Fátima Felgueiras emigrou. Não se pode dizer que tenha sido de boa vontade. Emigrou, segundo ela, porque tem o coração frágil demais para aguentar as perseguições. É o que se chama um coração a bater a horas. Mostrou-se frágil escassas horas antes de ser presa e enviada para a enxovia. Preventivamente. Como se vê, com inteira razão. Porque, na primeira necessidade, ela pirava-se. Só que, mais uma vez, a Justiça mostrou-se lenta. E deixou fugir a enguia por entre os dedos.
Estamos a falar de um caso lamentável. A polícia acusa Fátima Felgueiras, a presidente socialista da Câmara com o mesmo nome, de, através de um complicado processo de factura aqui e recebe ali, ter desviado, com a cumplicidade de uma empresa de lixos, chamada Resin, dinheiro dos nossos impostos para financiar o seu partido, para financiar o futebol de Felgueiras e em proveito próprio. Se são verdadeiras ou não estas acusações, é algo que se verá no julgamento à revelia. Mas a fuga é extremamente comprometedora. Quem não deve, não teme. E Fátima temeu. Se se vier a provar que está inocente, será uma fraca, que não aguentou a pressão. Se se provar que está culpada, será uma criminosa.
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Excerto da crónica A EMIGRANTE COMPULSIVA - Magalhães Pinto - MATOSINHOS HOJE - 11/5/2003
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