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11.12.07

OS HERÓIS E O MEDO - 112º. fascículo

(continuação)

Não tardou a tocar a sineta para a primeira refeição. Lauta refeição, para quem estava habituado a só comer guisados e feijoadas. Finda a qual, o Mário, o Álvaro e o Manel foram para a amurada, acompanhando o recorte do continente com olhar nostálgico. Quase nada mais do que tentar identificar os acidentes que se viam em terra. Calados. Manuel trauteava baixinho um fado qualquer. De bloco na mão, Álvaro compunha um poema. Mário repartia o seu olhar pelo continente e pelas palavras que se iam alinhando no bloco do Álvaro.


Minha Pátria estremecida e desamada,
feita de gente por crescer, mas já gigante,
de avós ficando sempre mais avante,
do mundo achando tudo e querendo nada...

Na tua história triste, engalanada,
adivinho a eternidade do instante
em que, com egoísmo, mas amante,
Cumprirás a tua sina já traçada...

Partirás, novamente, do Restelo,
para os espaços ora descobertos
por aqueles que só sabem odiar...

E voltarás a plantar um marco belo,
a ficar como sinal, de olhos despertos,
da virtude de juntar Amar e o Mar!...

(continua)
Magalhães Pinto

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