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25.8.09

A CRÓNICA


FÁCIL DE PREVER

Há quase um ano, quando a crise económica e financeira disparou violentamente e se fizeram os mais negros prognósticos para os anos próximos, eu disse aqui que não era de estar grandemente receoso para 2009. A crise ia ser má, sem dúvida nenhuma, ia provocar grande desemprego, mas não ia faltar dinheiro para acorrer às necessidades das pessoas. Por uma razão simples. É que 2009 seria ano eleitoral, simultaneamente nacional e local. E, nessas circunstâncias, os governantes, quer nacionais quer autárquicos, que estivessem a pensar recandidatar-se, iam fazer todos os esforços para que nada faltasse às pessoas.

Hoje, um ano depois do início da crise, é fácil de ver que aconteceu tal como eu então previa. O que, aliás, não é mérito nenhum meu. Era muito fácil de prever. Os políticos acreditam piamente que a memória das gentes é curta e que são as últimas impressões que determinam os votos. Em nenhum caso iam permitir que o descontentamento dos cidadãos chegasse até às urnas. Seria uma desvantagem muito grande para quem governa.

Agora, o que podemos questionar é se, realmente, a memória das pessoas é curta, tal como pensam os políticos. Será que nos esquecemos do modo violento como tivemos que apertar o cinto durante os três primeiros anos da governação de José Sócrates? Claro que o país estava em estado de necessidade. O desequilíbrio orçamental do Estado era muito grande e havia que reequilibrar o Orçamento. Mas, aquilo que deve ser retido é termos andado a fazer um esforço tremendo para nada. O grande erro da governação foi ter pedido um sacrifício muito grande aos Portugueses e não ter usado esse sacrifício, que fizemos aliás sem grandes protestos, para preparar o país para uma nova era. O Governo geriu o país como quem gere uma tabacaria: faltava dinheiro para pagar aos fornecedores e foi buscá-lo ao bolso dos clientes. Só que não lhes deu nada em troca.

Mas na vida económica não há borlas. As consequências da conjugação da política económica do Governo antes da crise e depois da crise vai ter custos astronómicos. E uma coisa me assusta. Este Governo já deu provas que o único modo de governação que conhece é, ao mesmo tempo, ir buscar mais impostos aos contribuintes e, em contrapartida, dar-lhes cada vez menos. Recordemo-nos dos serviços de saúde, incluindo os medicamentos, que foram amplamente reduzidos durante este último mandato. Daí que eu tenha muito medo de uma eventual reeleição dos socialistas para governar o país. Vamos ter mais do mesmo, mas muito mais agravado. Porque a situação é agora bem pior do que no tempo em que o Engenheiro Sócrates começou a governar.

Crónica de Magalhães Pinto, publicada em MATOSINHOS HOJE, em 18/8/2009

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