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1.5.08

OS HERÓIS E O MEDO - 248º. fascículo

(continuação)

A acção psico-social e os actos violentos conjugavam-se para uma nova versão do pão numa mão e pau na outra, como qualquer bom pai dos antigos faria. Por isso, o prisioneiro inconfesso ficou exposto na guarita até ao dia seguinte, quando morreu, para mostrar a que era reduzida a veleidade de combater a História. Nem todos tinham tal fim. O prisioneiro cooperante no interrogatório era poupado ao sofrimento físico. Entrava de quarentena num velho edifício a servir de prisão. Ao fim de algum tempo, começava a ser usado, sob vigilância especial, em pequenos serviços. Se a cooperação persistia, passava a gozar duma semi-liberdade que, não raro, acabava na sua adesão à milícia. Havia mesmo um, antigo guerrilheiro, que chegou a ser medalhado no Terreiro do Paço.

(continua)
Magalhães Pinto

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