RESIN
É cedo para sabermos como acabará tudo isto. Mas que o processo de Fátima Felgueiras vai provocar estragos em alguns autarcas, lá isso vai. O conjunto de acusações feitas e das provas aparentemente acumuladas pela polícia é esmagador. O montante das indemnizações pedidas pelo Ministério Público assume uma grandeza que nos deixa atónitos. O que dá bem a ideia de como o nosso dinheiro está a ser objecto de um autêntico saque por parte de alguns autarcas sem escrúpulos. Os quais se servem do apoio cego das populações incautas, embriagadas pela sua demagogia, pelas suas juras de amor ao Povo, para defraudarem esse mesmo Povo.
Isto mostra como é bem apropriada a lei que limita o tempo que um detentor de cargo público se pode manter nesse mesmo cargo. Um dos maiores venenos para uma democracia sã é a eternização no poder dos políticos. Temos todos a obrigação de não permitir que tal suceda. Um ou dois mandatos e acabou. Manter no poder, por tempo indeterminado, um autarca é fomentar a criação de redes de interesses que, necessariamente, redundam em prejuízo dos cidadãos, por mais que possa parecer que assim não é.
Para nossa vergonha, de matosinhenses que somos, o caso de Felgueiras - e outros semelhantes que a seu tempo se saberão, mas que se encontram já sob averiguação - teve por instrumento uma empresa sediada no nosso município. De seu nome RESIN. A rede de falcatruas na qual esta empresa se terá alegadamente envolvido abrange muitos municípios. E não é atrevimento excessivo pensar que o montante global desviado se elevará a milhões de euros. E também não é atrevimento imaginar que a RESIN não participou no sujo negócio pelos lindos olhos dos autarcas que a utilizaram. Seguramente, ganhou bom dinheiro com isso. O que eleva o nojo com que olhamos a atitude dos autarcas que venham a ser envolvidos. Não só utilizaram dinheiro que lhes não pertencia em fins pessoais ou partidários, como, para o fazer, tiveram que permitir a uma empresa privada a apropriação de boa parte dos nossos impostos, do suor do nosso rosto.
Matosinhos aparece envolvido neste negócio, também. E não só por a empresa em causa ser matosinhense. O presidente da autarquia matosinhense, Narciso Miranda, veio a público afirmar que a RESIN não tinha relações com a nossa Câmara, o que é verdade. Mas a sua intervenção foi extemporânea. Porque Fátima Felgueiras insinuou, no tempo em que ainda se encontrava em Portugal, que o dinheiro desviado se tinha destinado, pelo menos em parte, ao financiamento da Distrital do Porto do Partido Socialista, num momento em que quem mandava nessa estrutura era, precisamente, Narciso Miranda. O melhor será, pois, aguardar serenamente o desenrolar dos acontecimentos, confiando na Justiça, para no fim vermos quem são os vilões de tão triste história.
Crónica de Magalhães Pinto - MATOSINHOS HOJE - 4/5/2004
5 comentários:
Eu acho piada à demagogia barata.
A justiça, no caso RESIN, apurou o que tinha que apurar e os resultados, por todos conhecidos, são os deliberados pela justiça portuguesa. Para bem ou para o mal, a justiça, trabalha.
Que se saiba, o presidente da Câmara Municipal de Matosinhos da altura, Narciso Miranda, foi testemunha do processo. E a autarquia que dirigia em nada foi ligada a essa empresa.
Caso tivesse havido algum contacto ou ligação comercial entre a RESIN e a CMM, teria sido com a vereação do ambiente, que por particular curiosidade, pertencia ao actual presidente Guilherme Pinto.
Porque sempre que se desenterram assuntos (neste caso em pura demagogia saloia) sobra sempre terra para enterrar alguém.
Obrigado pela visita e pelo comentário, José de Castro. Eu também li todo o relatório da comissão do PS que analisou os factos. E foi talvez por achar que NM estava tão completamente inocente que o PS o afastou das eleições, mesmo correndo o risco de as perder (o que não se veio a verificar).
Magalhães Pinto
Deve haver alguma confusão sua, José de Castro, quanto ao Joaquim Queirós. É melhor rever as suas informações.
O PS afastou Narciso Miranda por claras conveniências de lixo corrompido: Seabra foi para o gabinete de Costa, não para o apartamento nas torres. A Narciso, figurante na tramóia, não foi induzida culpa, nem nunca poderia ser.
Depois para evitar males maiores, enviaram o Francisco Assis para bem longe (tal como fizeram com o Cravinho). Uma purga da alma que foi insuficiente para calar a verdade.
Reitero a minha opinião. Desde 2004 para cá a podridão que originou a vertigem democrática em Matosinhos está a definhar-se em hecatombe.
O povo continua a ser soberano e, como ninguém, julgará os intervenientes.
José Castro
Obrigado pela visita.
Neste último comentário, estamos muito de acordo.
Magalhães Pinto
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