Aquilo que ficou conhecido, na nossa História recente, como fascismo tinha várias características. A maior parte dessas características foi eliminada pela “Revolução dos Cravos” e tudo o que se lhe seguiu. Mas há uma que parece não ter desaparecido. Com efeito, naquele tempo, os mentores do regime ditatorial obedeciam ao princípio de que “quem não é por nós é contra nós”. O que tinha consequências devastadoras na sociedade. Era um dos seus aspectos mais asquerosos. Os favores eram para os que “eram por nós”. Os melhores lugares, mais bem remunerados em cada escalão da sociedade, eram para os que “eram por nós”. O fechar dos olhos às prevaricações eram para os que “eram por nós”, enquanto os que “não eram por nós” eram perseguidos e punidos mesmo por aquilo que não faziam. Era um comportamento nojento, que condicionou extremamente a sociedade portuguesa, paralisando-a, colocando muitos inúteis em lugares para que não tinham aptidões, segregando muita gente inteligente só porque, diziam eles, “eram do contra”.
Pois bem. Não foi sem sentir um arrepio na espinha que tomei conhecimento de um caso que parece desenterrado desse passado detestado e detestável.
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Excerto da crónica FASCISMO - Magalhães Pinto - "MATOSINHOS HOJE" - 1/4/2008
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