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15.9.09

CRÓNICA DA SEMANA - I

O MAIOR PROBLEMA

O mais importante problema político-social a resolver pelo governante que vamos escolher no próximo dia 27 é o desemprego. Existe mais de meio milhão de desempregados registados no país, o que quer dizer que o número deve ser significativamente maior. Isto é, devemos ter mais de 10% da população activa sem trabalho. E um país com esta taxa de desemprego não pode ser feliz. Já não é tanto a falta de meios para sobreviver – uma vez que o Estado vai auxiliando, ainda que parcamente, muitos desses cidadãos sem trabalho – mas é, sobretudo, o efeito moral de acordar de manhã e não saber onde se pode ser útil. É uma situação que destrói, moralmente, os indivíduos. Por isso, o pensamento que me assalta mais fortemente, nesta hora em que vamos ter que escolher, seja: quem é que pode mais facilmente resolver este problema?

Já sabemos todos que todos os candidatos prometem resolvê-lo. Mas os trinta e cinco anos que já levamos de democracia ensinaram-nos que promessa de político vale tanto como um tostão furado. Ou talvez deva dizer, para estar actualizado, que promessa de político vale tanto como um cêntimo furado. Isto é, nada. Se quiséssemos um exemplo, bastaria ver o que fez o Engº. Sócrates. Há quatro anos prometeu-nos cento e cinquenta mil empregos e o que realmente nos deu foram cento e cinquenta mil desempregos. Dificilmente encontraríamos melhor prova do que valem as promessas dos políticos. Assim, temos que guiar-nos não pelo que eles prometem mas por aquilo que nós sabemos eles vão fazer, atendendo à ideologia que os move.

O problema do desemprego não pode ser directamente resolvido pelas grandes empresas ou pelos grandes projectos. Quando ouço um político dizer que vem para Portugal um grande projecto, que vai criar dois ou três milhares de empregos que seja, sorrio-me. Porque esse é um número irrisório face à dimensão do problema. Em Portugal, os grandes oferecedores de trabalho são as pequenas e médias empresas. Há centenas de milhar dessas empresas em Portugal. Se tomarmos 10% apenas dessas empresas e cada uma delas oferecer trabalho a uma só pessoa, serão dezenas de milhar de pessoas que arranjarão trabalho de novo.

Por essa razão é que entendo que um governo preocupado em resolver o maior problema da sociedade portuguesa actual – o desemprego – tem que fazê-lo criando condições de sobrevivência para essas empresas. As pequenas e médias. E é também por essa razão que desconfio de um qualquer político que me venha com ideias megalómanas.

Magalhães Pinto, em MATOSINHOS HOJE - 15/9/2009

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