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2.1.08

CRÓNICA DA SEMANA

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Vi Miguel Cadilhe partir para o Governo. Julgava-o inteiramente merecedor disso. Com Sá Carneiro a Primeiro-Ministro e Cavaco Silva a Ministro das Finanças. Regressaria mais tarde, já com Cavaco Silva a Primeiro-Ministro, para ocupar o lugar de Ministro das Finanças. Julgo desnecessário dizer o que foi a revolução do quadro económico do país iniciada em 1985. Todos sabemos o que aconteceu. Miguel Cadilhe ganhou aí um título merecido que o tempo não apagou, antes confirmou. O de ter sido o melhor Ministro das Finanças de que Portugal dispôs após a Revolução. Ele foi, seguramente, um dos principais esteios da brilhante vitória eleitoral de Cavaco Silva em 1991. Mas Miguel Cadilhe não tem papas na língua. Tem mesmo alguma dificuldade em falar a hipócrita linguagem palaciana dos corredores do Poder. Atingiu muitos interesses com o seu governar bem sem olhar a quem. Criou inimigos. A sanha persecutória de muitos deles chegou a roçar o excremento. Julgo que um pouco desiludido, Miguel Cadilhe perdeu o interesse na política. Uma perda para o país, mais do que para ele próprio. Regressou à banca. Onde voltou a brilhar. Em pouco tempo, era administrador, primeiro do BPA já na posse de Jardim, depois do próprio BCP. Notícias que não posso confirmar, dizem-me que Jardim o tratou mal. Talvez sim, talvez não. A verdade é que Miguel Cadilhe também se afastou desse destino. Regressando à vida docente. O círculo tinha-se fechado. Um círculo dourado, independente, sério, trabalhador, austero, rigoroso, competente, corajoso, brilhante.

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Excerto da crónica UM HOMEM - Magalhães Pinto - "VIDA ECONÓMICA" - 3/1/2008

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