CRÓNICA DA SEMANA - I

NADA COMO DANTES

A partir das eleições do próximo Domingo, nada ficará como dantes em Matosinhos. Há mais de trinta anos que o Partido Socialista tem sido maioritariamente votado neste município. O que não acontecerá, seguramente, agora. E de nada vale o candidato independente Narciso Miranda declarar-se socialista. Um absurdo. Qualquer coisa como dizer que “eu sou socialista, nas estou contra o Partido Socialista”. Ninguém entenderá isto. Porque, com a sua atitude de rebeldia, a que Narciso Miranda tem naturalmente direito, vai conseguir aquilo que, em trinta anos, nenhuma oposição conseguiu. Tirar a maioria ao PS. E vá lá que eu espero que o eleitorado verdadeiramente socialista se mobilize em redor do legítimo representante de Partido, o Dr. Guilherme Pinto. Se não, a surpresa então seria maior. E é seu dever mobilizarem-se. Porque, desde os tempos do saudoso e cavalheiro Mário Maia, que os socialistas não tinham na Presidência da Câmara alguém que os respeitasse e respeitasse a sua inteligência. Isso só voltou a acontecer com a chegada do Dr. Guilherme Pinto ao poder.

Aliás, creio que em redor do Dr. Guilherme Pinto estará muito mais gente. Seguramente, muitos habituados a votar PSD, mas que não se revêem no estranho que o Partido decidiu enviar este ano para Matosinhos. Como já fez de outras vezes, é verdade. Mas este ano, quando havia a possibilidade de ganhar as eleições nesta terra socialista, devido à divisão dos votos na área socialista e ao fenómeno Bloco de Esquerda, a atitude do PSD ganhou foros de insulto aos matosinhenses fora dessa área. Nunca, como desta vez. Os interesses dos social-democratas em Matosinhos foram tão desprezados em nome de estratégias pessoais ou de grupo alheias à nossa terra.

Também não me agrada muito ver os social-democratas ser representados em Matosinhos por gente ligada ao futebol. Não só o candidato a presidente da câmara o é, como o candidato a presidente da Junta de Freguesia de Leça do Balio o é também. Acho que para gente ligada ao futebol, aliás cm resultados nefandos, já basta Valentim Loureiro em Gondomar. Dificilmente aceitaria a repetição do fenómeno em Matosinhos. O que é mais uma razão a determinar o meu afastamento daqueles a quem sempre estive ligado.

Acho que devo deixar uma palavra de simpatia ao candidato comunista, Honório Novo. De longe, o candidato mais bem preparado entre aqueles que não estão em contacto diário com a realidade administrativa do município. Honório Novo é um político que faz o trabalho de casa sempre, que estuda os assuntos e que está longe de ser um comunista de cassete.

Posto isto, só me resta desejar felicidades. Mas não aos candidatos. Desejar felicidades ao povo de Matosinhos. Que bem as merece. Felicidades que, curiosamente, estão dele dependentes, suspensas da ponta da esferográfica com que colocarão a cruz no voto. Oxalá não desperdicem a oportunidade.

Magalhães Pinto, em MATOSINHOS HOJE, em 6/9/2009