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26.3.08

MEMÓRIA

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O que andamos a fazer dos dinheiros recebidos da Comunidade. Que desenvolvimento introduzimos no país. Aí, sim. Podemos encontrar motivo para chorar. Recordo-me de um argumento muito usado pela Oposição quando andei na política. Afirmava-se então – era o tempo do Professor Cavaco Silva – que Portugal recebida da Comunidade cerca de dois milhões de contos por dia. Mais tarde, já no tempo do Engº Guterres, decidi eu mesmo fazer a conta. E, nessa altura, já não eram só dois milhões de contos por dia. Eram quatro milhões. Ainda vem muito dinheiro da Europa. E onde está o desenvolvimento económico e social que tal dinheiro deveria ter produzido. Onde está a flexibidade dos trabalhadores que milhões de contos gastos e milhões de horas dispendidas em formação, deveriam proporcionar? Onde está a descentralização, a desregionalização industrial, que deveria fazer com que o drama de Castelo de Paiva pelo encerramento da Clark fosse apenas uma mera incidência? Creio que perdemos uma boa oportunidade de fugir a um destino que é mais ou menos cinzento. E, disso, apenas nos podemos censurar a nós próprios. O que está verdadeiramente em causa, no caso de Castelo de Paiva – como noutros que se lhe seguirão – não é o encerramento de uma empresa multinacional que, seguindo as regras do jogo, se vai embora depois de receber o que devia receber e depois de fazer o que devia fazer. O que estã em causa naquela martirizada região é os trabalhadores da Clark não terem alternativa.

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Excerto da crónica O QUE ANDAMOS A FAZER - Magalhães Pinto - "VIDA ECONÓMICA" - 20/1/2002

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