"JARDIM GONÇALVES SABIA DA SITUAÇÃO DO FILHO NO BANCO A QUE PRESIDE?"
resultados da sondagem aberta neste blog durante uma semana:
a) - Não sabia: 0%
b) - Sabia, mas não autorizou: 6%
c) - Sabia e autorizou: 81%
d) - Sabia e ordenou: 13%
. . . OS SINAIS DO NOSSO TEMPO, NUM REGISTO DESPRETENSIOSO, BEM HUMORADO POR VEZES E SEMPRE CRÍTICO. . .
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31.10.07
PENSAMENTO DO DIA
A reforma "José Sócrates" na Educação está em vias de produzir, provavelmente já em 2009, este resultadoi prodigioso, que nos colocará à frente dos países desenvolvidos do Mundo:
- Taxa de aproveitamento escolar: 100%
- Taxa de abandono escolar: 0%
Taxas seguramente inversas às de sucesso profissional dos novos alunos, pela vida fora.
- Taxa de aproveitamento escolar: 100%
- Taxa de abandono escolar: 0%
Taxas seguramente inversas às de sucesso profissional dos novos alunos, pela vida fora.
FRASE DO DIA
"Quem tem de prestar informações ao Banco de Portugal sobre empréstimos concedidos a familiares directos (proibidos desde 1993) são os administradores que o fazem, comunicando as operações à secretaria da sociedade, a qual depois informa o Banco de Portugal."
Filipe Pinhal (Presidente do BCP) - "PÚBLICO" - 31/10/2007
***
Procuremos a secretária que tramou Jardim Gonçalves!...
Filipe Pinhal (Presidente do BCP) - "PÚBLICO" - 31/10/2007
***
Procuremos a secretária que tramou Jardim Gonçalves!...
PERGUNTAS SEM RESPOSTA
OS HERÓIS E O MEDO - 71º. fascículo
(continuação)
A rapariga olhava para ele, fascinada. Como era diferente aquele discurso do sempre ouvido em sua casa. Cheio de generosidade. Um, o de casa, virado para o passado. Outro, o do Zé, virado para o futuro. Um, parado, contemplativo. Outro, em movimento, modificativo. O passado pouco contava para ela, concluiu. E podia o passado contar para um jovem que não via futuro à sua frente? Como era belo o Zé António ao lutar por aqueles ideais. Não havia dúvida, estava apaixonada por ele. E fez questão de não lhe deixar dúvidas sobre isso nos momentos que se seguiram.
Nessa noite, Rafaela leu, pela primeira vez, a edição clandestina do Avante. Na primeira página, em jeito de anedota, um apelo aos jovens. O de se oferecerem como voluntários para o Ultramar desde que quisessem ser heróis com um tiro nos cornos e um sobretudo de madeira. Enquanto isso, António Soveral, na quietude da sala de estar da sua residência, não escondia de Amélia um queixume pela sua mobilização intempestiva, seguramente punição para a firmeza com que procurara a libertação do filho. Na alma, uma ténue inquietude provocada pela vaga consciência de que mal andaria o regime se fosse injusto com aqueles a quem cumpria defender o Ultramar. Mais tarde ou mais cedo, o preço das injustiças viria à superfície e sobrepor-se-ia ao sentimento do dever.
(continua)
Magalhães Pinto
A rapariga olhava para ele, fascinada. Como era diferente aquele discurso do sempre ouvido em sua casa. Cheio de generosidade. Um, o de casa, virado para o passado. Outro, o do Zé, virado para o futuro. Um, parado, contemplativo. Outro, em movimento, modificativo. O passado pouco contava para ela, concluiu. E podia o passado contar para um jovem que não via futuro à sua frente? Como era belo o Zé António ao lutar por aqueles ideais. Não havia dúvida, estava apaixonada por ele. E fez questão de não lhe deixar dúvidas sobre isso nos momentos que se seguiram.
Nessa noite, Rafaela leu, pela primeira vez, a edição clandestina do Avante. Na primeira página, em jeito de anedota, um apelo aos jovens. O de se oferecerem como voluntários para o Ultramar desde que quisessem ser heróis com um tiro nos cornos e um sobretudo de madeira. Enquanto isso, António Soveral, na quietude da sala de estar da sua residência, não escondia de Amélia um queixume pela sua mobilização intempestiva, seguramente punição para a firmeza com que procurara a libertação do filho. Na alma, uma ténue inquietude provocada pela vaga consciência de que mal andaria o regime se fosse injusto com aqueles a quem cumpria defender o Ultramar. Mais tarde ou mais cedo, o preço das injustiças viria à superfície e sobrepor-se-ia ao sentimento do dever.
(continua)
Magalhães Pinto
SORRISO DO DIA
Uma senhora comprou um novo armário para seu quarto. Depois de montado, notou que, sempre que o autocarro passava na rua, as portas do armário abriam. Chamou o marceneiro e pediu que reparasse o problema.
O marceneiro estranhou e não viu razão para o problema. Para ver o que se passava, o marceneiro sentou-se dentro do armário para, quando o autocarro passasse, verificar a razão para a abertura das portas.
Ainda não tinha passado o autocarro, quando chegou a casa o homem da senhora. Despe o casaco e vai arrumá-lo no armário. Encontra lá, naturalmente o marceneiro. Já um pouco fora de si e com suspeitas insuportáveis a morder-lhe o pensamento, pergunta-lhe:
- O que é que o senhor está a fazer aí dentro?
- O senhor não vai acreditar - responde o marceneiro - mas estou à espera do autocarro!...
30.10.07
PENSAMENTO DO DIA
Segundo noticia o "PÚBLICO", parece que a administração do BCP discorda de que seja o banco mais pequeno a absorver o banco maior. Recusando a outros algo que, num passado ainda não muito longínquo, adoptou para si próprio. O BCP mostra-se, neste agonizante arrastar do fim da sua vida, um dos maiores bluffs da realidade financeira portuguesa.
FRASE DO DIA
"As escolas mais bem classificadas ficariam longe dos primeiros lugares se tivessem os alunos das piores."
Vital Moreira - "PÚBLICO" - 30/10/2007
***
É. E os galos é que poriam ovos se fossem galinhas!... Esquece o eminente pensador porque é que os alunos das melhores procuram exactamente as escolas melhores!...
Vital Moreira - "PÚBLICO" - 30/10/2007
***
É. E os galos é que poriam ovos se fossem galinhas!... Esquece o eminente pensador porque é que os alunos das melhores procuram exactamente as escolas melhores!...
´CRÓNICA DA SEMANA
Não obstante tudo o que se possa pensar, o mundo dos negócios está assente numa trave mestra fundamental. A confiança. Sem ela, não são possíveis negócios. Compramos um produto ou serviço confiantes de que o que compramos vai satisfazer a nossa necessidade. Por isso, pagamos um preço. Por isso, somos cuidadosos na escolha da entidade a quem compramos tal produto ou serviço. Cientes de que o tempo altera quer os factores de decisão de quem compra, quer a capacidade de quem vende para satisfazer o seu compromisso, em muitos casos reduzimos a escrito os termos do contrato respectivo. Mas, mesmo aí, ao apormos a nossa assinatura num documento que fica a reger qualquer transacção, ainda estamos confiantes. Em muitas coisas. E, principalmente, em que quem assina honrará a sua assinatura.
Isto exige, naturalmente, que quem se envolve no mundo dos negócios deva precaver os seus actos, as suas atitudes, as suas palavras. É da natureza impoluta dos actos, das atitudes e das palavras de alguém que anda no mundo dos negócios que resulta um factor inestimável para o seu sucesso: o crédito. A credibilidade da pessoa, garantia da credibilidade dos negócios que com tal pessoa se tratarem. Dito assim, isto aplica-se qualquer que seja a natureza do negócio em que cada qual se envolve. Mas a exigência assume um grau ainda maior quando estamos a falar de um banqueiro. O objecto do negócio de um banqueiro é o dinheiro. Dinheiro que é, por um lado, o bem mais fungível que há. Isto é, o bem que se pode trocar seja porque bem material seja. Dinheiro que é, por outro lado, a tradução material de tudo quanto pertence a cada qual. Enfim, porque o objecto do negócio dá muito poder a quem o negócio pertence ou administra.
Vem isto a propósito de uma carta – que deveria ser íntima e muito pessoal - publicada na última edição do “Expresso”. Escrita pelo Presidente do Conselho Superior – isto é, pela autoridade suprema dos órgãos de gestão – do Banco Millenium/BCP. Por objecto, aquilo que tem sido o grande tema de conversa e polémica sobre aquele banco. As dívidas alegadamente perdoadas ao filho daquele Presidente. Uma carta cuja leitura me deixou atónito. Tão artificial como disparatada nos seus argumentos. Uma carta cuja anatomia de algumas passagens vale a pena analisar, para bem termos a noção da qualidade com que aquele banco é gerido.
***
Excerto da crónica ANATOMIA DE UMA CARTA - Magalhães Pinto - "VIDA ECONÓMICA" - 31/10/2007
Isto exige, naturalmente, que quem se envolve no mundo dos negócios deva precaver os seus actos, as suas atitudes, as suas palavras. É da natureza impoluta dos actos, das atitudes e das palavras de alguém que anda no mundo dos negócios que resulta um factor inestimável para o seu sucesso: o crédito. A credibilidade da pessoa, garantia da credibilidade dos negócios que com tal pessoa se tratarem. Dito assim, isto aplica-se qualquer que seja a natureza do negócio em que cada qual se envolve. Mas a exigência assume um grau ainda maior quando estamos a falar de um banqueiro. O objecto do negócio de um banqueiro é o dinheiro. Dinheiro que é, por um lado, o bem mais fungível que há. Isto é, o bem que se pode trocar seja porque bem material seja. Dinheiro que é, por outro lado, a tradução material de tudo quanto pertence a cada qual. Enfim, porque o objecto do negócio dá muito poder a quem o negócio pertence ou administra.
Vem isto a propósito de uma carta – que deveria ser íntima e muito pessoal - publicada na última edição do “Expresso”. Escrita pelo Presidente do Conselho Superior – isto é, pela autoridade suprema dos órgãos de gestão – do Banco Millenium/BCP. Por objecto, aquilo que tem sido o grande tema de conversa e polémica sobre aquele banco. As dívidas alegadamente perdoadas ao filho daquele Presidente. Uma carta cuja leitura me deixou atónito. Tão artificial como disparatada nos seus argumentos. Uma carta cuja anatomia de algumas passagens vale a pena analisar, para bem termos a noção da qualidade com que aquele banco é gerido.
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Excerto da crónica ANATOMIA DE UMA CARTA - Magalhães Pinto - "VIDA ECONÓMICA" - 31/10/2007
FIGURA DO DIA
PERGUNTAS SEM RESPOSTA
OS HERÓIS E O MEDO - 70º. fascículo
(continuação)
Regressados a Lisboa, Rafaela voou para os braços do Zé António. Num intervalo das suas efusões amorosas, contou-lhe do pai. O rapaz quis saber mais. Para que província iria. Quando seria a partida. Iria só ou a comandar um batalhão. Rafaela chegou a brincar com ele e a perguntar-lhe se ele era da Pide. A pergunta desencadeou nele uma violenta reacção. Nunca, ouviste, nunca poderia ser um desses. Polícias malditos que torturam, que matam. Tu sabes de quanto eles são capazes? Sabes o que é aparecerem-te de madrugada em casa e, sem qualquer explicação, levarem-te para o quartel-general deles, onde te desfazem a consciência, o respeito por ti mesmo? Sabes o que é esfacelarem-te a resistência até pedires perdão até pelo que não fizeste? Polvo maldito com milhares de tentáculos compridos como a sua maldade. Com milhares de olhos e ouvidos. Fazendo de cada um de nós ou espião ou espiado. E o pior, Rafaela, é que cada um de nós é culpado das atrocidades por eles cometidas. Nenhum de nós pode eximir-se a essa responsabilidade. Mas eu, Rafaela, eu, pelo menos, luto. E se não fossem homens como o teu pai já há muito tínhamos vencido. Quando este regime acabar e a liberdade voltar, Rafaela, o que vai doer não vai ser a pancada que levámos. O que vai doer, a sério mesmo, vai ser o silêncio do passado. Uma geração inteira sacrificada à defesa dos interesses de meia dúzia de tubarões. A África é dos africanos, Rafaela. Quando lá chegámos, já eles lá estavam. Não me venhas com essa, Rafaela. Cristo é uma boa treta para levar à certa a credulidade do nosso povo. Com a Igreja a ajudar à missa. Mas isto vai acabar um dia, tu verás. A venda vai cair e a mordaça tornar-se-á pó. E o país há-de ser devolvido, de novo, aos trabalhadores. E nós, jovens, temos muito que trabalhar para isso, Rafaela. Com os velhos já não é possível. Estão demasiado habituados à mordaça para a notar. Estão oprimidos há tempo demais para se aperceberem da opressão. Os seus olhos, de tanto tempo vendados já não vêem nem a luz. Deixa os militares, como o teu pai, ficarem cansados da guerra, Rafaela, e verás como serão eles a derrubar o senhor que agora servem. Os militares são os nobres do nosso tempo. Uma casta com privilégios. Tire-lhes o soberano os privilégios e combaterão o soberano. Fazer a guerra não é um privilégio. É o preço de todos os outros. A guerra cansa, Rafaela. Os padres não contam, miúda. A Igreja não faz outra coisa senão navegar à vela. Vê para onde sopra o vento e aproveita-o. É uma boa treta essa duma religião que te manda oferecer a outra face quando te esbofeteiam. É uma boa treta, essa, de reservar um outro mundo para os pobres, deixando os prazeres deste só para os futuros condenados. É neste mundo que quem peca deve ser condenado, Rafaela.
(continua)
Magalhães Pinto
Regressados a Lisboa, Rafaela voou para os braços do Zé António. Num intervalo das suas efusões amorosas, contou-lhe do pai. O rapaz quis saber mais. Para que província iria. Quando seria a partida. Iria só ou a comandar um batalhão. Rafaela chegou a brincar com ele e a perguntar-lhe se ele era da Pide. A pergunta desencadeou nele uma violenta reacção. Nunca, ouviste, nunca poderia ser um desses. Polícias malditos que torturam, que matam. Tu sabes de quanto eles são capazes? Sabes o que é aparecerem-te de madrugada em casa e, sem qualquer explicação, levarem-te para o quartel-general deles, onde te desfazem a consciência, o respeito por ti mesmo? Sabes o que é esfacelarem-te a resistência até pedires perdão até pelo que não fizeste? Polvo maldito com milhares de tentáculos compridos como a sua maldade. Com milhares de olhos e ouvidos. Fazendo de cada um de nós ou espião ou espiado. E o pior, Rafaela, é que cada um de nós é culpado das atrocidades por eles cometidas. Nenhum de nós pode eximir-se a essa responsabilidade. Mas eu, Rafaela, eu, pelo menos, luto. E se não fossem homens como o teu pai já há muito tínhamos vencido. Quando este regime acabar e a liberdade voltar, Rafaela, o que vai doer não vai ser a pancada que levámos. O que vai doer, a sério mesmo, vai ser o silêncio do passado. Uma geração inteira sacrificada à defesa dos interesses de meia dúzia de tubarões. A África é dos africanos, Rafaela. Quando lá chegámos, já eles lá estavam. Não me venhas com essa, Rafaela. Cristo é uma boa treta para levar à certa a credulidade do nosso povo. Com a Igreja a ajudar à missa. Mas isto vai acabar um dia, tu verás. A venda vai cair e a mordaça tornar-se-á pó. E o país há-de ser devolvido, de novo, aos trabalhadores. E nós, jovens, temos muito que trabalhar para isso, Rafaela. Com os velhos já não é possível. Estão demasiado habituados à mordaça para a notar. Estão oprimidos há tempo demais para se aperceberem da opressão. Os seus olhos, de tanto tempo vendados já não vêem nem a luz. Deixa os militares, como o teu pai, ficarem cansados da guerra, Rafaela, e verás como serão eles a derrubar o senhor que agora servem. Os militares são os nobres do nosso tempo. Uma casta com privilégios. Tire-lhes o soberano os privilégios e combaterão o soberano. Fazer a guerra não é um privilégio. É o preço de todos os outros. A guerra cansa, Rafaela. Os padres não contam, miúda. A Igreja não faz outra coisa senão navegar à vela. Vê para onde sopra o vento e aproveita-o. É uma boa treta essa duma religião que te manda oferecer a outra face quando te esbofeteiam. É uma boa treta, essa, de reservar um outro mundo para os pobres, deixando os prazeres deste só para os futuros condenados. É neste mundo que quem peca deve ser condenado, Rafaela.
(continua)
Magalhães Pinto
29.10.07
SUGESTÃO TURÍSTICA
BÚZIOS + RIO DE JANEIRO
A 180 kms a noroeste do Rio de Janeiro, localiza-se a pequena povoação de Búzios, antigamente uma vila piscaória e hoje demandada pelos turistas que gostam da simplicidade e do encanto das belezas naturais.
Buzios tornou-se célebre porque, na década de sessenta, a actris de ciunema francesa Brigitte Bardot por ali passou, deixando-se encantar e dizendo, no final, que aquela era a praia da sua vida. Hoje, são exploradas mais de vinte praias maravilhosas, cada uma com seus encantos próprios.
Há entretenimento para todos os gostos. A vida nocturna é bastante animada. E numerosos restaurantes permitem desfrutar a excelente cozinha brasileira.
Há hotéis para todos os gostos, notabilizando-se aqueles que resultam do aproveitamento de antigas casas coloniais
Com o Rio de Janeiro ali tão perto, é obrigatótio, naturalmente, passar duas ou três noites na Cidade Maravilhosa.
Preço aproximado por pessoa, sete noites em alojamento duplo, incluindo viagem e estadia com pequeno almoço, cerca de 1.300,oo euros, incluindo todas as taxas.
(Gentileza de Viagens 747)
PENSAMENTO DO DIA
As companhias aéreas de baixo custo absorvem paulatinamente uma cada vez maior fatia do mercado do transporte aéreo. E contra isto nenhuma greve do pessoal das tradicionais e majestáticas companhias aéreas do passado poderá fazer nada. A majestade está em vias de acabar. E andar de avião vai ser praticamente igual a andar de Metro.
FRASE DO DIA
"O seu (de José Sócrates) problema é explicar (a não realização de referendo sobre o Tratado Europeu) aos eleitores a quebra de mais uma promessa eleitoral."
José Manuel Fernandes - "PÚBLICO" - 29/10/2001
***
Nenhum problema. Já são tantas as promessas incumpridas que mais uma menos uma nem se nota!...
José Manuel Fernandes - "PÚBLICO" - 29/10/2001
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Nenhum problema. Já são tantas as promessas incumpridas que mais uma menos uma nem se nota!...
FIGURA DO DIA
OS HERÓIS E O MEDO - 69º. fascículo
(continuação)
Assim Rafaela ficou a saber da nova mobilização do pai. Era-lhe relativamente indiferente. Desde muito nova se tinha habituado à ideia de lhe não pertencer o pai. E de ser seu destino andar a saltar de lado para lado. Além disso, entendia que a função de um militar era fazer a guerra e o pai, tal como o irmão, não tinha outro remédio senão fazê-la, agora que ela existia. Já quando fora da invasão da Índia, apanhando lá o irmão, tivera grandes discussões com a mãe sobre o assunto. A mãe vivera quase de luto quando o irmão fora aprisionado. Como se ser prisioneiro não fosse um dos riscos de ser militar. Sempre era bem melhor do que morrer, outro dos riscos, e o maior, da função. Era bem melhor comer pão amassado pelo diabo do que morrer, concluía ela sistematicamente, quando a mãe lamuriava os prováveis tormentos do filho no campo indiano de prisioneiros.
(continua)
Magalhães Pinto
Assim Rafaela ficou a saber da nova mobilização do pai. Era-lhe relativamente indiferente. Desde muito nova se tinha habituado à ideia de lhe não pertencer o pai. E de ser seu destino andar a saltar de lado para lado. Além disso, entendia que a função de um militar era fazer a guerra e o pai, tal como o irmão, não tinha outro remédio senão fazê-la, agora que ela existia. Já quando fora da invasão da Índia, apanhando lá o irmão, tivera grandes discussões com a mãe sobre o assunto. A mãe vivera quase de luto quando o irmão fora aprisionado. Como se ser prisioneiro não fosse um dos riscos de ser militar. Sempre era bem melhor do que morrer, outro dos riscos, e o maior, da função. Era bem melhor comer pão amassado pelo diabo do que morrer, concluía ela sistematicamente, quando a mãe lamuriava os prováveis tormentos do filho no campo indiano de prisioneiros.
(continua)
Magalhães Pinto
28.10.07
PENSAMENTO DO DIA
FRASE DO DIA
FIGURA DO DIA
OS HERÓIS E O MEDO - 68º. fascículo
(continuação)
António Soveral estava empolgado. Sempre lhe acontecia isso quando recordava a História pátria. A mulher passara um braço em redor da sua cintura e olhava-o embevecida. Rafaela estava calada. Sabia que, quando o pai começava a falar assim, o melhor era aguentar calada. Ele não gostava de ser interrompido nesses momentos. No entanto, julgava ser orgulho a mais por factos perdidos no tempo. Importante era o tempo presente. Como dizia o Zé António, esse império só tinha servido para enriquecer uns tantos. Os marinheiros anónimos pobres eram antes dos descobrimentos e pobres ficaram depois disso. Aves de rapina, era o que tínhamos sido, concluía invariavelmente.
António Soveral continuou. Uma ameaça terrível paira, hoje, sobre esse império. O mundo dificilmente suporta a ideia de que um país originalmente tão pequeno como o nosso possa ter uma extensão tão vasta no Ultramar. Nem compreende uma Pátria multicontinental e multirracial. As riquezas desses territórios são cobiçadas. Até por países bem mais ricos do que nós. E trava-se, neste momento, uma batalha feroz pelo domínio do mundo. Entre duas potências dos tempos modernos. Os seus interesses são económicos. Mas ambos disfarçam a cupidez embrulhando-a nas ideologias. Particularmente os comunistas são especialistas nisso. Moscovo aproveita o descontentamento de meia dúzia de inúteis existentes nas províncias ultramarinas e dá-lhes uma razão para nos combaterem. Temos que ser novamente grandes para nos defendermos. Temos o direito de ocupar os territórios onde levámos a fé cristã e cujas gentes educámos nos mais sãos princípios da cristandade. Em nome daqueles que foram grandes na construção do império, não temos o direito de o abandonar. É nosso dever ganhar o tempo suficiente para que todas as nações da Terra compreendam a nossa razão. Tal como naquele tempo, é hora de as mães, as filhas e as mulheres acenarem os lenços junto à Torre de Belém, com alguma tristeza, é certo, mas também com a alegria de quem cumpre um dever. São muito difíceis os tempos actuais e o mundo precisa do nosso exemplo. Temos que ser corajosos outra vez. Os ventos adversos são agora os da História, mas não são mais fortes. As tempestades são de fogo agora, mas não matam mais. A hostilidade chega agora pela televisão e não pela voz dos que foram e voltaram, mas não há-de quebrar a nossa vontade. Vou novamente para o Ultramar. Não faço mais do que o meu dever. Assim como é vosso dever aceitar isso serenamente. Se Deus quiser, não me há-de acontecer nada. E tu, Rafaela, terás que ser o amparo da tua mãe. O Ricardo estará em breve junto de vós, se cumprirem o que me prometeram. Mas não acredito que seja por muito tempo. Todos somos poucos para defender a herança da nossa História. E ele também acabará por partir.
(continua)
Magalhães Pinto
António Soveral estava empolgado. Sempre lhe acontecia isso quando recordava a História pátria. A mulher passara um braço em redor da sua cintura e olhava-o embevecida. Rafaela estava calada. Sabia que, quando o pai começava a falar assim, o melhor era aguentar calada. Ele não gostava de ser interrompido nesses momentos. No entanto, julgava ser orgulho a mais por factos perdidos no tempo. Importante era o tempo presente. Como dizia o Zé António, esse império só tinha servido para enriquecer uns tantos. Os marinheiros anónimos pobres eram antes dos descobrimentos e pobres ficaram depois disso. Aves de rapina, era o que tínhamos sido, concluía invariavelmente.
António Soveral continuou. Uma ameaça terrível paira, hoje, sobre esse império. O mundo dificilmente suporta a ideia de que um país originalmente tão pequeno como o nosso possa ter uma extensão tão vasta no Ultramar. Nem compreende uma Pátria multicontinental e multirracial. As riquezas desses territórios são cobiçadas. Até por países bem mais ricos do que nós. E trava-se, neste momento, uma batalha feroz pelo domínio do mundo. Entre duas potências dos tempos modernos. Os seus interesses são económicos. Mas ambos disfarçam a cupidez embrulhando-a nas ideologias. Particularmente os comunistas são especialistas nisso. Moscovo aproveita o descontentamento de meia dúzia de inúteis existentes nas províncias ultramarinas e dá-lhes uma razão para nos combaterem. Temos que ser novamente grandes para nos defendermos. Temos o direito de ocupar os territórios onde levámos a fé cristã e cujas gentes educámos nos mais sãos princípios da cristandade. Em nome daqueles que foram grandes na construção do império, não temos o direito de o abandonar. É nosso dever ganhar o tempo suficiente para que todas as nações da Terra compreendam a nossa razão. Tal como naquele tempo, é hora de as mães, as filhas e as mulheres acenarem os lenços junto à Torre de Belém, com alguma tristeza, é certo, mas também com a alegria de quem cumpre um dever. São muito difíceis os tempos actuais e o mundo precisa do nosso exemplo. Temos que ser corajosos outra vez. Os ventos adversos são agora os da História, mas não são mais fortes. As tempestades são de fogo agora, mas não matam mais. A hostilidade chega agora pela televisão e não pela voz dos que foram e voltaram, mas não há-de quebrar a nossa vontade. Vou novamente para o Ultramar. Não faço mais do que o meu dever. Assim como é vosso dever aceitar isso serenamente. Se Deus quiser, não me há-de acontecer nada. E tu, Rafaela, terás que ser o amparo da tua mãe. O Ricardo estará em breve junto de vós, se cumprirem o que me prometeram. Mas não acredito que seja por muito tempo. Todos somos poucos para defender a herança da nossa História. E ele também acabará por partir.
(continua)
Magalhães Pinto
27.10.07
PENSAMENTO DO DIA
FRASE DO DIA
"Novo aeroporto de Lisboa em Alcochete permite economizar 3.000.000.000 de euros em relação à OTA."
Jornal da Noite - "SIC" - 26/10/2007
***
O espantoso não é a dimensão da economia. O espantoso não é esta conclusão só ter sido possível graças à iniciativa da sociedade civil, substituido-se ao Governo nas suas obrigações. O verdadeiramente espantoso é que um Governo, que a si mesmo se arroga como o eliminador do défice público, para isso esmagando fiscal e socialmente os cidadãos, dissesse, ainda não há muito, que não havia alternativa à OTA. E permaneça em funções.
FIGURA DO DIA
Filipe La Feria. Empresário e produtor teatral. Corajoso suficiente para tentar trazer para o Porto o benefício das suas produções musicais, tal como existem em Lisboa. O homem que meteu mais gente no Teatro Rivoli em meio ano do que todos esses intelectuais fizeram em quase duas décadas de exploração do erário público. Provavelmente arrependido já da sua iniciativa.
PERGUNTAS SEM RESPOSTA
OS HERÓIS E O MEDO - 67º. fascículo
(continuação)
Viajaram em direcção ao sul no pequeno automóvel do pai. Em direcção a Estremoz, primeiro. Após o que rumaram ao Algarve, em diagonal. Até Sagres. No promontório, encostado ao muro do miradoiro debruçado sobre o mar, uma ligeira brisa a despentear-lhe os fartos cabelos brancos, António Soveral abraçou a mulher e a filha, cada qual do seu lado. E falou-lhes. António Soveral tinha o dom da palavra e as suas frases tinham o condão de pintar, na imaginação de quem ouvia, quadros indeléveis dos acontecimentos. Dizia a lenda que ali, naquele preciso sítio, o Infante tinha instalado uma escola de formação de marinheiros e outros cientistas da arte de navegar. E que dali tinham partido os Portugueses à descoberta de um mundo escondido por detrás do mar. Fora um tempo de heroicidade. Em que a coragem dos homens tinha vencido o medo e a adversidade. Antes de eles partirem e regressarem, com notícias de novos mundos, Rafaela, o mar era visto, pelos europeus, como um espaço dominado por monstros e a acabar num abismo. Ai daqueles que se aventurassem nos limites desse abismo. Seriam impiedosamente tragados por ele. Todo o nosso povo foi herói nesse tempo. Os idos, tantos deles para não voltarem mais, e os que ficaram. Até os condenados às galés, parte maior das tripulações, foram heróis na escolha entre uma morte quase certa e a indignidade das grilhetas. Correram todos perigos sem conta. No mar e em terra. O pavor do desconhecido. A hostilidade de outros povos. O furor das tempestades. A fome a morder. A sede a enlouquecer. Os ambientes inóspitos. Os amigos a morrer ao lado. A recordação dos entes queridos que não se sabia se voltariam a ser vistos. E aqui, em Portugal, a paciência dos que ficavam. A recordação diária dos idos. A ausência de notícias. A paciente espera pelos barcos partidos, há tanto tempo parecia. Que grandes nós fomos! Em memória desses muitos que foram grandes, não temos hoje o direito de pensar e agir com pequenez. A luz da humanidade ficou mais clara com o sacrifício da nossa gente. Rasgámos em pedaços os mapas até aí desenhados. Trouxemos conosco amostras de outras civilizações até aí desconhecidas. Escrevemos as páginas mais difíceis do Renascimento, usando os nossos homens como pena e o seu sangue como tinta. Matámos os monstros a viverem no imaginário da Humanidade. Obrigámos o mar a curvar-se perante a nossa vontade. As ondas alterosas amainaram à passagem da nossa coragem. Não houve canto do mundo sem a visita dos Portugueses. E construímos um império à dimensão da nossa grandeza.
(continua)
Magalhães Pinto
Viajaram em direcção ao sul no pequeno automóvel do pai. Em direcção a Estremoz, primeiro. Após o que rumaram ao Algarve, em diagonal. Até Sagres. No promontório, encostado ao muro do miradoiro debruçado sobre o mar, uma ligeira brisa a despentear-lhe os fartos cabelos brancos, António Soveral abraçou a mulher e a filha, cada qual do seu lado. E falou-lhes. António Soveral tinha o dom da palavra e as suas frases tinham o condão de pintar, na imaginação de quem ouvia, quadros indeléveis dos acontecimentos. Dizia a lenda que ali, naquele preciso sítio, o Infante tinha instalado uma escola de formação de marinheiros e outros cientistas da arte de navegar. E que dali tinham partido os Portugueses à descoberta de um mundo escondido por detrás do mar. Fora um tempo de heroicidade. Em que a coragem dos homens tinha vencido o medo e a adversidade. Antes de eles partirem e regressarem, com notícias de novos mundos, Rafaela, o mar era visto, pelos europeus, como um espaço dominado por monstros e a acabar num abismo. Ai daqueles que se aventurassem nos limites desse abismo. Seriam impiedosamente tragados por ele. Todo o nosso povo foi herói nesse tempo. Os idos, tantos deles para não voltarem mais, e os que ficaram. Até os condenados às galés, parte maior das tripulações, foram heróis na escolha entre uma morte quase certa e a indignidade das grilhetas. Correram todos perigos sem conta. No mar e em terra. O pavor do desconhecido. A hostilidade de outros povos. O furor das tempestades. A fome a morder. A sede a enlouquecer. Os ambientes inóspitos. Os amigos a morrer ao lado. A recordação dos entes queridos que não se sabia se voltariam a ser vistos. E aqui, em Portugal, a paciência dos que ficavam. A recordação diária dos idos. A ausência de notícias. A paciente espera pelos barcos partidos, há tanto tempo parecia. Que grandes nós fomos! Em memória desses muitos que foram grandes, não temos hoje o direito de pensar e agir com pequenez. A luz da humanidade ficou mais clara com o sacrifício da nossa gente. Rasgámos em pedaços os mapas até aí desenhados. Trouxemos conosco amostras de outras civilizações até aí desconhecidas. Escrevemos as páginas mais difíceis do Renascimento, usando os nossos homens como pena e o seu sangue como tinta. Matámos os monstros a viverem no imaginário da Humanidade. Obrigámos o mar a curvar-se perante a nossa vontade. As ondas alterosas amainaram à passagem da nossa coragem. Não houve canto do mundo sem a visita dos Portugueses. E construímos um império à dimensão da nossa grandeza.
(continua)
Magalhães Pinto
26.10.07
FRASE DO DIA
PENSAMENTO DO DIA
Com a nova Lei escolar, vamos ter novamente melhorados os indicadores apresentados pelo Governo que confirmam a sua "boa" política na Educação. Começo a ter esperanças de ver reduzida a taxa de mortalidade. Basta, para tal, fazer como na Lei escolar: fechar os olhos e deitar os mortos ao lixo. Então, poderá ser glorificada a política da Saúde, também.
PERGUNTAS SEM RESPOSTA
FIGURA DO DIA
Banco Português de Investimento. Nascido cerca de 1980. Uma instituição que cresceu à custa do trabalho dos seus colaboradores e graças à seriedade dos seus processos. Ou não fosse o seu criador e grande obreiro Artur dos Santos Silva um banqueiro à moda antiga no carácter e à moda moderna nos processos. Por ter assumido a atitude patriótica de proteger o BCP/Millenium da cobiça de grandes instituições estrangeiras, propondo, com civilidade, uma fusão com este último banco. O qual, ainda há bem pouco tempo o agrediu vigorosamente, embora sem causar grande dano.
OS HERÓIS E O MEDO - 66º. fascículo
(continuação)
IX
António Soveral foi passear com a mulher e a filha nesse longo fim de semana. O 15 de Agosto calhava a uma terça-feira e Soveral decidira juntar-lhe a segunda também. Com alguma má vontade da parte de Rafaela. O fim de semana passado com os pais significava estar longe do Zé António tempo demasiado. O Zé era um companheiro delicioso, tanto na cama como fora dela. E, além disso, tinha-a já introduzido no círculo dos seus amigos. Gente livre, rebelde como ela. Costumavam encontrar-se todos numa casa isolada para os lados do Barreiro, para beberem uns copos. Fumarem erva, então a circular em círculos bastante restritos. Ouvirem música. Ás vezes um deles recitava poesia. Era comum os poemas recitados serem de Manuel Alegre, um poeta que ela desconhecia. Mas gostava dos poemas, da revolta neles contida. Ainda chegou, uma vez, a rebuscar a bem abastecida biblioteca do pai, para ver se encontrava lá alguma referência ao poeta, mas não encontrou nada. Lá para as tantas, alguém metia na conversa o bota-abaixo do regime. As vozes baixavam de tom, nessa altura.
(continua)
Magalhães Pinto
IX
António Soveral foi passear com a mulher e a filha nesse longo fim de semana. O 15 de Agosto calhava a uma terça-feira e Soveral decidira juntar-lhe a segunda também. Com alguma má vontade da parte de Rafaela. O fim de semana passado com os pais significava estar longe do Zé António tempo demasiado. O Zé era um companheiro delicioso, tanto na cama como fora dela. E, além disso, tinha-a já introduzido no círculo dos seus amigos. Gente livre, rebelde como ela. Costumavam encontrar-se todos numa casa isolada para os lados do Barreiro, para beberem uns copos. Fumarem erva, então a circular em círculos bastante restritos. Ouvirem música. Ás vezes um deles recitava poesia. Era comum os poemas recitados serem de Manuel Alegre, um poeta que ela desconhecia. Mas gostava dos poemas, da revolta neles contida. Ainda chegou, uma vez, a rebuscar a bem abastecida biblioteca do pai, para ver se encontrava lá alguma referência ao poeta, mas não encontrou nada. Lá para as tantas, alguém metia na conversa o bota-abaixo do regime. As vozes baixavam de tom, nessa altura.
(continua)
Magalhães Pinto
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