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25.9.09

MEMÓRIA


OS ESTERTORES DA AGONIA


Na sequência dos acontecimentos da lota de Matosinhos, o Secretário Geral da Federação Distrital do Partido Socialista, Doutor Francisco de Assis, decidiu pedir a convocação de eleições antecipadas para a referida estrutura. Recordemos que o Doutor Francisco de Assis ganhara as eleições para esse cargo ao Senhor Narciso Miranda, mas não conseguira assegurar maioria no respectivo Secretariado. O que, na realidade dos factos, lhe veio a coartar bastante a sua capacidade de acção. Tendo, no linguarejar político local, que dividir o poder como o mesmo Narciso Miranda. Foi para, de uma vez por todas, tentar terminar com esta situação extremamente dúbia, que o Doutor Francisco de Assis solicitou as eleições antecipadas.

Mas a realização das ditas eleições depende da aprovação do Secretariado Regional. E aí, a maioria é de Narciso Miranda e dos seus apaniguados. O natural seria que estes também estivessem interessados nas mesmas eleições. Se a razão está do seu lado, como tanto têm vindo a apregoar, não deveriam temê-las. Mas a verdade é que estão a tentar encontrar argumentos para que elas não se realizem. Pelo menos para já. Vá lá a gente entender isto. Toda a minha experiência política me diz que a atitude que qualquer político toma, relativamente a eleições é a seguinte: se achas que podes ganhá-las, exige-as; se pensas que podes perdê-las, adia-as. E, a meu ver, é neste quadro que a explicação para o comportamento da facção Narciso Miranda tem que ser encontrada.

Mas sendo assim, a explicação é fácil. A facção Narciso Miranda no Secretariado Regional do PS não quer eleições porque, muito provavelmente, está convencida de que as perderá. E, perdendo-as, tal será a morte política do seu líder. Mas os factos da lota de Matosinhos são tão graves - foi o próprio Doutor António Costa, do PS, a afirmá-lo agora mesmo - que outro epílogo parece não ser de esperar do que a referida morte política. Se não acontecer em eleições, acontecerá na secretaria. O que faz destas manobras a que vimos assistindo antênticos estertores de agonia política.

Tudo isto coloca a cúpula do Partido Socialista numa encruzilhada de sentido único. Não tem por onde escolher. Tem mesmo que vir à praça pública dizer quem, no seu entender e depois das averiguações efectuadas, foi o responsável pelos acontecimentos no lota de Matosinhos. Se não por outra razão - e há várias - porque o cadáver de um homem bom - que lhes emprestou o nome para umas eleições europeias - não descansará no túmulo antes de bem se conhecerem os responsáveis directos e imediatos pela sua morte.

Magalhães Pinto, em MATOSINHOS HOJE, em 26/6/2004

2 comentários:

Jose Castro disse...

É evidente que este começa a parecer um blogue do passado.

É também evidente que um blogue do passado tem futuro, desde que fale do passado. Apenas não constrói o futuro.

As memórias serão sempre escritas pelos vencedores e os resquícios parecem velhos do Restelo atrasados.

Anónimo disse...

O seu texto, Doutor, tem 5 anos. O tempo parou. Os intervenientes estão todos em palco. O Dr. Seabra leu R. Kipling.