(continuação)
INTRODUÇÃO
“Quando os países que se adquirem, como disse, se habituaram a viver com as suas leis e em liberdade, há três maneiras para se manterem: a primeira é destruí-los; a segunda é ir para lá viver pessoalmente; a terceira é deixá-los viver com as suas leis, tributando-os e neles estabelecendo um governo formado por poucos que no-lo mantenham amigo. Porque tendo sido um tal governo criado pelo príncipe, os seus membros sabem muito bem que precisam da amizade e do apoio dele, sem o que não poderiam subsistir. E é evidente que, se não se deseja fazer decair uma cidade habituada a viver livre, o melhor modo de a conservar é através dos seus próprios cidadãos: qualquer outro método produz efeitos contrários… Mas, quando as cidades ou as províncias se habituam a viver sob o domínio de um príncipe, extinguida a antiga estirpe, estando, por um lado, habituadas a obedecer e não tendo, pelo outro, antigos chefes, não se acordam em criar um novo e não sabem viver livres: de modo que são mais lentos em tomar as armas e é possível a um príncipe vencê-las mais facilmente e mantê-las. Mas as Repúblicas têm maior vida, maior ódio e mais desejo de vingança: a lembrança da antiga liberdade não as deixa nem pode deixar em descanso. Eis porque o método mais eficaz para as reduzir é aniquilá-las ou conciliá-las lá vivendo”.
Nicolau Maquiavel – “O Príncipe” – 1513
(continua)
Magalhães Pinto
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