
Isto exige, naturalmente, que quem se envolve no mundo dos negócios deva precaver os seus actos, as suas atitudes, as suas palavras. É da natureza impoluta dos actos, das atitudes e das palavras de alguém que anda no mundo dos negócios que resulta um factor inestimável para o seu sucesso: o crédito. A credibilidade da pessoa, garantia da credibilidade dos negócios que com tal pessoa se tratarem. Dito assim, isto aplica-se qualquer que seja a natureza do negócio em que cada qual se envolve. Mas a exigência assume um grau ainda maior quando estamos a falar de um banqueiro. O objecto do negócio de um banqueiro é o dinheiro. Dinheiro que é, por um lado, o bem mais fungível que há. Isto é, o bem que se pode trocar seja porque bem material seja. Dinheiro que é, por outro lado, a tradução material de tudo quanto pertence a cada qual. Enfim, porque o objecto do negócio dá muito poder a quem o negócio pertence ou administra.
Vem isto a propósito de uma carta – que deveria ser íntima e muito pessoal - publicada na última edição do “Expresso”. Escrita pelo Presidente do Conselho Superior – isto é, pela autoridade suprema dos órgãos de gestão – do Banco Millenium/BCP. Por objecto, aquilo que tem sido o grande tema de conversa e polémica sobre aquele banco. As dívidas alegadamente perdoadas ao filho daquele Presidente. Uma carta cuja leitura me deixou atónito. Tão artificial como disparatada nos seus argumentos. Uma carta cuja anatomia de algumas passagens vale a pena analisar, para bem termos a noção da qualidade com que aquele banco é gerido.
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Excerto da crónica ANATOMIA DE UMA CARTA - Magalhães Pinto - "VIDA ECONÓMICA" - 31/10/2007
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