"Houve aqui uma confluência der influências que não me parece saudável."
Miguel Cadilhe (sobre os acontecimentos no BCP)- "PÚBLICO" - 31/12/2007
***
Até que enfim alguém confirma o que eu sempre disse! Que naquele banco o que valem são as influências...
. . . OS SINAIS DO NOSSO TEMPO, NUM REGISTO DESPRETENSIOSO, BEM HUMORADO POR VEZES E SEMPRE CRÍTICO. . .
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31.12.07
PENSAMENTO DO DIA
OS HERÓIS E O MEDO - 132º. fascículo
(continuação)
Samba Jau aconselhou a ida num táxi. Era perigoso para o branco andar no Pilão depois do sol deitar. Táxis. Uma dificuldade de monta. Mas Samba Jau parecia um roteiro vivo da terra, pensou Mário. Lá foram os três atrás do negro. Alguma emoção receosa calava-lhes os pensamentos. Atravessaram umas tantas ruas secundárias. Ali, fora das avenidas principais, as casas, essencialmente de negros, ja não tinham o relativamente sumptuoso estilo colonial das moradias dos brancos que orlavam as avenidas. Quase todas da mesma altura, pintadas num ocre sujo e cobertas por telhados de chapa zincada. À frente, um alpendre. Sentadas nos degraus, mulheres negras falavam em crioulo, tornando a conversa quase ininteligível para os recém-chegados. Com alguma estridência. Os três amigos seguiam Samba Jau, procurando aparentar uma naturalidade não sentida. Desembocaram numa pequena praceta onde descansava um táxi, pintado nas mesmas cores da Metrópole. Com um motorista negro também. Samba Jau adiantou-se e falou com ele. O homem fez-lhes sinal para entrarem na viatura. Sentaram-se os três no banco de trás. E foram-se. Atravessaram a cidade, em direcção à parte alta. Até que entraram por uma quelha em terra batida, molas da velha viatura a gemerem como homens com cio no momento de saciá-lo.
(continua)
Magalhães Pinto
Samba Jau aconselhou a ida num táxi. Era perigoso para o branco andar no Pilão depois do sol deitar. Táxis. Uma dificuldade de monta. Mas Samba Jau parecia um roteiro vivo da terra, pensou Mário. Lá foram os três atrás do negro. Alguma emoção receosa calava-lhes os pensamentos. Atravessaram umas tantas ruas secundárias. Ali, fora das avenidas principais, as casas, essencialmente de negros, ja não tinham o relativamente sumptuoso estilo colonial das moradias dos brancos que orlavam as avenidas. Quase todas da mesma altura, pintadas num ocre sujo e cobertas por telhados de chapa zincada. À frente, um alpendre. Sentadas nos degraus, mulheres negras falavam em crioulo, tornando a conversa quase ininteligível para os recém-chegados. Com alguma estridência. Os três amigos seguiam Samba Jau, procurando aparentar uma naturalidade não sentida. Desembocaram numa pequena praceta onde descansava um táxi, pintado nas mesmas cores da Metrópole. Com um motorista negro também. Samba Jau adiantou-se e falou com ele. O homem fez-lhes sinal para entrarem na viatura. Sentaram-se os três no banco de trás. E foram-se. Atravessaram a cidade, em direcção à parte alta. Até que entraram por uma quelha em terra batida, molas da velha viatura a gemerem como homens com cio no momento de saciá-lo.
(continua)
Magalhães Pinto
PERGUNTAS SEM RESPOSTA
FOTO DO DIA
Admiro quem consegue cativar, numa fracção de segundo, um pedaço de beleza do nosso universo. Razão para, a partir de hoje, passar a publicar esta secção - da Foto do Dia - para dar a conhecer alguns momentos de beleza indescritível. Só mesmo a foto pode falar. E só ela falará às sensibilidades amantes da beleza. Sempre que saiba quem é o autor, dá-lo-ei a conhecer.
FIGURA DO DIA
30.12.07
MOMENTO DE BELEZA (II)
O maestro - Andre Rieu - o talento de dois patinadores russos - e um belo trecho de música, combinam-se para um momento de beleza inesquecível...
PENSAMENTO DO DIA
FRASE DO DIA
PERGUNTAS SEM RESPOSTA
OS HERÓIS E O MEDO - 131º. fascículo
(continuação)
A certa altura da sua deambulação, passaram por um rapaz com ar envergonhado, sentado no muro a servir de barreira antes do rio. Olhos negros, tímidos, baixos quando olhados. Um ar de gazela, entre o curioso e o assustado. Idade indefinida, embora já adulta, seguramente. Manuel entabulou conversa com ele. Como te chamas? Numa voz sumida, o rapaz disse. Samba Jau. És mesmo o que nós precisamos, Samba. Alguém que nos ensine a dançar. Essa ou outra dança. Onde pode branco encontrar mulher, Samba? O moço pareceu não entender. Com a cabeça, fez um gesto em círculo, como a dizer que havê-las por todo o lado. Não é isso, palerma! Mulher para ir na cama, rapaz. Ah! Branco quer partir catota? A gargalhada dos três foi uníssona. Também não é preciso ser até partir a catota! Ai é catota que a coisa se chama aqui? Ok. Nós queremos partir a catota ou lá como queiras chamar. Mas para isso precisamos de mulher. Só se vai no Pilão, respondeu Samba Jau. A ideia pareceu não agradar muito. Mas a força da natureza é muito grande aos vinte anos. Os receios, já pintados por alguns, da enorme tabanca de Bissau, foram adormecidos pelo desejo. Dizia-se viverem ali mais de cem mil nativos e contavam-se histórias de alguns que tinham ousado lá entrar e nunca mais ninguém lhes tinha posto a vista em cima.
(continua)
Magalhães Pinto
A certa altura da sua deambulação, passaram por um rapaz com ar envergonhado, sentado no muro a servir de barreira antes do rio. Olhos negros, tímidos, baixos quando olhados. Um ar de gazela, entre o curioso e o assustado. Idade indefinida, embora já adulta, seguramente. Manuel entabulou conversa com ele. Como te chamas? Numa voz sumida, o rapaz disse. Samba Jau. És mesmo o que nós precisamos, Samba. Alguém que nos ensine a dançar. Essa ou outra dança. Onde pode branco encontrar mulher, Samba? O moço pareceu não entender. Com a cabeça, fez um gesto em círculo, como a dizer que havê-las por todo o lado. Não é isso, palerma! Mulher para ir na cama, rapaz. Ah! Branco quer partir catota? A gargalhada dos três foi uníssona. Também não é preciso ser até partir a catota! Ai é catota que a coisa se chama aqui? Ok. Nós queremos partir a catota ou lá como queiras chamar. Mas para isso precisamos de mulher. Só se vai no Pilão, respondeu Samba Jau. A ideia pareceu não agradar muito. Mas a força da natureza é muito grande aos vinte anos. Os receios, já pintados por alguns, da enorme tabanca de Bissau, foram adormecidos pelo desejo. Dizia-se viverem ali mais de cem mil nativos e contavam-se histórias de alguns que tinham ousado lá entrar e nunca mais ninguém lhes tinha posto a vista em cima.
(continua)
Magalhães Pinto
SORRISO DO DIA
Irritado com seus alunos, o professor lançou um desafio:
- Aquele que se julgar burro, faça o favor de ficar em pé!
Toda a gente continuou sentada. Alguns minutos depois, o Joãozinho, um dos melhores alunos da classe, levanta-se.
- Quer dizer que tu acreditas que és burro? - perguntou o professor, indignado.
- Bem, para dizer a verdade, não! Mas fiquei com pena de ver o setôr aí, em pé, sozinho!
- Aquele que se julgar burro, faça o favor de ficar em pé!
Toda a gente continuou sentada. Alguns minutos depois, o Joãozinho, um dos melhores alunos da classe, levanta-se.
- Quer dizer que tu acreditas que és burro? - perguntou o professor, indignado.
- Bem, para dizer a verdade, não! Mas fiquei com pena de ver o setôr aí, em pé, sozinho!
29.12.07
INTERLÚDIO
Uma voz de ouro - Barbra Streisand - e uma canção imortal - A Woman in Love - para três minutos de devaneio sentimental.
PENSAMENTO DO DIA (II)
No ano de 2000, Armando Vara foi forçado a demitir-se de Ministro da Juventude e Desportos, por alegada irregularidades cometidas com a Fundação para a Prevenção e Segurança. Ao que consta, a demissão foi recomendada pelo Presidente Jorge Sampaio. E é esta distinta personalidade que vai vice-presidir aos destinos da maior instituição financeira privada portuguesa, por recomendação do Governo. A memória é bem mais pequena do que a falta de vergonha.
PENSAMENTO DO DIA (I)
O mau cheiro do caso BCP/Millenium é pestilento e mais poluente do que o tabaco de todos os fumadores portugueses. E, como se não fosse nada, o Governo apodera-se do Banco e assobia, inocentemente, para o lado. Se a desvergonha fosse música, Portugal era um concerto mundial. Isto já só lá vai a vara...pau.
FRASE DO DIA
"50% dos restaurantes e cafés portugueses não estão aptos a cumprir os regulamentos da legislação comunitária e vão ter que fechar."
António Nunes, responsável pela ASAE - "SOL" - 29/12/2007
***
Com os que fecharão por falta de clientes fumadores, vai ser um sarilho comer fora. Vou agendar as minhas saídas e fazer já as reservas para todo o ano de 2008.
António Nunes, responsável pela ASAE - "SOL" - 29/12/2007
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Com os que fecharão por falta de clientes fumadores, vai ser um sarilho comer fora. Vou agendar as minhas saídas e fazer já as reservas para todo o ano de 2008.
PERGUNTAS SEM RESPOSTA
OS HERÓIS E O MEDO - 130º. fascículo
(continuação)
Guerra de fantasmas. A escapulirem-se, uns, entre as malhas tecidas por uma tropa inexperiente, ainda verde. A regressarem a penates, outros, com os ossos transparentes, feitos da lata de milhares de conservas consumidas. São todos heróis. Mal sabem, uns e outros, pelo que lutam. Embora lhes digam que é pela mesma coisa. A Pátria. Como sois heróis, meus irmãos! Não foi em vão que, em Portugal, no outro Portugal, sofrestes na pele as agruras de um viver subdesenvolvido. A dureza de lá ameniza a de cá, mil vezes mais dura. Três meses! Três eternidades de privação, de dor, de febre, de paludismo, de hepatite, de diarreia, de fome, de sede, de roupa suja colada ao corpo. Sujos. Porcos. Montes de merda empunhando as armas. A dormir sobressaltados. Em alerta sobressaltado. Em alerta sem descanso. Sempre com a secreta esperança de sair dali vivo. De vez em quando, ali mesmo ao lado, um camarada a esvair-se em sangue, como se tivesse sido picado por um monstruoso mosquito cujo ferrão teria, a avaliar pela fonte do sangue, a espessura de um dedo. Como sois heróis, meus irmãos! Ninguém no mundo, mais nenhum soldado, faria uma guerra nas vossas condições. Soldados baratos. Vale mais pagar uma pensão de sangue na Metrópole do que colocar uma auto-metralhadora ao vosso lado. Como sois heróis, meus irmãos! Pergunto-me se algum dia, lá longe, alguém terá consciência da vossa heroicidade. Vejo-vos velhos, um neto sentado nos joelhos, com o medo ainda a bailar-vos nos olhos sob a forma de um sorriso fugidio, a contardes histórias da Ilha do Como. Oxalá eles não consigam entender-vos. As crianças não devem perceber infernos desta natureza. Como sois heróis, meus irmãos! Inglórios. Por um momento, tornaste-vos os únicos heróis sobreviventes da Ilha do Como. Por pouco tempo. Daqui a nada, os outros regressarão. Talvez aí devais voltar. Uma vez e outra vez e outra vez ainda. Num jogo de escondidas em que ser apanhado arruma de vez.
(continua)
Magalhães Pinto
Guerra de fantasmas. A escapulirem-se, uns, entre as malhas tecidas por uma tropa inexperiente, ainda verde. A regressarem a penates, outros, com os ossos transparentes, feitos da lata de milhares de conservas consumidas. São todos heróis. Mal sabem, uns e outros, pelo que lutam. Embora lhes digam que é pela mesma coisa. A Pátria. Como sois heróis, meus irmãos! Não foi em vão que, em Portugal, no outro Portugal, sofrestes na pele as agruras de um viver subdesenvolvido. A dureza de lá ameniza a de cá, mil vezes mais dura. Três meses! Três eternidades de privação, de dor, de febre, de paludismo, de hepatite, de diarreia, de fome, de sede, de roupa suja colada ao corpo. Sujos. Porcos. Montes de merda empunhando as armas. A dormir sobressaltados. Em alerta sobressaltado. Em alerta sem descanso. Sempre com a secreta esperança de sair dali vivo. De vez em quando, ali mesmo ao lado, um camarada a esvair-se em sangue, como se tivesse sido picado por um monstruoso mosquito cujo ferrão teria, a avaliar pela fonte do sangue, a espessura de um dedo. Como sois heróis, meus irmãos! Ninguém no mundo, mais nenhum soldado, faria uma guerra nas vossas condições. Soldados baratos. Vale mais pagar uma pensão de sangue na Metrópole do que colocar uma auto-metralhadora ao vosso lado. Como sois heróis, meus irmãos! Pergunto-me se algum dia, lá longe, alguém terá consciência da vossa heroicidade. Vejo-vos velhos, um neto sentado nos joelhos, com o medo ainda a bailar-vos nos olhos sob a forma de um sorriso fugidio, a contardes histórias da Ilha do Como. Oxalá eles não consigam entender-vos. As crianças não devem perceber infernos desta natureza. Como sois heróis, meus irmãos! Inglórios. Por um momento, tornaste-vos os únicos heróis sobreviventes da Ilha do Como. Por pouco tempo. Daqui a nada, os outros regressarão. Talvez aí devais voltar. Uma vez e outra vez e outra vez ainda. Num jogo de escondidas em que ser apanhado arruma de vez.
(continua)
Magalhães Pinto
SORRISO DO DIA
Anúncio publicado num jornal irlandês:
- VENDO VOLKSWAGGEN GOLF DE 1985.
- SÓ TEM 15 KM.
- SÓ FORAM UTILIZADAS 2 VELOCIDADES: A PRIMEIRA E A MARCHA ATRÁS.
- NUNCA FOI CONDUZIDO A GRANDE VELOCIDADE.
- PNEUS DE ORIGEM.
- TRAVÕES DE ORIGEM.
- COMBUSTÍVEL E ÓLEO DE ORIGEM.
- SÓ UTILIZADO POR UM CONDUTOR.
JUNTA-SE FOTO DO AUTOMÓVEL.
(Gentileza de A. Rocha)
- VENDO VOLKSWAGGEN GOLF DE 1985.
- SÓ TEM 15 KM.
- SÓ FORAM UTILIZADAS 2 VELOCIDADES: A PRIMEIRA E A MARCHA ATRÁS.
- NUNCA FOI CONDUZIDO A GRANDE VELOCIDADE.
- PNEUS DE ORIGEM.
- TRAVÕES DE ORIGEM.
- COMBUSTÍVEL E ÓLEO DE ORIGEM.
- SÓ UTILIZADO POR UM CONDUTOR.
JUNTA-SE FOTO DO AUTOMÓVEL.
(Gentileza de A. Rocha)
28.12.07
FELIZ ANO NOVO
2007 passou a correr...
E agora é tempo de pensar em 2008...
Aparecerão alguns riscos...
...e vários obstáculos a ultrapassar...
É preciso ficar alerta...
E passar algum tempo com os amigos...
...acompanhá-los em aventuras...
...com cuidado...
...e atenção...
...sempre em movimento...
Não fugir aos desafios...
E nunca esquecer uma boa gargalhada...
Cooperar...
Descobrir...
Fazer novos amigos...
E, acima de tudo, estar pronto para a aventura...
Ficar juntinho...
Estar pronto para ir longe...
...muito longe...
Bem... não tão longe...
Ter tempo para apreciar uma flor...
Não esquecer um bom descanso...
E não esquecer o mais importante... os AMIGOS...
FELIZ ANO NOVO
(Gentileza de Zé Armando)
FRASE DO DIA
"Processos de contra-ordenação contra os gestores do BCP, levantados pela CMVM, podem obrigar ao pagamento de coimas até dois milhões de euros."
Cristina Ferreira - "PÚBLICO" - 28/12/2007
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Uma gota de água no oceano dos juros perdoados a amigos. Talvez estes façam uma recolha de fundos para ajudar ao pagamento...
Cristina Ferreira - "PÚBLICO" - 28/12/2007
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Uma gota de água no oceano dos juros perdoados a amigos. Talvez estes façam uma recolha de fundos para ajudar ao pagamento...
PERGUNTAS SEM RESPOSTA
FIGURA DO DIA
PENSAMENTO DO DIA
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