
Ali, ali, gritava o Zé Grande por sobre o ruído das rajadas, balas tracejantes a indicar a direcção. Mas tudo parecia estar ainda tranquilo para lá do arame farpado. Até que os homens ouviram, não muito longe, o “pof” inconfundível duma granada de morteiro a sair do tubo. Encolheram-se, resguardando-se ainda mais. Sabiam o que ia acontecer. Daí a instantes, o assobio em crescendo, sibilino, do projéctil a cair, fê-los segurar as armas com mais força, como se procurassem agarrar a Vida com a força das mãos nuas. A ausência de qualquer grito no momento do estouro aliviou as almas. A granada não trazia endereço, desta vez. Mas já outras vinham. Durante alguns minutos, choveu aço e morte em cima do fortim. Quando a tempestade amainou, começou a chuva miudinha. Do lado de lá da cerca, rebentou a fuzilaria das “costureiras”. Balas em todas as direcções. Cegos mosquitos na noite, à procura do seu festim de sangue fresco.
(continua)
Magalhães Pinto
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