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20.12.07

MEMÓRIA

Temos a obrigação de compreender o estado a que o Estado chegou em matéria de impostos. Um sistema desarticulado, prolixo, no qual nem os Contribuintes chegam a saber o que pagam de Impostos, nem o Estado chega bem a saber quem é que tem que lhe pagar impostos ou, o que é bem pior, mesmo quando sabe, não chega a saber se já lhos pagaram ou não. Vezes sem conta já disse, aqui, que não vejo saída para esta situação se, antes de tudo, o Estado não se reorganizar. Passa-se aqui algo parecido com o que até agora se passou com as multas de trânsito e aparcamento. De tantas, só uma fracção ínfima era cobrada. E as autoridades não tinham meios de conseguir o pagamento da totalidade. O que conduzia os prevaricadores a nunca pagarem. A probabilidade de escapar era enorme. A reorganização do Estado – designadamente na área que aqui e agora nos interessa – é um imperativo. Mas colhidos entre apertos do Orçamento e uma máquina emperrada e disfuncional, os Governos não têm tempo de reorganizar seja o que for. Fazem-me lembrar, os Governos, o proprietário de um automóvel velho, obrigado a deslocar-se, e que vai por aí fora, avaria aqui, furo acolá, tentando chegar ao destino. Nem que seja empurrando o carro. O mais provável é que uma viagem assim não chegue nunca ao seu destino, com os inconvenientes naturais.

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Excerto da crónica UM CONTRATO - Magalhães Pinto - "VIDA ECONÓMICA" - 15/12/2002

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