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25.3.08

OS HERÓIS E O MEDO - 213º. fascículo

(continuação)

Por aí, sabemos não haver solução, ripostou o segundo comandante. O “homem” é teimoso. E não teremos outro homem tão cedo. Falta saber se haverá alguma evolução política antes que os nossos recursos, sobretudo humanos, estejam exauridos. Já andamos nisto há quase meia dúzia de anos e o cansaço acabará por surgir. A maioria dos oficiais já fez mais do que uma comissão de serviço. É impensável poder haver uma terceira, uma quarta, uma quinta. Um militar está disponível para uma campanha. Mas não tem espírito de saltimbanco. Tem mulher e tem filhos. Tem família. Tem raízes. Desenraizá-lo é matá-lo. E a nossa juventude não pode ser sacrificada desta maneira. Uma guerra deixa sempre sequelas psicológicas. Muitos destes rapazes ficarão psicologicamente afectados para toda a vida. Pela lonjura, pelo isolamento, pelas atrocidades que viram cometer ou que cometeram, pelos camaradas que viram morrer a seu lado, pelos medos, pelos remorsos. Não auguro nada de bom para Portugal se continuarmos eternamente nesta situação.

(continua)
Magalhães Pinto

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