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22.1.08

CRÓNICA DA SEMANA (II)

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O resultado final para o Conselho de Administração Executivo não foi inesperado quando a ele se chegou. A Assembleia-Geral já tinha sido amplamente “informada”, até esse momento, sobre o que se ia passar. Mas não foi uma vitória “esmagadora”, como se leu na generalidade da Comunicação Social. Claro que em termos de expressão de capital social votante, foi. Quase 98% contra algo mais de 2%. Mas o capital social detido pelos que exprimiram a sua opinião desfavorável a Miguel Cadilhe tem uma longa história. Muito dele ainda não está pago. É capital social a crédito. Mas, se sairmos do universo do capital para o universo dos accionistas, o grande derrotado foi Santos Ferreira. Porque não esteve presente e desprezou a opinião de muitos accionistas do Banco a que vai presidir. Porque ele nunca teria tido a ovação, entusiasmada e entusiasmante, que Miguel Cadilhe recebeu da Assembleia; bem pelo contrário, era bem capaz de ter sido apupado. Porque não teria visto o seu (desconhecido) programa para o Banco ser interrompido vezes sem conta por ovações. Porque não deixou acima de toda a dúvida a ideia de que a sua eleição havia sido determinada por um arranjo entre o Governo e o núcleo duro dos accionistas. Miguel Cadilhe não ganhou as eleições para Presidente do Conselho de Administração Executiva do Banco, mas ganhou o coração da esmagadora – aqui sim, esmagadora! - maioria dos accionistas do Banco. Com uma competência iniludível e indiscutível. Para essa maioria, Santos Ferreira será, apenas, por quanto tempo não sei, um ilustre desconhecido.

A derrota de José Berardo é outro facto que dá que pensar. Sobretudo, tendo em conta que ele foi o grande dinamizador do derrube da autoridade de Jardim Gonçalves e, aparentemente, o grande dinamizador da candidatura de Santos Ferreira. Porque é que os seus pares – só eles o poderiam ter feito – o derrotaram é uma incógnita para mim. Com essa derrota, José Berardo surge como um batedor da caça, que se retira – ou deve ser retirado – quando a caça está caçada. O que, não querendo dizer grande coisa – sempre achei espúria a aliança aparente entre alguns dos grandes accionistas do BCP e aquele senhor – fala todavia de outra coisa mais interessante. Que abordo para encerrar esta crónica.

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Excerto da crónica ACTO INÚTIL - Magalhães Pinto - "VIDA ECONÓMICA" - 22/1/2008

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