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28.11.07

OS HERÓIS E O MEDO - 100º. fascículo

(continuação)

António Soveral nem tentou demovê-lo da atitude. Compreendia o filho. Só um militar podia compreender como doía a alma de outro militar ao ver juntar-se a incompreensão à imensa dor sentida por ter sido forçado a render-se. A rendição podia ter que ser a última atitude de um soldado de eleição. Mas podia ser, também, a mais inteligente. Era necessária uma imensa coragem para a rendição. Esta era a confissão da impotência perante o inimigo, algo que um verdadeiro militar não aceita, por princípio. Todo o instinto de um militar está condicionado pela ideia de que, em guerra, a sua profissão tem a morte implícita como custo inalienável e irrecusável. Nem mesmo o instinto de conservação se lhe sobrepõe. A não ser que a sua inteligência seja superior e compreenda a inutilidade do sacrifício. A exigência de combate na Índia, por parte do “Velho”, só podia significar estarem as suas proverbiais inteligência e clarividência bastante diminuídas pela idade.

(continua)
Magalhães Pinto

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