Neste dia, em 1765 - dez anos depois do terramoto de Lisboa - nasceu, em Setúbal Manuel Maria Barbosa du Bocage. Viria a ser um dos grandes poetas portugueses, tendo-nos deixado sonetos de extraordinária beleza.
Dele, este soneto:
O SUSPIRO
Voai, brandos meninos tentadores,
Filhos de Vénus, deuses da ternura,
Adoçai-me a saudade amarga e dura,
Levai-me este suspiro aos meus amores:
Dizei-lhe que nasceu dos dissabores
Que influi nos corações a formosura;
Dizei-lhe que é penhor da fé mais pura,
Porção do mais leal dos amadores:
Se o fado para mim sempre mesquinho,
A outro of'rece o bem de que me afasta,
E em ais lhe envia Ulina o seu carinho:
Quando um deles soltar na esfera vasta,
Trazei-o a mim, torcendo-lhe o caminho;
Eu sou tão infeliz, que isso me basta.
1 comentário:
Infelizmente a vida não é generosa para algumas pessoas.
Não que não o seja e sim o reflexo que ela deposita em algumas.
No caso de Bocage, poeta extraordinário, coube-lhe a uma fase de vida desregrada, toda escuridão e falsos slogan para depreciá-lo.
Era muito comum naquela época a paixão amorosa, onde os escritores, na maioria das vezes, amavam de uma maneira platônica, bebiam, não se alimentavam, tinham vida boêmia, perdiam noites e noites e acabavam-se com problemas pulmonares.
Mas o pior é o currículo que fica, diante de tantas obras maravilhosas, cheias de lirismo, sonetos bem cadenciados, na medida como a métrica impõe, há de se enaltecer, justamente, a fase crítica e nela a depreciação.
Isto tudo é aplicado a todo gênero, as boas ações ninguém vê, mas um pequeno deslize, há de se propagar em altos brados.
Lembro-me, há muitos anos, meu pai que hoje teria cem anos, quando queria se referir à uma piada picante, declinava o nome de Bocage como referência.
Mas o mais importante é a lembrança da data de seu nascimento, que merecidamente é congratulado.
“ Liberdade, onde estás? Quem te demora?
Quem faz que o teu influxo em nós não caia?”.
Magalhães, boa sorte!
Aparecida
15/9/2009 19:24
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