. . . OS SINAIS DO NOSSO TEMPO, NUM REGISTO DESPRETENSIOSO, BEM HUMORADO POR VEZES E SEMPRE CRÍTICO. . .
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30.11.07
CURIOSIDADE
Graças às investigações do professor brasileiro Pasquale Cipro Neto, é possível sabermos como mudaram, no tempo, alguns provérbios e expressões populares portugueses. Fica aqui uma amostra, graças à gentileza do frequentador deste blog, F. Santos.
***
"Parece que tem bicho carpinteiro"
foi inicialmente
"Parece que tem bicho no corpo inteiro"
*
"Cor de burro quando foge."
foi inicialmente
"Corro do burro quando foge"
*
"Quem tem boca vai a Roma"
foi inicialmente
"Quem boca vaia Roma"
*
"Quem não tem cão caça com gato"
foi inicialmente
"Quem tem cão caça como gato" (sózinho, portanto)
(imagem de www.24xsegundo.com)
PENSAMENTO DO DIA
FRASE DO DIA
29.11.07
BREAK EVEN (VI)
(continuação)
Sabemos já que custos com esta característica são custos proporcionais. Se os tomássemos assim, tal e qual, para o cálculo do PCV tudo quanto podíamos calcular era uma série de PCV’s. E nenhum mal há nisso, se trabalhamos sobre hipóteses, sobre cenários. Mas se trabalhamos sobre um produto real, feito em condições económicas que conhecemos, condições que, no que for relativo aos custos, permitem identificar claramente quais os que variam e quais os que não variam, então podemos desprezar os CUSTOS PROPORCIONAIS, tomando como fixos os CUSTOS PROPORCIONAIS. E o PCV que assim calcularmos é válido dentro do intervalo em que os custos proporcionais não variam.
Para uma melhor idealização do que dissemos, veja-se graficamente o comportamento destes custos:
Sabemos já que custos com esta característica são custos proporcionais. Se os tomássemos assim, tal e qual, para o cálculo do PCV tudo quanto podíamos calcular era uma série de PCV’s. E nenhum mal há nisso, se trabalhamos sobre hipóteses, sobre cenários. Mas se trabalhamos sobre um produto real, feito em condições económicas que conhecemos, condições que, no que for relativo aos custos, permitem identificar claramente quais os que variam e quais os que não variam, então podemos desprezar os CUSTOS PROPORCIONAIS, tomando como fixos os CUSTOS PROPORCIONAIS. E o PCV que assim calcularmos é válido dentro do intervalo em que os custos proporcionais não variam.
Para uma melhor idealização do que dissemos, veja-se graficamente o comportamento destes custos:
FIGURA DO DIA
OS HERÓIS E O MEDO - 101º. fascículo
(continuação)
Nessa primeira noite dos dias de licença disponíveis, Soveral recebeu um telefonema do Pais, da PIDE. Queria falar com ele logo que possível e ainda antes do seu embarque. Embora não existissem entre eles quaisquer laços de amizade, as suas relações eram cordiais e vinham de longa data. No regresso da sua anterior comissão de serviço em África, o homem da polícia procurara deliberadamente encontros com ele, para ouvir o relato da situação vivida em Angola. António Soveral visitou-o no dia seguinte, logo de manhã. Depois dos primeiros minutos iniciais, gastos na análise da situação política na Metrópole e militar nos territórios africanos, a conversa recaiu na filha do tenente-coronel, Rafaela. Com o polícia a mostrar grande curiosidade sobre o conhecimento tido da vida da filha exterior à família. O instinto de protecção forçou Soveral a mostrar-se reservado. Sabe como é, a tropa deixa muito pouco tempo para eu seguir isso com atenção. É, sobretudo, a mãe a acompanhar a educação da filha. O polícia não abriu imeditamente o jogo e, antes, demorou-se num longo comentário sobre a necessidade de os mais velhos ampararem, guiarem, os jovens, dadas as ameaças de subversão que inundavam o país. Os comunistas mostravam-se extremamente activos. Entre a classe operária e entre os estudantes, principalmente. E a filha do comandante, enquanto estudante, estava muito exposta, como todos os jovens, à influência perniciosa das forças de subversão. Era imperioso compensar tal influência, através do seu acompanhamento e, mesmo, da adopção de uma severa atitude de repressão. A integridade da Pátria estava acima de todos os demais interesses. E a necessidade da sua defesa impunha a não existência de contemplações fosse com quem fosse. À PIDE estava cometida a tarefa de defender o país da subversão e fá-lo-ia, custasse o que custasse. Atingisse quem atingisse. Levado pelo entusiasmo das suas próprias afirmações e tentando fazer humor, afirmou que nem Salazar estava acima de qualquer suspeita. Para logo esclarecer bem tratar-se de humor apenas. Aconselhava, pois, o senhor tenente-coronel a encontrar modos de controlar melhor a sua filha.
(continua)
Magalhães Pinto
Nessa primeira noite dos dias de licença disponíveis, Soveral recebeu um telefonema do Pais, da PIDE. Queria falar com ele logo que possível e ainda antes do seu embarque. Embora não existissem entre eles quaisquer laços de amizade, as suas relações eram cordiais e vinham de longa data. No regresso da sua anterior comissão de serviço em África, o homem da polícia procurara deliberadamente encontros com ele, para ouvir o relato da situação vivida em Angola. António Soveral visitou-o no dia seguinte, logo de manhã. Depois dos primeiros minutos iniciais, gastos na análise da situação política na Metrópole e militar nos territórios africanos, a conversa recaiu na filha do tenente-coronel, Rafaela. Com o polícia a mostrar grande curiosidade sobre o conhecimento tido da vida da filha exterior à família. O instinto de protecção forçou Soveral a mostrar-se reservado. Sabe como é, a tropa deixa muito pouco tempo para eu seguir isso com atenção. É, sobretudo, a mãe a acompanhar a educação da filha. O polícia não abriu imeditamente o jogo e, antes, demorou-se num longo comentário sobre a necessidade de os mais velhos ampararem, guiarem, os jovens, dadas as ameaças de subversão que inundavam o país. Os comunistas mostravam-se extremamente activos. Entre a classe operária e entre os estudantes, principalmente. E a filha do comandante, enquanto estudante, estava muito exposta, como todos os jovens, à influência perniciosa das forças de subversão. Era imperioso compensar tal influência, através do seu acompanhamento e, mesmo, da adopção de uma severa atitude de repressão. A integridade da Pátria estava acima de todos os demais interesses. E a necessidade da sua defesa impunha a não existência de contemplações fosse com quem fosse. À PIDE estava cometida a tarefa de defender o país da subversão e fá-lo-ia, custasse o que custasse. Atingisse quem atingisse. Levado pelo entusiasmo das suas próprias afirmações e tentando fazer humor, afirmou que nem Salazar estava acima de qualquer suspeita. Para logo esclarecer bem tratar-se de humor apenas. Aconselhava, pois, o senhor tenente-coronel a encontrar modos de controlar melhor a sua filha.
(continua)
Magalhães Pinto
AVISO
FRASE(S) DO DIA
"Não há dúvida que serei candidato (nas próximas eleições autárquicas).
Narciso Miranda - "RÁDIO CLUBE DE MATOSINHOS" - 23/11/2007
*
"Não tenho tabus"
Narciso Miranda - idem - ibidem
*
"Narciso não confirma que será candidato (nas próximas eleições autárquicas)."
Entrevista do mesmo ao "PÚBLICO" - 29/11/2007
***
Troca-tintas no seu melhor...
Narciso Miranda - "RÁDIO CLUBE DE MATOSINHOS" - 23/11/2007
*
"Não tenho tabus"
Narciso Miranda - idem - ibidem
*
"Narciso não confirma que será candidato (nas próximas eleições autárquicas)."
Entrevista do mesmo ao "PÚBLICO" - 29/11/2007
***
Troca-tintas no seu melhor...
PENSAMENTO DO DIA
28.11.07
BREAK EVEN (V)
(continuação)
CUSTO PROPORCIONAIS
Ocupemo-nos primeiramente da análise dos CUSTO PROPORCIONAIS. Temos que remover a dificuldade que resulta de um problema que este tipo de custos levanta relativamente ao cálculo do PCV. Com efeito, e se assumirmos um grau de abstracção suficientemente distanciado, havemos de concluir que, para um intervalo de produção entre zero e o infinito, todos os custos variam. Em termos razoavelmente práticos, não há custos fixos para todo o intervalo concebível de produção. Pensemos na “nossa” fábrica de sapatos. E pensemos num factor de produção relativamente imutável para um volume de produção finito: o edifício da fábrica. Daí resulta um custo. Não o que ele custou ao ser feito ou comprado. Isso foi INVESTIMENTO e não foi um custo da produção, uma vez que o INVESTIMENTO feito vai ser suficiente para que vários ciclos de produção e vendas se realizem sem necessidade de fazer nova despesa e, portanto, incorrer em novo custo. Mas há dois factos em que atentar. O primeiro é que, com o tempo – e portanto com o decorrer dos ciclos de produção e vendas – o edifício vai envelhecer, vai perder valor. Um tanto em cada ciclo. Esse valor perdido em cada ciclo pelo INVESTIMENTO inicialmente feito, esse sim, é um custo do ciclo. Um custo que não varia de ciclo para ciclo e é, como bem se vê, independente de se produzir um só par de sapatos ou, hipoteticamente, 100.000 pares de sapatos nesse ciclo (os mais entendidos saberão que um custo assim é contabilizado como tal sob o título de amortizações ou reintegrações). Por isso, tal é um CUSTO FIXO. Mas, se a produção e as vendas crescerem muito, por hipótese, o edifício inicialmente adquirido já não chegará. E será preciso construir ou adquirir outro. Isto é, a partir da capacidade liimite do primeiro edifício, o custo com edifícios VARIA.
(continua)
Magalhães Pinto
CUSTO PROPORCIONAIS
Ocupemo-nos primeiramente da análise dos CUSTO PROPORCIONAIS. Temos que remover a dificuldade que resulta de um problema que este tipo de custos levanta relativamente ao cálculo do PCV. Com efeito, e se assumirmos um grau de abstracção suficientemente distanciado, havemos de concluir que, para um intervalo de produção entre zero e o infinito, todos os custos variam. Em termos razoavelmente práticos, não há custos fixos para todo o intervalo concebível de produção. Pensemos na “nossa” fábrica de sapatos. E pensemos num factor de produção relativamente imutável para um volume de produção finito: o edifício da fábrica. Daí resulta um custo. Não o que ele custou ao ser feito ou comprado. Isso foi INVESTIMENTO e não foi um custo da produção, uma vez que o INVESTIMENTO feito vai ser suficiente para que vários ciclos de produção e vendas se realizem sem necessidade de fazer nova despesa e, portanto, incorrer em novo custo. Mas há dois factos em que atentar. O primeiro é que, com o tempo – e portanto com o decorrer dos ciclos de produção e vendas – o edifício vai envelhecer, vai perder valor. Um tanto em cada ciclo. Esse valor perdido em cada ciclo pelo INVESTIMENTO inicialmente feito, esse sim, é um custo do ciclo. Um custo que não varia de ciclo para ciclo e é, como bem se vê, independente de se produzir um só par de sapatos ou, hipoteticamente, 100.000 pares de sapatos nesse ciclo (os mais entendidos saberão que um custo assim é contabilizado como tal sob o título de amortizações ou reintegrações). Por isso, tal é um CUSTO FIXO. Mas, se a produção e as vendas crescerem muito, por hipótese, o edifício inicialmente adquirido já não chegará. E será preciso construir ou adquirir outro. Isto é, a partir da capacidade liimite do primeiro edifício, o custo com edifícios VARIA.
(continua)
Magalhães Pinto
FIGURA DO DIA
OS HERÓIS E O MEDO - 100º. fascículo
(continuação)
António Soveral nem tentou demovê-lo da atitude. Compreendia o filho. Só um militar podia compreender como doía a alma de outro militar ao ver juntar-se a incompreensão à imensa dor sentida por ter sido forçado a render-se. A rendição podia ter que ser a última atitude de um soldado de eleição. Mas podia ser, também, a mais inteligente. Era necessária uma imensa coragem para a rendição. Esta era a confissão da impotência perante o inimigo, algo que um verdadeiro militar não aceita, por princípio. Todo o instinto de um militar está condicionado pela ideia de que, em guerra, a sua profissão tem a morte implícita como custo inalienável e irrecusável. Nem mesmo o instinto de conservação se lhe sobrepõe. A não ser que a sua inteligência seja superior e compreenda a inutilidade do sacrifício. A exigência de combate na Índia, por parte do “Velho”, só podia significar estarem as suas proverbiais inteligência e clarividência bastante diminuídas pela idade.
(continua)
Magalhães Pinto
António Soveral nem tentou demovê-lo da atitude. Compreendia o filho. Só um militar podia compreender como doía a alma de outro militar ao ver juntar-se a incompreensão à imensa dor sentida por ter sido forçado a render-se. A rendição podia ter que ser a última atitude de um soldado de eleição. Mas podia ser, também, a mais inteligente. Era necessária uma imensa coragem para a rendição. Esta era a confissão da impotência perante o inimigo, algo que um verdadeiro militar não aceita, por princípio. Todo o instinto de um militar está condicionado pela ideia de que, em guerra, a sua profissão tem a morte implícita como custo inalienável e irrecusável. Nem mesmo o instinto de conservação se lhe sobrepõe. A não ser que a sua inteligência seja superior e compreenda a inutilidade do sacrifício. A exigência de combate na Índia, por parte do “Velho”, só podia significar estarem as suas proverbiais inteligência e clarividência bastante diminuídas pela idade.
(continua)
Magalhães Pinto
BREAK EVEN (IV)
(continuação)
A primeira e imediata noção que nos fica destes fenómenos é que o fabricante de sapatos gastará tantos mais factores, isto é, terá custos tanto mais elevados quanto mais produzir e vender. Como, de igual modo, terá tantos mais ganhos quanto mais vender e, por isso, produzir. O que é verdade. Os custos variam na medida em que varie a produção.
No entanto, uma reflexão mais pausada, mostra-nos que, embora todos os custos variem, eles não variam todos da mesma maneira. Imagine-se uma máquina de fazer sapatos. Ela custa dinheiro e não dura sempre. Mas a verdade é que ela tanto pode produzir um só par de sapatos como muitos milhares, num dado espaço de tempo. Ou um trabalhador, por exemplo, custo com o qual se passa o mesmo que com a máquina, embora não para um intervalo quantitativo tão grande de produção como o da máquina. E pensemos agora no couro gasto para fazer um par de sapatos. A cada par de sapatos a mais produzido, gasta-se uma quantidade igual de couro a mais. Ou pensemos na electricidade consumida. Uma parte – a da iluminação, por exemplo – gastar-se-á quer se produza ou não. Mas a electricidade que se gasta com o funcionamento da máquina só se gasta se houver produção.
(continua)
Magalhães Pinto
A primeira e imediata noção que nos fica destes fenómenos é que o fabricante de sapatos gastará tantos mais factores, isto é, terá custos tanto mais elevados quanto mais produzir e vender. Como, de igual modo, terá tantos mais ganhos quanto mais vender e, por isso, produzir. O que é verdade. Os custos variam na medida em que varie a produção.
No entanto, uma reflexão mais pausada, mostra-nos que, embora todos os custos variem, eles não variam todos da mesma maneira. Imagine-se uma máquina de fazer sapatos. Ela custa dinheiro e não dura sempre. Mas a verdade é que ela tanto pode produzir um só par de sapatos como muitos milhares, num dado espaço de tempo. Ou um trabalhador, por exemplo, custo com o qual se passa o mesmo que com a máquina, embora não para um intervalo quantitativo tão grande de produção como o da máquina. E pensemos agora no couro gasto para fazer um par de sapatos. A cada par de sapatos a mais produzido, gasta-se uma quantidade igual de couro a mais. Ou pensemos na electricidade consumida. Uma parte – a da iluminação, por exemplo – gastar-se-á quer se produza ou não. Mas a electricidade que se gasta com o funcionamento da máquina só se gasta se houver produção.
(continua)
Magalhães Pinto
PENSAMENTO DO DIA
FRASE DO DIA
"A nossa central de ondas (para produção de energia) é uma espécie de holograma. Em boa verdade, ela não existe... As dezenas de técnicos, directores-gerais e presidentes de vários Institutos não conseguiram articular entre si as obras dos molhes do Douro e da central de ondas."
Helena Matos - "PÚBLICO" - 28/11/2007
***
O que eu gostaria de saber é quanto dinheiro dos contribuintes foi deitado ao lixo neste projecto...
Helena Matos - "PÚBLICO" - 28/11/2007
***
O que eu gostaria de saber é quanto dinheiro dos contribuintes foi deitado ao lixo neste projecto...
AVISO
27.11.07
FIGURA DO DIA
OS HERÓIS E O MEDO - 99º. fascículo
(continuação)
XIII
Quando António Soveral chegou a casa, para se despedir da família antes de embarcar, encontrou nela já o filho Ricardo, libertado, nesse dia, da ignominiosa detenção, por cobardia diziam as ordens de prisão. Desmoralizado. Quase envergonhado falta que não cometera. A Índia Portuguesa, como ainda se lhe chamava, estava perdida. Mas não os seus efeitos no espírito de todos quantos tinham vivido os últimos momentos da multicentenária aventura. António Soveral ouviu da boca do filho a verdadeira história dos momentos finais. O avanço dos soldados indianos, incontáveis como um bando de pardais ao fim do dia. O inicial estupor dos oficiais e dos subordinados. A tentativa de resistência de alguns, logo impedidos por outros na tomada de iniciativa. A luta lá em baixo, no porto de Goa, com uma fragata minúscula a querer fazer frente a bem armados navios de guerra indianos. As ordens chegadas, vindas de Vassalo e Silva, dizia-se, para não oferecer resistência. A incompreensão de alguns oficiais. Uma incompreensão que apenas nos longos diálogos do campo de prisioneiros se haveria de desfazer. Teria sido, realmente, um suicídio colectivo oferecer qualquer resistência. A Pátria lá longe, com apoio logístico a mais de um mês de distância. O confronto entre as velhas Mäuser e armas automáticas recentes. A desproporção do número. Quem mandava nem imaginava, sequer, o quanto ficava a dever à rendição o facto de não ficar agarrada às páginas da História como assassino impiedoso, comentara Ricardo. As longas horas, dias, meses, no campo de prisioneiros, na União Indiana. Onde, apesar do tratamento relativamente humano, nada compensava aquela sensação de abandono a que pareciam votados. Diziam os indianos esperar apenas uma atitude de Lisboa para os fazer regressar ao seu país. Mas Lisboa parecia muda. Ainda sob o choque da perda da primeira parcela do império. Vão seguir-se todas as outras, augurava Ricardo. Pelo menos, a Pátria não podia contar mais com ele. Ia pedir a demissão do Exército.
(continua)
Magalhães Pinto
XIII
Quando António Soveral chegou a casa, para se despedir da família antes de embarcar, encontrou nela já o filho Ricardo, libertado, nesse dia, da ignominiosa detenção, por cobardia diziam as ordens de prisão. Desmoralizado. Quase envergonhado falta que não cometera. A Índia Portuguesa, como ainda se lhe chamava, estava perdida. Mas não os seus efeitos no espírito de todos quantos tinham vivido os últimos momentos da multicentenária aventura. António Soveral ouviu da boca do filho a verdadeira história dos momentos finais. O avanço dos soldados indianos, incontáveis como um bando de pardais ao fim do dia. O inicial estupor dos oficiais e dos subordinados. A tentativa de resistência de alguns, logo impedidos por outros na tomada de iniciativa. A luta lá em baixo, no porto de Goa, com uma fragata minúscula a querer fazer frente a bem armados navios de guerra indianos. As ordens chegadas, vindas de Vassalo e Silva, dizia-se, para não oferecer resistência. A incompreensão de alguns oficiais. Uma incompreensão que apenas nos longos diálogos do campo de prisioneiros se haveria de desfazer. Teria sido, realmente, um suicídio colectivo oferecer qualquer resistência. A Pátria lá longe, com apoio logístico a mais de um mês de distância. O confronto entre as velhas Mäuser e armas automáticas recentes. A desproporção do número. Quem mandava nem imaginava, sequer, o quanto ficava a dever à rendição o facto de não ficar agarrada às páginas da História como assassino impiedoso, comentara Ricardo. As longas horas, dias, meses, no campo de prisioneiros, na União Indiana. Onde, apesar do tratamento relativamente humano, nada compensava aquela sensação de abandono a que pareciam votados. Diziam os indianos esperar apenas uma atitude de Lisboa para os fazer regressar ao seu país. Mas Lisboa parecia muda. Ainda sob o choque da perda da primeira parcela do império. Vão seguir-se todas as outras, augurava Ricardo. Pelo menos, a Pátria não podia contar mais com ele. Ia pedir a demissão do Exército.
(continua)
Magalhães Pinto
SORRISO DO DIA
BREAK EVEN (III)
(continuação)
CUSTOS: FIXOS, PROPORCIONAIS E VARIÁVEIS
Qualquer produção implica gasto de factores de produção. E o gasto dos factores de produção tem um custo. Isto é, toda a produção tem um custo. Mesmo que pensemos em algo como uma massagem ao corpo, por exemplo, em que não se verifica (praticamente) o consumo de nenhuns materiais, vemos que há pelo menos o custo do trabalho de quem dá a massagem.
Retornemos ao nosso exemplo da fábrica de sapatos, Para que um par de sapatos possa ser fabricado – e para que seja, portanto, possível a sua venda – o fabricante tem que suportar alguns consumos e, por isso, custos. O couro de que os sapatos são feitos, o valor do trabalho das pessoas utilizadas na fabricação, o desgaste das máquinas utilizadas, o consumo de ferramentas, a electricidade que faz mover as máquinas, o transporte dos materiais para a fábrica, o transporte dos sapatos para o local de venda, as embalagens para os sapatos, o trabalho do escriturário que confere e paga as facturas dos fornecedores e elabora e recebe as facturas para os clientes das fábricas, o custo de dinheiro eventualmente pedido ao banco para comprar equipamentos ou factores de produção, o advogado eventualmente contratado para cobrar créditos de cobrança difícil. E tem ainda que pagar impostos. A actividade produtiva é complexa e implica muitos gastos, de que só foram inventariados alguns mais comuns.
(continua)
Magalhães Pinto
CUSTOS: FIXOS, PROPORCIONAIS E VARIÁVEIS
Qualquer produção implica gasto de factores de produção. E o gasto dos factores de produção tem um custo. Isto é, toda a produção tem um custo. Mesmo que pensemos em algo como uma massagem ao corpo, por exemplo, em que não se verifica (praticamente) o consumo de nenhuns materiais, vemos que há pelo menos o custo do trabalho de quem dá a massagem.
Retornemos ao nosso exemplo da fábrica de sapatos, Para que um par de sapatos possa ser fabricado – e para que seja, portanto, possível a sua venda – o fabricante tem que suportar alguns consumos e, por isso, custos. O couro de que os sapatos são feitos, o valor do trabalho das pessoas utilizadas na fabricação, o desgaste das máquinas utilizadas, o consumo de ferramentas, a electricidade que faz mover as máquinas, o transporte dos materiais para a fábrica, o transporte dos sapatos para o local de venda, as embalagens para os sapatos, o trabalho do escriturário que confere e paga as facturas dos fornecedores e elabora e recebe as facturas para os clientes das fábricas, o custo de dinheiro eventualmente pedido ao banco para comprar equipamentos ou factores de produção, o advogado eventualmente contratado para cobrar créditos de cobrança difícil. E tem ainda que pagar impostos. A actividade produtiva é complexa e implica muitos gastos, de que só foram inventariados alguns mais comuns.
(continua)
Magalhães Pinto
PENSAMENTO DO DIA
FRASE DO DIA
"Este acordo (Cahora Bassa) é o último capítulo da história do domínio estrangeiro e abre o primeiro capítulo do futuro."
Armando Gebuza - Presidente de Moçambique - "PÚBLICO" - 27/11/2007
***
Quando estive em Moçambique, aqui há uns anos,já depois da independência daquele país, fui jantar, um certo dia, a um dos restaurantes de Maputo. Em meu redor, russos, búlgaros, italianos e outras nacionalidades que não identifiquei. Na circunstância, o empregado de mesa que me servia, um moçambicano genuíno da raça negra, perguntou-me, com um sorriso:
- Desculpe... O senhor é português ou estrangeiro?...
Sorri-me também. Afinal, nem tudo se tinha perdido com a guerra colonial.
Hoje, nas palavras do Presidente de Moçambique, chego à conclusão de que o problema é mundial. Os governantes estão sempre muito longe dos governados...
Armando Gebuza - Presidente de Moçambique - "PÚBLICO" - 27/11/2007
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Quando estive em Moçambique, aqui há uns anos,já depois da independência daquele país, fui jantar, um certo dia, a um dos restaurantes de Maputo. Em meu redor, russos, búlgaros, italianos e outras nacionalidades que não identifiquei. Na circunstância, o empregado de mesa que me servia, um moçambicano genuíno da raça negra, perguntou-me, com um sorriso:
- Desculpe... O senhor é português ou estrangeiro?...
Sorri-me também. Afinal, nem tudo se tinha perdido com a guerra colonial.
Hoje, nas palavras do Presidente de Moçambique, chego à conclusão de que o problema é mundial. Os governantes estão sempre muito longe dos governados...
OS HERÓIS E O MEDO - 98º. fascículo
(continuação)
Será que alguém, algum dia, compreenderá todo o vosso sacrifício, meus companheiros?
E Mário adormeceu também. Não sem antes se certificar de que Álvaro tinha finalmente adormecido também. Pela primeira vez, tinha visto Álvaro adormecer sem fazer as suas orações.
(continua)
Magalhães Pinto
Será que alguém, algum dia, compreenderá todo o vosso sacrifício, meus companheiros?
E Mário adormeceu também. Não sem antes se certificar de que Álvaro tinha finalmente adormecido também. Pela primeira vez, tinha visto Álvaro adormecer sem fazer as suas orações.
(continua)
Magalhães Pinto
26.11.07
BREAK-EVEN (II)
(continuação)
VENDAS (V)
Por tal se entende o volume total de facturação dos bens ou serviços produzidos pelo ente sobre quem recai a análise. Do enunciado se entende que não se incluem neste conceito (para este fim) outras vendas do mesmo ente, como, por exemplo a venda de um automóvel usado por uma empresa de fabrico de sapatos. Como não se incluem no conceito as vendas de desperdícios da produção.
O volume de V a tomar para cálculo do PCV é o relativo ao período a que se pretende reportar definição do PCV. Se pretendermos calcular o PCV para um ano, todos os elementos de análise e de cálculo deverão estar referidos a esse período.
(continua)
Magalhães Pinto
VENDAS (V)
Por tal se entende o volume total de facturação dos bens ou serviços produzidos pelo ente sobre quem recai a análise. Do enunciado se entende que não se incluem neste conceito (para este fim) outras vendas do mesmo ente, como, por exemplo a venda de um automóvel usado por uma empresa de fabrico de sapatos. Como não se incluem no conceito as vendas de desperdícios da produção.
O volume de V a tomar para cálculo do PCV é o relativo ao período a que se pretende reportar definição do PCV. Se pretendermos calcular o PCV para um ano, todos os elementos de análise e de cálculo deverão estar referidos a esse período.
(continua)
Magalhães Pinto
CRÓNICA DA SEMANA
Já este ano, o senhor Ministro da Saúde anunciou aos Portugueses que o esforço governamental de reduzir o défice público tinha tido, em 2006, pleno sucesso na sua área. Pretendia ele, com isso, falar do acerto das políticas governamentais e, designadamente, justificar que os cortes verificados no domínio da Saúde, com encerramento de muitas urgências, fecho das maternidades e redução das comparticipações nos medicamentos, haviam sido compensadores para os Portugueses. Os quais, por força dessa política, teriam, segundo ele, gasto menos dinheiro e estavam a dever menos.
Pois bem. Veio agora o Tribunal de Contas dizer que essas informações só foram possíveis porque o Governo tinha alterado o modo de contabilização das coisas na área da Saúde, pelo menos. E que o que realmente aconteceu, em 2006, foi que se gastou e se ficou a dever mais dinheiro do que no ano anterior. O Tribunal de Contas é um departamento do Estado, independente do Governo, a quem cumpre fiscalizar as contas do Estado apresentadas pelo dito Governo e dizer aos Portugueses se essas contas estão bem ou se estão mal. O Tribunal de Contas é presidido, actualmente, pelo Dr. Guilherme de Oliveira Martins, um distinto socialista que, além de deputado pelo PS, foi por três vezes Ministro de Governos do Engº. António Guterres.
Em primeiro lugar, louve-se a isenção do Presidente do Tribunal de Contas. O qual consegue, deste modo, manter-se à margem dos interesses partidários num cargo de tão alta responsabilidade e tão necessário à democracia. Mas o que mais devemos reter do que venho contando é a actuação do Ministro da Saúde, em particular, e do Governo que nos governa, em geral. Este foi só mais um caso em que o Governo altera o modo de contabilizar as coisas, de modo a poder intoxicar-nos com a sua propaganda. E o que mais preocupa com este indicador é que temos todos vindo a fazer sacrifícios enormes, ao que parece para equilibrar as contas públicas, mas é legítimo ter a dúvida sobre se realmente as coisas estão a melhorar nesse domínio. Com um Governo que nos engana desta maneira, nunca se sabe. Tudo o que se sabe é que é bem capaz de chegarmos aí adiante, o Primeiro-Ministro ir-se embora e o que vier atrás dele nos vir dizer que as contas públicas, afinal, estão num estado lastimoso.
Excerto da crónica A VERDADE E A MENTIRA - Magalhães Pinto - "MATOSINHOS HOJE" - 26/11/2007
Pois bem. Veio agora o Tribunal de Contas dizer que essas informações só foram possíveis porque o Governo tinha alterado o modo de contabilização das coisas na área da Saúde, pelo menos. E que o que realmente aconteceu, em 2006, foi que se gastou e se ficou a dever mais dinheiro do que no ano anterior. O Tribunal de Contas é um departamento do Estado, independente do Governo, a quem cumpre fiscalizar as contas do Estado apresentadas pelo dito Governo e dizer aos Portugueses se essas contas estão bem ou se estão mal. O Tribunal de Contas é presidido, actualmente, pelo Dr. Guilherme de Oliveira Martins, um distinto socialista que, além de deputado pelo PS, foi por três vezes Ministro de Governos do Engº. António Guterres.
Em primeiro lugar, louve-se a isenção do Presidente do Tribunal de Contas. O qual consegue, deste modo, manter-se à margem dos interesses partidários num cargo de tão alta responsabilidade e tão necessário à democracia. Mas o que mais devemos reter do que venho contando é a actuação do Ministro da Saúde, em particular, e do Governo que nos governa, em geral. Este foi só mais um caso em que o Governo altera o modo de contabilizar as coisas, de modo a poder intoxicar-nos com a sua propaganda. E o que mais preocupa com este indicador é que temos todos vindo a fazer sacrifícios enormes, ao que parece para equilibrar as contas públicas, mas é legítimo ter a dúvida sobre se realmente as coisas estão a melhorar nesse domínio. Com um Governo que nos engana desta maneira, nunca se sabe. Tudo o que se sabe é que é bem capaz de chegarmos aí adiante, o Primeiro-Ministro ir-se embora e o que vier atrás dele nos vir dizer que as contas públicas, afinal, estão num estado lastimoso.
Excerto da crónica A VERDADE E A MENTIRA - Magalhães Pinto - "MATOSINHOS HOJE" - 26/11/2007
PENSAMENTO DO DIA
Se se estiver a passar com o défice orçamental exactamente o mesmo que se passou com a afirmação do Primeiro-Ministro sobre a criação de emprego desde que tomou posse ou com a afirmação do Ministro da Saúde sobre o défice do seu Ministério em 2006, podemos pôr as barbas de molho! Nas próximas gerações, o cinto não abrandará um buraco sequer.
PERGUNTAS SEM RESPOSTA
FRASE DO DIA
"Há mais 106.000 empregados (disse o Primeiro-Ministro)... Parece um bom resultado, mas não é... Refiro-me à perda, no mesmo período, de 167.000 postos de trabalho qualificado."
Daniel Bessa - "EXPRESSO" - 24/11/2007
***
Os lugares perdidos não foram seguramente contabilistas. Esses estão todos a ajudar o Primeiro-Ministro a fazer Contabilidade virtual...
OS HERÓIS E O MEDO - 97º. fascículo
(continuação)
No regresso, não puderam utilizar a ponte de Abrantes. Estava fechada. Encerrava da meia noite às seis da manhã, para obras de manutenção. Foi necessário fazer uma grande volta, pela Chamusca, Golegã e Entroncamento. Numa viagem acidentada. Dos dez, apenas Mário não estava embriagado. Durante a viagem, pararam uma boa meia dúzia de vezes para o vómito tradicional. As sentinelas do Campo Militar fecharam os olhos à hora tardia de regresso quando souberam tratar-se de homens do batalhão destinado à Guiné, a embarcar daí por duas semanas. Estavam habituados àquelas cenas por parte dos militares em véspera de partida.
A noite ainda não ficaria por ali. Espíritos toldados pelo álcool ingerido, continuaram as loucuras. Sóbrio, Mário acudia aos fogos. Não apenas literalmente, já que, deitado na cama, o Álvaro teimava em acender o cigarro cobrindo-se depois com o lençol. De vez em quando, sentava-se na cama de um salto e começava a citar Pitigrilli, cuja cunhada Remolina andava feita com o sobrinho. Do outro lado, Manel entaramelava a canção cantada dezenas de vezes naquela noite. Os teus olhos... negros, negros... da Guiné... Porra!... Tenho que ir às gajas este fim de semana... Adormeceram por fim, já as primeiras cores da manhã aliviavam o negro da noite. O sono encarregava-se de colorir, nem que fosse só até de manhã, o luto das almas daquela juventude condenada a deixar tudo quanto era seu para ir à guerra.
(continua)
Magalhães Pinto
No regresso, não puderam utilizar a ponte de Abrantes. Estava fechada. Encerrava da meia noite às seis da manhã, para obras de manutenção. Foi necessário fazer uma grande volta, pela Chamusca, Golegã e Entroncamento. Numa viagem acidentada. Dos dez, apenas Mário não estava embriagado. Durante a viagem, pararam uma boa meia dúzia de vezes para o vómito tradicional. As sentinelas do Campo Militar fecharam os olhos à hora tardia de regresso quando souberam tratar-se de homens do batalhão destinado à Guiné, a embarcar daí por duas semanas. Estavam habituados àquelas cenas por parte dos militares em véspera de partida.
A noite ainda não ficaria por ali. Espíritos toldados pelo álcool ingerido, continuaram as loucuras. Sóbrio, Mário acudia aos fogos. Não apenas literalmente, já que, deitado na cama, o Álvaro teimava em acender o cigarro cobrindo-se depois com o lençol. De vez em quando, sentava-se na cama de um salto e começava a citar Pitigrilli, cuja cunhada Remolina andava feita com o sobrinho. Do outro lado, Manel entaramelava a canção cantada dezenas de vezes naquela noite. Os teus olhos... negros, negros... da Guiné... Porra!... Tenho que ir às gajas este fim de semana... Adormeceram por fim, já as primeiras cores da manhã aliviavam o negro da noite. O sono encarregava-se de colorir, nem que fosse só até de manhã, o luto das almas daquela juventude condenada a deixar tudo quanto era seu para ir à guerra.
(continua)
Magalhães Pinto
25.11.07
MOMENTO DE BELEZA - Solveig's song
Uma voz excelente e a beleza incomparável da natureza, para cerrar os olhos e ouvir um dos mais belos trechos poético-musicais que nos foram doados: o poema de Ibsen, musicado pelo compositor noruguês Grieg, PEER GYNT...
BREAK-EVEN (I)
Prometemos explicar aqui o que é, como se calcula e para que serve o instrumento de análise económica designado por break-even, dado que este blog tem sido muito consultado sobre este tema. Iniciamos hoje o prometido.
***
BREAK-EVEN
Também é conhecido como PONTO CRÍTICO DE VENDAS (PCV) ou PONTO MORTO DE VENDAS. É um instrumento de análise microeconómica que, conhecidas que sejam as condições de exploração de uma empresa, de um projecto de investimento, de um produto, permite definir o VOLUME DE VENDAS QUE PROPICIA UM RESULTADO NULO, isto é, o volume de facturação a partir do qual a exploração do universo analisado começa a produzir ganhos – se vender mais que o volume correspondente ao ponto crítico – ou a sofrer prejuízos – se vender menos. A esse volume de facturação, espécie de fronteira entre os ganhos e os prejuízos, chamarei, desde agora PCV (ponto crítico de vendas).
Convém fazer desde já uma prevenção. O PCV é apenas uma aproximação. Veremos pelo desenvolvimento subsequente e pelos factores que são envolvidos no cálculo do PCV, que é muito difícil, se não impossível, calculá-lo. O que não retira utilidade, a este instrumento, na análise da viabilidade económica do universo analisado, uma vez que da comparação entre o PCV e as condições concretas de exploração, resulta uma excelente análise do grau de risco implícito no analisado. E é a atempada análise dos graus de risco que devem extrair-se as decisões, se queremos aproximar-nos do bom e do necessário.
Posto isto, vamos explicar o cálculo do PCV. Mas antes dos passos finais, aliás bem simples, é necessário ter presente o conteúdo de alguns conceitos que nesse cálculo intervêm.
***
(continua)
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BREAK-EVEN
Também é conhecido como PONTO CRÍTICO DE VENDAS (PCV) ou PONTO MORTO DE VENDAS. É um instrumento de análise microeconómica que, conhecidas que sejam as condições de exploração de uma empresa, de um projecto de investimento, de um produto, permite definir o VOLUME DE VENDAS QUE PROPICIA UM RESULTADO NULO, isto é, o volume de facturação a partir do qual a exploração do universo analisado começa a produzir ganhos – se vender mais que o volume correspondente ao ponto crítico – ou a sofrer prejuízos – se vender menos. A esse volume de facturação, espécie de fronteira entre os ganhos e os prejuízos, chamarei, desde agora PCV (ponto crítico de vendas).
Convém fazer desde já uma prevenção. O PCV é apenas uma aproximação. Veremos pelo desenvolvimento subsequente e pelos factores que são envolvidos no cálculo do PCV, que é muito difícil, se não impossível, calculá-lo. O que não retira utilidade, a este instrumento, na análise da viabilidade económica do universo analisado, uma vez que da comparação entre o PCV e as condições concretas de exploração, resulta uma excelente análise do grau de risco implícito no analisado. E é a atempada análise dos graus de risco que devem extrair-se as decisões, se queremos aproximar-nos do bom e do necessário.
Posto isto, vamos explicar o cálculo do PCV. Mas antes dos passos finais, aliás bem simples, é necessário ter presente o conteúdo de alguns conceitos que nesse cálculo intervêm.
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(continua)
AVISO
PENSAMENTO DO DIA
FRASE DO DIA
FIGURA DO DIA
OS HERÓIS E O MEDO - 96º. fascículo
(continuação)
E os fadecos aconteceram mesmo, já ia bem comida e bebida a noite. Mais bebida que comida. Era meia-noite, mais ou menos. E os dez galfarros, espírito toldado, deram em cantar a plenos pulmões pelas mais velhas ruas de Abrantes. Insólita serenata em insólito lugar, a insólita hora. Mas ninguém parecia notar o insólito. Moradores estremunhados vinham às janelas, com cara de poucos amigos. Vendo serem soldados os autores da mal-amada brincadeira, perdiam a vontade de reclamar. O país tinha uma paciência enorme para aturar despedidas. Até duas jovens, em camisa de noite a deixar adivinhar o vale entre os seus seios, se deixaram ficar à janela, sorridentes, acompanhando o coro quando este se fazia ouvir. "Os teus olhos…", berrava já mais do que cantava o Manel. Ao que os outros nove companheiros, vozes ainda mais roufenhas pelo vinho, respondiam: "Negros, negros…". Para coroar o estapafúrdio, até o únivo vendedor de instrumentos de Abrantes desceu, em pijama, do primeiro andar à loja para fornecer ao violista um dobrão, entretanto rebentado. Que ofereceu.
(continua)
Magalhães Pinto
E os fadecos aconteceram mesmo, já ia bem comida e bebida a noite. Mais bebida que comida. Era meia-noite, mais ou menos. E os dez galfarros, espírito toldado, deram em cantar a plenos pulmões pelas mais velhas ruas de Abrantes. Insólita serenata em insólito lugar, a insólita hora. Mas ninguém parecia notar o insólito. Moradores estremunhados vinham às janelas, com cara de poucos amigos. Vendo serem soldados os autores da mal-amada brincadeira, perdiam a vontade de reclamar. O país tinha uma paciência enorme para aturar despedidas. Até duas jovens, em camisa de noite a deixar adivinhar o vale entre os seus seios, se deixaram ficar à janela, sorridentes, acompanhando o coro quando este se fazia ouvir. "Os teus olhos…", berrava já mais do que cantava o Manel. Ao que os outros nove companheiros, vozes ainda mais roufenhas pelo vinho, respondiam: "Negros, negros…". Para coroar o estapafúrdio, até o únivo vendedor de instrumentos de Abrantes desceu, em pijama, do primeiro andar à loja para fornecer ao violista um dobrão, entretanto rebentado. Que ofereceu.
(continua)
Magalhães Pinto
24.11.07
PENSAMENTO DO DIA
FRASE(S) DO DIA
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