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19.4.08

OS HERÓIS E O MEDO - 238º. fascículo

(continuação)

O Manel entregou a arma que manobrava ao Reis e apercebeu-se, pelo relampejar das armas dos dois lados, estarem os guerrilheiros já quase dentro do fortim. Logo que atravessassem o campo aberto e chegassem aos abrigos, a batalha estaria perdida. Deviam ser mais de cem, contra os seus quinze, ajudados pelos nativos milicianos. Estes faziam o que podiam com as suas armas de disparo a conta-gotas. Curioso! Durante todo o tempo já passado, o Manel temera encontrar-se numa situação daquelas, encurralado, sem saída. Não esquecera os largos espaços do seu Alentejo, por onde correra, montes e vales, horas a fio, na sua meninice pobre mas alegre. Vezes sem conta, nas deslocações de casa para a escola e volta, quase cinco quilómetros de terra brava e inculta pontilhada de sobreiros, assistira à fúria da natureza, ribombos de trovoada a riscarem relâmpagos coruscantes. Sem medo, no meio do descampado, que o perigo era nas árvores, cabelo ensopado pelas bagas de chuva a cairem aos trambolhões. Mas agora, Senhor? Há quanto tempo não se lembrava d’Ele! Se Ele desse uma ajuda, empurrando os reforços de Mansoa… Se é que vinham a caminho…

(continua)
Magalhães Pinto

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