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21.9.09

CRÓNICA DA SEMANA - I

O IMPORTANTE

A maior parte daquilo que foi discutido, até agora, na campanha eleitoral para a Assembleia da República, não nos interessa para nada. Que nos importam as discussões sobre escutas e espionagem entre o Governo e a Presidência da República? Nada. Que nos importa, em si mesma, a existência de comboios de alta velocidade? Nada. Que nos importam os PPR feitos pela gente do Bloco de Esquerda, que passa a vida a dizer mal deles? Nada. Que nos importa a asfixia democrática que se sente mas que não tem condições para vingar? Nada. E podíamos ir por aí fora. A campanha eleitoral tem sido uma gigantesca peça de teatro, destinada a levar-nos a reboque, onde, naturalmente, uns são melhores actores do que outros. Mas seria uma tragédia para Portugal se todos nós nos convencêssemos de que a nossa vida é o que se passa no palco onde essa peça de teatro é representada. Não é. São coisas muito diferentes que são importantes para a nossa vida.

Importante é saber qual dos candidatos está em melhores condições, por aquilo que pensa, para estancar o desemprego, primeiro, e reduzi-lo, depois. Mais de meio milhão de portugueses em idade de trabalhar não tem emprego. É necessário fazer urgentemente qualquer coisa para que eles encontrem trabalho o mais depressa possível.

Importante é saber quem é que está em condições de governar de tal modo que não seja necessário aumentar os impostos para níveis ainda mais insuportáveis do que os actuais. O que exige que quem governe não seja despesista e seja antes um economicista. Os recursos do Estado são inesgotáveis apenas porque um Governo pode aumentar os impostos até níveis incomensuráveis. E quanto mais o Governo gasta daquilo que produzimos menos fica para nós.

Importante é saber quem é que nos pode melhorar os serviços de saúde, de um modo particular, e os da segurança social, em geral. Nas vertentes preventiva e curativa. Para os novos e para os velhos. Temos que acabar com a tragédia de haver pessoas que não têm a assistência tão pronta como necessitam e de haver velhos que não têm a velhice digna que merecem.

Importante é saber quem nos pode dar justiça simples e rápida. A justiça fora de tempo não é justiça nenhuma.

Importante é saber quem é capaz de educar os nossos filhos e netos, preparando-os bem para, como eles dizem, os “desafios do futuro”. Um futuro em que se fala muito mas de que cuidam tão pouco.

Depois de pensarmos um bocadinho nisto, e com a vantagem de já conhecermos bem um dos principais contendores e o que ele fez ou deixou de fazer, então sim, podemos colocar a nossa cruz no voto. Se tivermos pensado bem, essa cruz estará, seguramente, no lugar correcto. E poderemos dormir tranquilos. A nossa escolha terá sido a melhor.

Magalhães Pinto, em MATOSINHOS HOJE, 21/9/2009

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