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6.8.09

A PROMESSA


A PROMESSA

Fui viver para o Algarve durante este mês de Julho. E, no turismo num local onde o conheço bem, tive a percepção – melhor seria dizer, o reforço da percepção – da crise económica que nos assola. Este ano será, seguramente, o pior ano turístico daquela região nos últimos trinta anos. O desemprego é, ali, o mais elevado do país. Algo que se percebe quando visitamos os estabelecimentos que conhecemos. Não são raros os restaurantes onde o patrão ou a patroa servem como qualquer outro empregado, num gesto que não era comum vermos por ali. E os empregados estão reduzidos ao mínimo. Nos supermercados, há que esperar, que os trabalhadores andam a saltitar de uma função para outra. E, caso curioso mesmo se pensarmos que ainda era Julho, os ditos supermercados encontravam-se muito mal abastecidos. Não tinham conta as faltas de mercadorias com que nos deparávamos. Nitidamente, as compras dos supermercados estavam nas encolhas. E, na praia, mais gente debaixo dos seus guarda-sóis do que dos toldos alugados pelo banheiro a preço de apartamento na baixa.

Foi neste quadro que, já agora no fim da minha estadia ali, escutei o anúncio do programa de governo do Partido Socialista, feito por José Sócrates. Não me surpreendeu. É, de novo, uma baboseira de promessas. Provavelmente, nenhum Partido anunciará, no seu Programa, um programa de austeridade para o país. Austeridade das pessoas, das famílias e, principalmente, do Estado. Temos todos que trabalhar mais e gastar menos. Já todos esquecemos que o descambar de Portugal para a situação que nos roeu durante os últimos quatro anos começou com o Engenheiro António Guterres e com as suas descontroladas promessas de pagar tudo a toda a gente sem que fosse preciso trabalhar. Claro que é um exagero o que estou a dizer. Mas é um exagero só comparável ao exagero que ele cometeu no desbaratar dos fundos públicos. O Engenheiro Sócrates volta a insistir na mesma tecla. Vêm aí mais subsídios, diz ele. Quando o que devia dizer era “vem aí mais trabalho”. Mas arranjar trabalho é difícil. Implicaria que o Governo, em vez de pensar nas grandezas das obras faraónicas, desenvolvesse uma política de apoio às pequenas e médias empresas e, até, à iniciativa pessoal de quem não tem emprego. É que trabalho não falta se o quisermos fomentar e fazer. O que falta são empregos. Mas, pelo que vimos do programa anunciado por José Sócrates, não é isso que vamos ter. Vamos dar dinheiro em contrapartida de nada.

Ao verificar isso, fiquei com um travo amargo na boca. O Governo Socialista não dá condições de dignidade às pessoas. Prefere tê-las amarradas à esmola que promete e que, tantas vezes, não cumpre. Porque já deu para ver: pode ser que ninguém faça, mas José Sócrates não cumpre.

Crónica de Magalhães Pinto em Matosinhos Hoje - Julho de 2009

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