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29.1.08

OS HERÓIS E O MEDO - 161º. fascículo


(continuação)

Uma eternidade de vinte minutos. O fogo inimigo calara-se tão subitamente como havia começado. Aos poucos, ainda abalados pelo baptismo de fogo real a que haviam sido submetidos, os homens levantavam a cabeça, prudentemente, olhando em redor. Apenas um silêncio vinha da mata. Nem um só guincho estridente de macaco. Nem o piar rouco duma ave qualquer. Silêncio. Levantou-se um. Depois outro. E outro. Armas aperradas voltadas para o mato, prontas a vomitar fogo. Mas tudo era silêncio, agora. Um silêncio de fazer doer os tímpanos. Olhavam uns para os outros, com o incrédulo ar de quem julga ter nascido aos vinte anos. Sem êxito, tentavam sacudir o pó e a lama agarrada aos fatos camuflados. As viaturas apresentavam inúmeras marcas da flagelação na chapa e nos vidros. O furriel Carapinha mostrava, incrédulo, uma das cartucheiras, na qual se detivera um dos projécteis inimigos. Um escudo protector podia ter não mais de um palmo de comprimento.

(continua)
Magalhães Pinto

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