O MITO
Um estudo científico, recentemente trazido a público, mostra que Matosinhos sofre uma incidência elevada da terrível doença da tuberculose. A taxa, no nosso Município é superior a 70 tuberculosos por cada mil habitantes e corresponde a quase ao dobro da incidência média do país.
Esta verificação levanta alguns problemas de extrema gravidade. Desde logo, porque a tuberculose é uma doença altamente contagiosa. O que faz que os matosinhenses sejam os portugueses com maior risco de contrairem a doença. Isto é, se a taxa de população doente é dupla da verificada no todo território nacional, os matosinhenses correm também um risco duplo de serem contagiados. Há que, muito rapidamente, levar a cabo um programa de erradicação da doença, com empenhamento de todas as autoridades. Designadamente dos departamentos governamentais de combate às epidemias e da autarquia. Como disse alguém entendido, "a melhor forma de tratar a tuberculose é agarrá-la de início e evitar os contágios". Razão para que perguntemos à nossa autarquia o que é que está a fazer para combater este flagelo. Dado o risco que corremos, temos o direito de saber.
Depois, haveria que averiguar, com rigor, porquê a doença manifesta, em Matosinhos, esta gravidade. De um modo geral, a tuberculose anda associada a pobríssimas condições sociais e sanitárias. Ganhando particular relevo, hoje em dia, a tuberculose associada ao consumo da droga e à incidência de outra doença terrível, a SIDA. E, sabendo-se que é assim, a conclusão inevitável é impiedosa para quem tem conduzido os nossos destinos, na autarquia. Com efeito, esta verificação faz cair por terra, em minha opinião, o mito do desenvolvimento social de Matosinhos. Tão apregoado e tão frágil. É que não chega propagandear-se que tudo está bem. De repente, vêm as estatísticas e verificamos que o rei vai nu.
Matosinhos precisa, urgentemente, de uma política voltada para os munícipes. Uma política menos de fachada e mais de acções concretas que melhorem o nível social da população. É particularmente doloroso, mas não surpreendente, que as freguesias do município mais afectadas pela doença sejam Custóias, Guifões e Matosinhos. Sabemos que, particularmente as duas primeiras, são as freguesias com maiores problemas sociais. A justificarem programas especiais de ajuda ao desenvolvimento. Um desenvolvimento com qualidade, que retire as populações da espécie de gueto de pobreza em que se encontram mergulhadas.
Está colocado o desafio. Tem que haver, seguramente, algures aí no futuro, alguém que entenda os mitos em que vivemos. E que os destrua.
Magalhães Pinto, em MATOSINHOS HOJE, em 23/11/2004
6 comentários:
Este artigo mostra uma total ignorançia sobre o assunto .
Obrigado pela visita e pelo ciomentário, Júlio Novais.
Mas permita-me afirmar que o comentário é inteiramente gratuito, uma vez que não faz a demonstração da ignorância, rebatendo a tese contida no artigo.
Afirmar que os outros são ignorantes, assim, líquidamente, sem argumentar onde, em quê, porque razão, elesw são ignorantes é a manifestação de ignorância mais pobre que existe.
Caro Amigo chegou hoje á minha caixa de correio vários panfletos com as diferentes candidaturas.
Os rostos são claramente conhecidos em Leça da Palmeira, no entanto se me permite, gostaria de lhe fazer uma pergunta que será obviamente extensiva a outros blogues, e a outras forças politicas:
Então a Ética e a Moral ficam aonde?
Como é possivél nas referidas listas insistirem nas chamadas ligações familiares!!!
Haja Bom Senso, será que a atitude de colocarem Irmãs-Irmãos-Tios-Filhos-cunhados etc.etc. terá a ver com a fraca motivação dos cidadãos para a vida politica?
Não Creio.
Saudações Marítimas
José Modesto
Obrigado pela visita e comentário, José Modesto.
Em Matosinhos, e pelo menos relativamente à candidatura independente que se apresentou, Ética é algo desconhecido. Melhor, é algo que sempre lhe foi desconhecido.
Fiquei completamente estupefacto com os números revelados no seu texto referentes à percentagem de tuberculosos existentes no Concelho de Matosinhos. O número parece-me tão alto (7%) que chego a pensar se não terá havido lapso na sua transcrição. Mas se se confirma o valor referido, então acho que estamos perante uma situação de pandemia gravíssima, tão grave que merecia medidas urgentes da Administração Central. E se estas medidas não forem tomadas hoje, não tenho quaisquer dúvidas de que amanhã será tard. E quando digo amanhã, digo daqui a 2 ou 3 meses no máximo. Não sou médico, mas tenho 58 anos e algum bom-senso...
Obrigado pela visita e comentário, meu Caro Luís Miranda.
Peço o favor da sua atenção para a data em que foi publicada a crónica em apreço. E, nesse momento, os números eram rigorosos e objecto de um estudo científico de uma universidade portuguesa. E a minha crónica tinha, por detrás dela, preocupações muito semelhantes às que o meu Amigo expressa.
A re-publicação, hoje, no meu blog, desse meu comentário tem um outro objectivo. É que, no desaforo do que algumas campanhas têm sido, quis recordar que os tempos não foram - e porventura ainda não são - dourados em Matosinhos. Com nítida responsabilidade das autoridades civis que superintenderam no município durante mais de trinta anos.
Um abraço e volte sempre.
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