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29.1.08

CRÓNICA DA SEMANA (II)

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Mas acontece mais. É que o Bastonário, embora não citando nomes, se referiu a casos que todos nós conhecemos. Pelo menos alguns. Sabemos quem são os nomes presumidamente envolvidos. Para mim, só foi novidade o caso da venda do edifício dos CTT em Coimbra. E, se buscarmos bem, talvez encontremos mais alguns casos que deixam que pensar. Por isso, constitui redonda hipocrisia o grito político de “venham nomes, venham nomes!”. Todos sabemos que os visados ou outros sempre fizeram tudo dentro da maior legalidade formal. Eles até podem ter sido interesseiros, mas não são tolos. Todavia, se a legalidade permite gestos que deixam em toda a gente o espectro da suspeição, então a legalidade está mal. E, antes de mais nada, o que é de censurar na classe política é a sua inacção contra uma legalidade que permite actos suspeitos da sua própria classe. Não é difícil ler, nas denúncias do Bastonário, que é essa a sua primeira e primordial intenção. Prevenir casos futuros. Não é tanto remexer no passado, a não ser na medida em que o passado dá a conhecer os riscos futuros. E por essa denúncia, o Senhor Bastonário da Ordem dos Advogados é, pelo menos e para já, merecedor do agradecimento do povo anónimo do meu país, esmagadoramente são e incorrupto. E deve ser também merecedor dos agradecimentos da classe política, ela também, na sua esmagadora parte, séria e incorruptível.

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Excerto da crónica CORRUPÇÃO - Magalhães Pinto - "VIDA ECONÓMICA" - 29/1/2008

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