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Todos sabemos por intuição, para além de nos estar constantemente a ser repetido, especialmente pelo Senhor Presidente da República, que não conseguiremos sair do fosso onde estamos se não começarmos por ter uma grande dose de esperança e de fé no futuro. Estou de acordo também. Para que nos sintamos, todos, mobilizados para a ingente tarefa de construir um futuro melhor temos que acreditar. Acreditar em muita coisa. Em nós, desde logo. Na sociedade à qual pertencemos. Neste barco que é o único que temos para navegar, chamado Portugal Europeu. E, sobretudo, tal como nas Descobertas, quando fomos capazes de superar a nossa pequenez, temos que ter uma confiança inabalável no comandante e nos oficiais que comandam o barco. Os demais são apenas a marinhagem. Aquela que faz o trabalho ordenado pelo comandante e seus oficiais. Sem confiança nos maiorais do barco, o trabalho é feito de má vontade, a remoer insultos a quem manda. E o destino nunca passará de uma miragem. E como é que a necessária confiança existe e se torna inabalável? Quando as ordens são firmes, justas e não mostram ponta de contradição. O comandante de um barco não pode comprar a confiança. Refiro-me à confiança interior, àquela que leva a marinhagem a superar-se a si mesma. É incomprável, essa confiança. Conquista-se. Um bom comandante nunca tenta comprar a confiança. Pois. E, a juntar a todas as contradições e a todas as injustiças descritas e as mais por descrever, o que vamos vendo por aí é o comandante deste barco português a tentar comprar, todos os dias, mais uns grãos de confiança. Nada destrói mais a nossa confiança em alguém do que sentir que esse alguém está a tentar comprá-la.
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Excerto da crónica DESNORTE - Magalhães Pinto - VIDA ECONÓMICA - 14/5/2008
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