. . . OS SINAIS DO NOSSO TEMPO, NUM REGISTO DESPRETENSIOSO, BEM HUMORADO POR VEZES E SEMPRE CRÍTICO. . .
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26.3.08
OS HERÓIS E O MEDO - 214º. fascículo
(continuação)
António Soveral não desistiu. Como o nosso Major sabe, estes movimentos têm muito de inspiração comunista. É Moscovo que está a alimentar estas guerras. Há um efectivo perigo comunista para o mundo ocidental. E a ideologia não é senão um instrumento para chegar às riquezas dos nossos territórios. Mais concretamente, para chegar às riquezas de Angola. Por isso os americanos também jogam ao lado dos movimentos de libertação. Com uma dupla intenção. Não deixar cair essas riquezas nas mãos do bloco comunista, por um lado; e, por outro, serem eles a controlá-las. Guiné, Cabo-Verde, Timor e, mesmo, Moçambique são objecto de luta só porque essas potências sabem estarmos a jogar um jogo de tudo ou nada. Se os americanos estivessem muito interessados na autodeterminação dos povos, não estariam de olhos postos no Vietnam, não sustentariam as ditaduras do continente americano e dariam melhor tratamento aos negros em sua casa. O mesmo se diga dos russos. Não sustentariam os governos fantoche dos países da cortina de ferro. As riquezas de Angola, designadamente o petróleo, é aquilo que verdadeiramente está por detrás destes movimentos. Pelo contrário, nós temos uma razão histórica para estar aqui. O esforço civilizacional desenvolvido ao longo dos séculos é razão suficiente para justificar a nossa presença. E, de algum modo, a protecção destes povos face a eles mesmos.
(continua)
Magalhães Pinto
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