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23.8.07

OS HERÓIS E O MEDO - 4º. fascículo


(continuação)

Este livro, trazido na alma durante vinte anos e escrito na década seguinte, corresponde a uma profunda necessidade espiritual. Surgida particularmente após a revolução de Abril, ponto final das referidas guerras. Foi doloroso – não tanto pelo autor ele próprio, que viveu a guerra mais como observador do que como participante – assistir ao vilipêndio caído sobre os seus antigos camaradas de armas. De repente, pareciam eles ter sido traidores da Pátria, enquanto os heróis chegavam de Argel, de Londres ou de Paris. Os arautos duma justa liberdade cívica decidiram estender, sobre uma geração inteira, um manto de vergonha totalmente injustificado face ao seu comportamento. Não reparando que, com isso, estavam a insultar impiedosamente não apenas os militares expedicionários, mas também as suas famílias, as suas mães, os seus pais, as suas mulheres e, sobretudo, os seus filhos. Com um aflitivo impudor, os fugitivos da guerra não pestanejaram sequer ao insultar a memória dos cerca de dez mil mortos portugueses provocados pela guerra colonial. Mortos aos quais, quer os novos arautos queiram ou não queiram, a Pátria deve o sacrifício supremo das suas vidas. Para humildemente tentar lavar, com o grão de talento possível, essa mancha, também foi escrito este livro.

(continua)
Magalhães Pinto

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