(continuação)
XIX
Enquanto Mário e os restantes prosseguiam a patrulha no Oio, Alvaro e Manuel passeavam-se em Bissau. Tinham descido à cidade no cumprimento duma breve tarefa para o Batalhão e decidiram aproveitar o resto da manhã a conhecê-la melhor. A cidade rodopiava, àquela hora próxima do meio dia. Os estabelecimentos abarrotavam de gente. Alguns sargentos de alimentação, a abastecerem-se de carnes frias, para ataviarem uma ementa monótona baseada em conservas. Mas a grande maioria é de negros. Distinguiam-se perfeitamente algumas etnias diferentes. Os fulas e mandingas, maometanos por crença, eram os mais facilmente reconhecíveis, com as duas cicatrizes ao lado de cada olho, produto de incisões rituais. Além disso, vestiam uma túnica que os cobria até aos pés, geralmente branca, debruada no colarinho e nas abas a bordados de cores garridas. Os balantas vestiam uma camisola de algodão sem mangas, a mostrar musculaturas avantajadas, enrijecidas pelos milhares de sacos de mancarra carregados no cais da Bolola. Amarrado à cinta, um longo pano, de algodão também, cujas pontas se cruzavam por entre as pernas, construindo uma espécie de calções bem arejados. A etnia das mulheres era mais dificilmente reconhecível. Trajavam quase todas de igual modo. Uma capulana enrolada à cinta, cobrindo-as também até aos pés, enquanto outra, de pontas amarradas atrás do pescoço, entrelaçava-se sobre os seios depois de cruzar atrás das costas. Em muitas, o cruzamento atrás das costas servia para segurar uma criança de tenra idade. Quase todas traziam à cabeça um balaio. Uma espécie de gigantesca meia cabaça em forma de alguidar, dentro da qual transportavam mercadorias.
(continua)
Magalhães Pinto
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