(continuação)
Glória Marques ripostou, ante a atenção dos restantes. Não seria isso a reduzir a nada esta guerra. Em primeiro lugar, não era certo que uma acção psico-social bem conduzida resultasse. Era, naturalmente, difícil que as diferentes etnias dispusessem de um conceito de nação semelhante ao vigente no resto do mundo ocidental. Mas o apelo da independência era forte. Especialmente para os Balantas, os mais numerosos. E estavam enquadrados por líderes de qualidade. Especialmente Amílcar Cabral, um homem superior. O facto de ser cabo-verdeano não queria dizer nada. Sabia mobilizar os seus homens. Além de que, pela sua qualidade, tinha audição internacional. As diferenças étnicas não exerceriam influência visível na marcha dos acontecimentos para já, salvo, talvez, no caso dos maometanos, assimilados, economicamente independentes e em minoria acentuada. Só no caso de a independência ser conquistada, elas viriam, depois, à superfície. Isso apenas viria aumentar o drama. Aquela gente não tinha saída. Enquanto a tropa estivesse ali, era a guerra contra o colonizador, eventualmente aglutinadora da maioria das etnias. Se a tropa fosse embora e a independência conquistada, seria a guerra étnica, as perseguições aos colaboradores do exército colonial, a luta pelo Poder. Um problema de difícil, senão impossível, solução.
(continua)
Magalhães Pinto
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