suma, lutemos pela excelência. A começar em nós próprios. Podemos sempre fazer melhor se não andarmos distraídos. Criemos uma Liga da Excelência, formada por todos a quem a situação actual do País não deixa contente. Por todos os que estão dispostos a modificar as coisas. Por todos os que ambicionam viver num país moderno e organizado. Por todos os que têm vergonha de vestir um fato esfarrapado. E não nos esqueçamos de colocar nos píncaros todos aqueles que sintamos se estão a esforçar por uma país melhor.
Se não fizermos algo assim, se não procurarmos, pelos nossos próprios meios, com as nossas próprias forças, melhorar "isto", nem um qualquer deus nos valerá. Temos apenas uma solução para "isto". Que alguém, tido por Deus, apontou: "levanta-te e caminha!". Ou caminhamos ou ninguém fará a jornada por nós. Ficaremos, para sempre, na pré-história do desenvolvimento humano, cultural, social e económico.
Magalhães Pinto, em VIDA ECONÓMICA, em 14/10/2003
EFEMÉRIDE DO DIA
Neste dia, em 1821, faleceu o poeta inglês John Keats.
A poesia de Keats é caracterizada por por um imaginário sensual, mais visível na sua série de odes. Atualmente seus poemas e cartas são consideradas entre as obras mais populares e analisadas na literatura inglesa.
Um soneto seu:
Soneto
Quando fico a pensar poder deixar de ser
antes que a minha pena haja tudo traçado,
antes que em algum livro ainda possa colher
dos grãos que semeei o fruto sazonado;
quando vejo na noite os astros a brilhar
- vasto e obscuro Universo, impenetrável mundo! -
quando penso que nunca hei de poder traçar
sua imagem com arte e em sentido profundo;
quando sinto a fugaz beleza de alguma hora
que não verei jamais - como doce miragem –
turva-se a minha mente, e a alma em silêncio chora
um impulsivo amor. E a sós, me sinto à margem
do imenso mundo, e anseio imergir a alma em nada
até que a glória e o amor me dêem a hora sonhada!
A poesia de Keats é caracterizada por por um imaginário sensual, mais visível na sua série de odes. Atualmente seus poemas e cartas são consideradas entre as obras mais populares e analisadas na literatura inglesa.
Um soneto seu:
Soneto
Quando fico a pensar poder deixar de ser
antes que a minha pena haja tudo traçado,
antes que em algum livro ainda possa colher
dos grãos que semeei o fruto sazonado;
quando vejo na noite os astros a brilhar
- vasto e obscuro Universo, impenetrável mundo! -
quando penso que nunca hei de poder traçar
sua imagem com arte e em sentido profundo;
quando sinto a fugaz beleza de alguma hora
que não verei jamais - como doce miragem –
turva-se a minha mente, e a alma em silêncio chora
um impulsivo amor. E a sós, me sinto à margem
do imenso mundo, e anseio imergir a alma em nada
até que a glória e o amor me dêem a hora sonhada!
22.2.11
OS PORTUGUESES - XVII
"O interesse do infante D. Henrique pelo Ultramar não se limitou às conquistas marroquinas e à defesa de Ceuta. Logo em 1461 o infante recebeu a incumbência régia de garantir o aprovisionamento e defesa da cidade, pelo que, em 1419, acorreu com reforços para a salvar do cerco que lhe tinha sido montado pelos muçulmanos. D. Henrique reforçou, portanto, a sua ligação a Marrocos e assumiu-se como uma espécie de zelador da coroa no exterior. Terá sido esta responsabilidade, a par dos interesses no corso praticado na armada que possuía, que o levou a voltar-se para o mar e para as navegações. Em 1419, a descoberta da ilha de Porto Santo por João Gonçalves Zarco e Tristão Vaz Texeira, dois escudeiros de D. Henrique que regressavam a Portugal depois de terem ido em defesa de Ceuta, abriu uma nova frente de expansão ultramarina, quase casualmente e depois das frustradas tentativas de domínio português sobre as Canárias."
(Fonte: História de Portugal, coordenada por Rui Ramos)
FRASE DO DIA
PENSAMENTO DO DIA
EFEMÉRIDE DO DIA
Neste dia, em 2002. faleceu o político e guerrilheiro angolano Jonas Savimbi.
Em 1994, a UNITA assinou os acordos de paz de Lusaca, depois de meses de negociações, e aceitou desmobilizar as suas forças, com o objectivo de conseguir a reconciliação nacional. O processo de paz prolongou-se durante quatro anos, marcado por acusações e adiamentos. Nesse período, muitos membros da UNITA deslocaram-se para Luanda e integraram o Governo de Unidade Nacional, no entanto dissidências internas separaram o braço armado do braço politico surgindo dessa forma a UNITA renovada, onde Jonas Savimbi não se sentia representado, rompendo com os acordos de paz e retornando ao caminho da guerra.
Em 1994, a UNITA assinou os acordos de paz de Lusaca, depois de meses de negociações, e aceitou desmobilizar as suas forças, com o objectivo de conseguir a reconciliação nacional. O processo de paz prolongou-se durante quatro anos, marcado por acusações e adiamentos. Nesse período, muitos membros da UNITA deslocaram-se para Luanda e integraram o Governo de Unidade Nacional, no entanto dissidências internas separaram o braço armado do braço politico surgindo dessa forma a UNITA renovada, onde Jonas Savimbi não se sentia representado, rompendo com os acordos de paz e retornando ao caminho da guerra.
Subscrever:
Mensagens (Atom)