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29.5.08

OS HERÓIS E O MEDO - 277º. fascículo

(continuação)

Onde estão os vossos estropiados? Será que esta guerra só faz estropiados do nosso lado? Ou será que até os vossos estropiados continuam a combater, fantasmas invisíveis contra os quais as nossas balas se tornam impotentes? Não sois só vós a colocar minas nas picadas, nós também o fazemos. Para que a guerra seja menos injusta, também deve haver estropiados do vosso lado. Ou isto não faz sentido. Ou será que faz? Se calhar, uma guerra assim tem que ser injusta a todos os níveis, em todos os aspectos. Uma injustiça iniciada no dealbar dos séculos e que, provavelmente, nunca mais acabará. Uma injustiça eterna. Só os injustos sobrevivem. Podeis estar tranquilos. Eu também sobreviverei.



Mamadú não desistia de arranjar mulher para Mário. Já o convidara para ir visitar uma nativa da tabanca de Mansoa, conhecida pelos favores proporcionados aos militares a troco de meia dúzia de pesos. Mas Mário recusara. Mamadú não conseguia perceber como podia um jovem viver sem satisfazer os impulsos sexuais. Intuindo, mais do que percebendo, que Mário não gostaria de usar mulher partilhada, esforçou-se por arranjar-lhe uma exclusiva. E apareceu-lhe, naquele dia, com uma nativa ao lado. Maria Có, dissera ele à laia de apresentação

(continua)
Magalhães Pinto

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