. . . OS SINAIS DO NOSSO TEMPO, NUM REGISTO DESPRETENSIOSO, BEM HUMORADO POR VEZES E SEMPRE CRÍTICO. . .
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31.3.11
OS PORTUGUESES - LIV
"O ministro (Marquês de Pombal) assentava a sua política internacional num equilíbrio de interesses. Não era apenas Portugal que carecia do apoio britânico para a ameaça militar que nos espreitava do continente. Também a Inglaterra não podia viver sem a ajuda do seu fiel aliado, pelo apoio marítimo que recebia dos nossos portos e da economia do ultramar português. A ocupação do reino pelas coroas bourbónicas haveria de se traduzir, segundo Pombal, na queda inevitável do poderio britânico. Os nossos diplomatas de Londres receberam instruções para mostrar aos Ingleses que a aliança de 1386, renovada em 1661, não era uma condição de dependência para Portugal, mas um instrumento de interesse recíproco. Haveria de funcionar a aliança sempre que uma das partes se julgasse em perigo. E o que fosse tido como ameaça a Portugal não o seria menos para Inglaterra."
(Fonte: História de Portugal, dirigida por João Medina)
FRASE DO DIA
PENSAMENTO DO DIA
A Academia Portuguesa ficou mais rica com o novo doutor. E entendi, por fim, que o acordo ortográfico que assinamos com o Brasil é, afinal, um acordo de crédito.
CRÓNICA DA SEMANA
A CULPA
Alvíssaras. Finalmente, uma boa notícia. Essa enguia permanentemente escorregadia chamada culpa foi apanhada pelas guelras. Isto se uma enguia tem guelras, o que me parece que não. Essa filha espúria da boa maneira de ser português chamada culpa ganhou lugar na sociedade. Essa filha de uma prostituta, cujo pai sempre esteve perdido na bruma da confusão, encontrou o dito com bilhete de identidade, retrato nos jornais e menção em todos os telejornais. Tem um nome sonante, bem português, filho querido da pátria do “ão”. Chama-se Oposição. Cessem as dúvidas, esqueçam-se os mil e um casos onde não foi encontrado o progenitor, passemos uma rodilha sobre a sujidade sem autor, que não há mais que procurar. Os mercados estão zangados connosco? A culpa é da Oposição. Os juros da dívida soberana crescem? A culpa é da Oposição. Vamos gastar um balúrdio a fazer umas eleições estúpidas e desnecessárias? A culpa é da Oposição. Os bancos têm dificuldade em encontrar financiamento? A culpa é da Oposição. A segurança Social tem o futuro comprometido? A culpa é da Oposição. As falências estão a aumentar a um ritmo assustador? A culpa é da Oposição. O desemprego cresce a ritmo exponencial? A culpa é da Oposição. Não se faz o Novo Aeroporto de Lisboa? A culpa é da Oposição. O TGV vai-se ficar pela raia? A culpa é da Oposição. As costas do Hulk – não o do Porto, o da banda desenhada – são anoréxicas quando comparadas com as costas da Oposição.
Mas há mais. A senhora Merkel perde eleições? A culpa é da Oposição. Portuguesa, não a dela. O Euro está em crise? A culpa é da Oposição. O Orçamento foi aprovado com a ajuda da Oposição? É evidente. A culpa é da Oposição. E os juros da dívida começaram a subir e os mercados a dizerem que Portugal ia pedir ajuda. O PEC1 foi aprovado com a ajuda da Oposição? É ainda mais evidente. A culpa é da Oposição. E os juros continuaram a subir e os mercados a dizerem que Portugal ia pedir ajuda. O PEC2 foi aprovado? Já entra pelos olhos dentro. A culpa é da Oposição. E os juros continuaram a subir e mais gente nos mercados continuou a insistir que Portugal ia pedir ajuda. O PEC3 foi aprovado com a ajuda da oposição? A evidência é uma certeza. A culpa é da Oposição. E os juros continuaram a subir e os mercados a dizerem que já só o FMI nos salva. O PEC4 não foi aprovado. A Oposição disse que não ia mais em cantigas. O Carmo desfez-se e a Trindade desapareceu. A culpa é da Oposição. E, mais, os juros só sobem e a ameaça de intervenção do FMI nos nossos negócios só existe por culpa da Oposição. E, para que não estem dúvidas, forma-se um coro. Com a senhora Merkel como solista, mas bem acompanhada por Sarkosis, Durões, Trichets e o inefável Silva, por vezes conhecido como Augusto, o Imperador. A culpa é da Oposição, entoam em coro.
Mas há mais. Para trás, perdida nas brumas do esquecimento, fiou uma montanha de factos. O crescimento brutal da despesa pública. O projecto megalómano do Novo Aeroporto de Lisboa. O sonho mirabolante do TGV. Os contratos sem concurso, como os do computador Magalhães. Os ordenados chorudos de assessores e consultores no momento de contratar. As indemnizações ainda mais chorudas a assessores e consultores no momento de despedir. O desperdício brutal dos recursos públicos. O governo sem rei nem roque do NOSSO dinheiro. Ainda bem que tudo isto ficou esquecido. Porque, se não o fora, a Oposição haveria de arcar com amis algumas vultuosas culpas.
Perdoe o meu Caro Leitor por sair fora da seriedade exigida a esta coluna. E o Director do Jornal por abusar do espaço em historietas. Mas tudo quanto ficou para trás faz-me lembrar aquela história do casal que vai jogar uma partida de golfe em pares. Começam com um buraco Par 4. Isto é, o normal é meter a bola no buraco em quatro tacadas. Sai o marido que, com uma pancada excepcional, coloca a bola a 200 metros, bem no meio do fairway. Segue-se a mulher. Com uma pancada desajeitada, põe a bola no meio das árvores. Depois de procurar a bola durante dez minutos, o homem encontra-a e bate-a com imenso cuidado, colocamdo-a no green, a meio metro do buraco. Para a mulher falhar, na quarta pancada, terminar o percurso. Com a bola a três metros do buraco, o homem lá consegue terminar. E comenta para a mulher:
- Vê lá se jogas com mais jeito. Fizemos uma pancada acima do par…
O que mereceu uma resposta lapidar da mulher:
- A culpa é tua! Das cinco pancadas, eu só dei duas!...
Trágico destino o nosso, português. Dizia há dias uma comentadora de uma rádio espanhola, quando José Sócrates, na Assembleia da República, abandonou com altivez os representantes do seu Povo:
- Que tristeza! Como é que um país tão belo pode ter tão maus políticos…
Uma falta de qualidade que se não entende. O político, antes de ser político, era uma pessoa "normal". Normalidade feita de virtudes e defeitos, naturalmente. Feita de verdades e mentiras, também. Mas, por outro lado, feita de razões e de emoções. Esperar-se-ia que o político trouxesse para a política o quadro normativo do seu comportamento anterior. E pode-se mesmo crer, honestamente e em muitos casos, ser esse o desejo e a esperança do político iniciante. Mas são ilusões de noviço. Chegado à política, ao político não se apresenta senão uma alternativa. Ou deixa para trás os seus ideais, as suas ilusões, as suas emoções, os seus sentimentos pessoais, a sua sinceridade, a sua honestidade, quase ia a dizer a sua humanidade, ou, na política, não passará da porta de entrada. Será inexoravelmente um derrotado. Será vencido pelos capazes de fingir, de mentir, de sobrepor à realidade a fantasia das palavras. A política, de socrática e eventual ciência ou arte de dirigir, de governar, a vida das sociedades, está transformada na ciência ou arte do uso da palavra. Política não é hoje senão retórica. E nessa retórica nos perdemos.
Enquanto a esperança de nos vermos sair do atoleiro em que a falta de qualidade política nos meteu, vamos assistindo a este triste espectáculo que nos toma por mentecaptos.
Magalhães Pinto, em VIDA ECONÓMICA, em 31/3/2011
Alvíssaras. Finalmente, uma boa notícia. Essa enguia permanentemente escorregadia chamada culpa foi apanhada pelas guelras. Isto se uma enguia tem guelras, o que me parece que não. Essa filha espúria da boa maneira de ser português chamada culpa ganhou lugar na sociedade. Essa filha de uma prostituta, cujo pai sempre esteve perdido na bruma da confusão, encontrou o dito com bilhete de identidade, retrato nos jornais e menção em todos os telejornais. Tem um nome sonante, bem português, filho querido da pátria do “ão”. Chama-se Oposição. Cessem as dúvidas, esqueçam-se os mil e um casos onde não foi encontrado o progenitor, passemos uma rodilha sobre a sujidade sem autor, que não há mais que procurar. Os mercados estão zangados connosco? A culpa é da Oposição. Os juros da dívida soberana crescem? A culpa é da Oposição. Vamos gastar um balúrdio a fazer umas eleições estúpidas e desnecessárias? A culpa é da Oposição. Os bancos têm dificuldade em encontrar financiamento? A culpa é da Oposição. A segurança Social tem o futuro comprometido? A culpa é da Oposição. As falências estão a aumentar a um ritmo assustador? A culpa é da Oposição. O desemprego cresce a ritmo exponencial? A culpa é da Oposição. Não se faz o Novo Aeroporto de Lisboa? A culpa é da Oposição. O TGV vai-se ficar pela raia? A culpa é da Oposição. As costas do Hulk – não o do Porto, o da banda desenhada – são anoréxicas quando comparadas com as costas da Oposição.
Mas há mais. A senhora Merkel perde eleições? A culpa é da Oposição. Portuguesa, não a dela. O Euro está em crise? A culpa é da Oposição. O Orçamento foi aprovado com a ajuda da Oposição? É evidente. A culpa é da Oposição. E os juros da dívida começaram a subir e os mercados a dizerem que Portugal ia pedir ajuda. O PEC1 foi aprovado com a ajuda da Oposição? É ainda mais evidente. A culpa é da Oposição. E os juros continuaram a subir e os mercados a dizerem que Portugal ia pedir ajuda. O PEC2 foi aprovado? Já entra pelos olhos dentro. A culpa é da Oposição. E os juros continuaram a subir e mais gente nos mercados continuou a insistir que Portugal ia pedir ajuda. O PEC3 foi aprovado com a ajuda da oposição? A evidência é uma certeza. A culpa é da Oposição. E os juros continuaram a subir e os mercados a dizerem que já só o FMI nos salva. O PEC4 não foi aprovado. A Oposição disse que não ia mais em cantigas. O Carmo desfez-se e a Trindade desapareceu. A culpa é da Oposição. E, mais, os juros só sobem e a ameaça de intervenção do FMI nos nossos negócios só existe por culpa da Oposição. E, para que não estem dúvidas, forma-se um coro. Com a senhora Merkel como solista, mas bem acompanhada por Sarkosis, Durões, Trichets e o inefável Silva, por vezes conhecido como Augusto, o Imperador. A culpa é da Oposição, entoam em coro.
Mas há mais. Para trás, perdida nas brumas do esquecimento, fiou uma montanha de factos. O crescimento brutal da despesa pública. O projecto megalómano do Novo Aeroporto de Lisboa. O sonho mirabolante do TGV. Os contratos sem concurso, como os do computador Magalhães. Os ordenados chorudos de assessores e consultores no momento de contratar. As indemnizações ainda mais chorudas a assessores e consultores no momento de despedir. O desperdício brutal dos recursos públicos. O governo sem rei nem roque do NOSSO dinheiro. Ainda bem que tudo isto ficou esquecido. Porque, se não o fora, a Oposição haveria de arcar com amis algumas vultuosas culpas.
Perdoe o meu Caro Leitor por sair fora da seriedade exigida a esta coluna. E o Director do Jornal por abusar do espaço em historietas. Mas tudo quanto ficou para trás faz-me lembrar aquela história do casal que vai jogar uma partida de golfe em pares. Começam com um buraco Par 4. Isto é, o normal é meter a bola no buraco em quatro tacadas. Sai o marido que, com uma pancada excepcional, coloca a bola a 200 metros, bem no meio do fairway. Segue-se a mulher. Com uma pancada desajeitada, põe a bola no meio das árvores. Depois de procurar a bola durante dez minutos, o homem encontra-a e bate-a com imenso cuidado, colocamdo-a no green, a meio metro do buraco. Para a mulher falhar, na quarta pancada, terminar o percurso. Com a bola a três metros do buraco, o homem lá consegue terminar. E comenta para a mulher:
- Vê lá se jogas com mais jeito. Fizemos uma pancada acima do par…
O que mereceu uma resposta lapidar da mulher:
- A culpa é tua! Das cinco pancadas, eu só dei duas!...
Trágico destino o nosso, português. Dizia há dias uma comentadora de uma rádio espanhola, quando José Sócrates, na Assembleia da República, abandonou com altivez os representantes do seu Povo:
- Que tristeza! Como é que um país tão belo pode ter tão maus políticos…
Uma falta de qualidade que se não entende. O político, antes de ser político, era uma pessoa "normal". Normalidade feita de virtudes e defeitos, naturalmente. Feita de verdades e mentiras, também. Mas, por outro lado, feita de razões e de emoções. Esperar-se-ia que o político trouxesse para a política o quadro normativo do seu comportamento anterior. E pode-se mesmo crer, honestamente e em muitos casos, ser esse o desejo e a esperança do político iniciante. Mas são ilusões de noviço. Chegado à política, ao político não se apresenta senão uma alternativa. Ou deixa para trás os seus ideais, as suas ilusões, as suas emoções, os seus sentimentos pessoais, a sua sinceridade, a sua honestidade, quase ia a dizer a sua humanidade, ou, na política, não passará da porta de entrada. Será inexoravelmente um derrotado. Será vencido pelos capazes de fingir, de mentir, de sobrepor à realidade a fantasia das palavras. A política, de socrática e eventual ciência ou arte de dirigir, de governar, a vida das sociedades, está transformada na ciência ou arte do uso da palavra. Política não é hoje senão retórica. E nessa retórica nos perdemos.
Enquanto a esperança de nos vermos sair do atoleiro em que a falta de qualidade política nos meteu, vamos assistindo a este triste espectáculo que nos toma por mentecaptos.
Magalhães Pinto, em VIDA ECONÓMICA, em 31/3/2011
EFEMÉRIDE DO DIA
Neste dia, em 1855, faleceu a escritora inglesa Charlotte Brontë.
As irmãs Charlotte, Emily e Anne, partilham a infância entre o sinistro presbitério de Haworth, de onde só avistavam o cemitério e uns terrenos baldios e uma pensão para eclesiásticos pobres, onde as duas irmãs mais novas viriam a morrer.
Depois de um ano em Bruxelas, as irmãs Brontë tentaram fundar uma escola, mas não encontraram alunos devido à conduta escandalosa do irmão. Decidiram-se então pela escrita como forma de sobrevivência.
Charlotte Brontë publicou em 1847, com o pseudónimo de Currer Bell, Jane Eyre, o seu maior e mais duradoiro sucesso, Shirley (1849) e Villette (1853).
As irmãs Charlotte, Emily e Anne, partilham a infância entre o sinistro presbitério de Haworth, de onde só avistavam o cemitério e uns terrenos baldios e uma pensão para eclesiásticos pobres, onde as duas irmãs mais novas viriam a morrer.
Depois de um ano em Bruxelas, as irmãs Brontë tentaram fundar uma escola, mas não encontraram alunos devido à conduta escandalosa do irmão. Decidiram-se então pela escrita como forma de sobrevivência.
Charlotte Brontë publicou em 1847, com o pseudónimo de Currer Bell, Jane Eyre, o seu maior e mais duradoiro sucesso, Shirley (1849) e Villette (1853).
30.3.11
OS PORTUGUESES - LIII
"No sábado 1 de Novembro de 1755 foi Lisboa sujeita a um violento sismo que reduziu muitos dos seus bairros a escombros, ficando o terramoto como legenda trágica na história da capital. Outras zonas do País e da Espanha sofreram os efeitos do megassismo. Mas para as gentes do tempo, Lisboa fora o único palco da tragédia; e assim ficou conhecida pelos correios diplomáticos e comerciais que sem demora levaram a notícia para as cortes europeias...
Ficou como legenda a frase atribuída ao secretário de Estado (Sebastião José de Carvalgo e Melo, futuro Marquês de Pombal) perante o rei em pânico: 'agora há que enterrar os mortos, cuidar dos vivos e fechar os portos'... Se aquelas palavras exprimiam um lema de acção, reconheça-se que ninguém melhor do que Carvalho e Melo soube então impor-se aos acontecimentos. Mesmo os historiadores críticos de Pombal jamais puseram em dúvida este aspecto positivo do seu governo. A história faz-lhe justiça quanto ao acerto das medidas que tomou para diminuir as carências e dores da população; e não a regateia.
(Fonte: História de Portugal, dirigida por João Medina)
FRASE DO DIA
"A única alternativa de comprar títulos que não são AAA é com garantia. Ou garantia real ou algum activo que supra essa deficiência."
Dilma Roussef (Presidente do Brasil, sobre a possibilidade de o Brasil comprar dívida portuguesa) - PÚBLICO - 30/3/2011
***
Pronto! Estamos preparados para ir à casa de prego! E, como acontece com as famílias, o melhor é ir a uma conhecida!...
Dilma Roussef (Presidente do Brasil, sobre a possibilidade de o Brasil comprar dívida portuguesa) - PÚBLICO - 30/3/2011
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Pronto! Estamos preparados para ir à casa de prego! E, como acontece com as famílias, o melhor é ir a uma conhecida!...
PENSAMENTO DO DIA
MEMÓRIA
A NOVA ECONOMIA
António Borges, economista português - agora radicado em Inglaterra, depois de ter deixado também em França a marca da sua qualidade - ex-Governador do Banco de Portugal, deixou em Portugal, aquando da sua notável intervenção numa sessão promovida pela ACEGE - Associação Cristã de Empresários e Gestores, um aviso incontornável: ou a economia portuguesa se reforma ou não há grande futuro para nós. O prestigiado economista português traçou, ainda que de modo algo indirecto, um paralelo demolidor entre o que se passa em Portugal e o que vai pelo resto do mundo desenvolvido. Demonstrando que "Nova Economia" não é apenas um conceito para animar as bolsas mundiais e que é, antes, uma nova realidade a que não adianta fugir.
"A Nova Economia não é uma ficção, é uma realidade. É uma economia onde existe uma forma diferente de trabalhar os recursos num círculo virtuoso. É uma economia de tomada e aceitação de riscos. Elimina rapidamente tudo o que não a acompanha e não se compadece com tradicionalismos".
António Borges
Depois destas afirmações lapidares, António Borges caracterizou o novo ambiente económico do mundo desenvolvido, exprimindo algumas ideias a que os agentes económicos portugueses e, particularmente, os responsáveis políticos pelo país, deveriam prestar grande atenção:
"A excessiva regulamentação é nociva para esta nova economia. Exige o financiamento escorreito e a reorganização da actividade empresarial. O combate contra a ineficiência, contra a complacência e os interesses instalados. A eficiência de cada um depende da colaboração de todos os outros. Tem que existir um respeito grande pelas poupanças e pelos investidores. Sem estes, tudo cai por terra".
António Borges
Que admirável lição para os nossos empresários e para os nossos governantes. Colocando o acento tónico desta nova realidade na aceitação dos riscos - e, ao mesmo tempo, aceitando maiores compensações, leia-se lucros, por isso - a elaboração teórica de António Borges erguia-se, como um anátema, contra a realidade portuguesa. Onde muitos empresários pouco mais fazem de competitivo do que batalhar pela maior fatia relativa nos fundos vindos de Bruxelas. Uma economia subsídio-dependente, onde, inclusivamente, as posições públicas de agrado ou desagrado pelo Governo, vindas das organizações empresariais ou dos próprios empresários, surgem à medida e ao ritmo do acesso a tais subsídios. Um processo e um sistema que funcionam, como muito bem colocou em evidência uma outra figura do panorama intelectual português, conforme se pôde ler numa entrevista publicada no "Público":
"Os partidos existem para ganhar eleições. E, para ganhar eleições é preciso não descontentar ninguém. Esse é o problema. Não se trata de convencer, mas de não hostilizar. Os políticos nunca emitem uma opinião controversa, porque temem perder um voto; daí, a ausência de reformas. Há que fazer a reforma do sistema eleitoral. Que os partidos (leia-se, os seus directórios) não querem".
André Gonçalves Pereira
À medida que vamos ouvindo aqueles que se dão ao trabalho de pensar em Portugal, vamos percebendo o tempo precioso que está a ser perdido devido à pusilanimidade de uma classe política sem coragem. Não é por acaso que, depois de termos feito francos progressos na década que medeou entre 1985 e 1995, tendo, inclusivamente, abandonado a lanterna vermelha da Europa, em termos de desenvolvimento social e económico, voltamos a empunhá-la. O economista que serve de referência a estas notas chegou a ser implacável ao estabelecer, por contraponto à Nova Economia, o que era uma Economia Antiga, velha e relha, pronta para deitar ao caixote da História:
"Um Estado monopolista, sem confiança na sociedade civil. Que tenta fazer tudo sem fazer nada bem. Com dificuldades no cumprimento da Lei. Que precisa de se financiar através do aumento dos impostos. Com burocracia crescente e autoritária por si mesma. Um Estado com uma Justiça ineficiente, onde o crime compensa. Que gera corrupção através da concessão de benefícios e subsídios. No qual só os ingénuos cumprem. Que contribui para o caos através da criação de instituições paralelas, dando lugar a uma sociedade civil sem iniciativa, com as pessoas encostadas ao mesmo Estado".
António Borges
Como o dito economista acentuou, parecia que estava a falar de África. Mas é bom de ver quanto a descrição se ajusta à situação portuguesa. Sendo certo que o pior que pode acontecer a Portugal é a desmoralização que uma tal situação pode originar. O ambiente de generalizado pessimismo que parece estar a instalar-se é profundamente nocivo. E dá vontade de gritar: onde está a sociedade civil portuguesa? Será que esta não passa de um mito? Será que não sabemos encontrar dentro de cada um de nós a força suficiente para EXIGIR as mudanças necessárias? Onde e para quando o despertar? Onde e para quando a vontade que já existiu em nós noutros tempos e que nos fez dar passos gigantescos em direcção ao futuro? Para quando o aparecimento de um espírito global de exigência e colaboração entre todos nós, condição para que o futuro seja mais risonho?
O problema é, simultâneamente, social e político. Mas, como a política é uma emanação do social, este está primeiro. E nenhuma sociedade foi capaz de se transformar sem a existência de pessoas capazes de liderar as grandes transformações. E tais pessoas nunca foram daquelas de dizer amém a tudo, de estar de acordo com tudo, de contemporizar, de agradar a gregos e troianos, de "não hostilizar". Por muito que nos desagrade individualmente, essas pessoas foram, de algum modo, corajosas a ponto de arrostarem contra o desagrado provocado pela agressão aos interesses instalados, ao status quo, ao imobilismo, à paralisia. E, por isso, puderam liderar processos de profunda transformação. Podemos considerá-las arrogantes, no sentido em que acreditam no que pensam e tentam realizar aquilo em que acreditam. Mas lá que transformam - ou conduzem os outros a transformar - lá isso transformam.
Não temos muito tempo para dar os passos que se impõem. A preocupação que sinto nem sequer tem que ver com o muito tempo que falta para as próximas eleições legislativas. Porque, qualquer que seja o resultado, o que delas sair não vai ser muito diferente da que agora temos. A sociedade civil tem que ser global e selectiva. Tem que ser global por via duma percepção do que interessa a todos, capaz de perceber a floresta am lugar de apenas ver as árvores. E tem que ser selectiva elegendo onde é que importa actuar para que tudo se modifique. Já não vamos lá sem uma profunda reforma do sistema político. E julgo que esta exigência tem que surgir em primeiro lugar. Há que eleger o "inimigo" principal e este é constituído, fundamentalmente, por duas situações que se conjugam para produzir um resultado preverso: o conformismo dos indivíduos e a concentração do poder político nos directórios partidários. A democracia nunca conseguirá produzir o sistema perfeito. Mas é dela que brota o sistema mais perfeito possível. Sem a rejeitar, temos que ser capazes de encontrar as soluções necessárias para a aperfeiçoar. Sobretudo num momento em que, pacificamente mas com coragem, temos que mudar profundamente as nossas estruturas sociais e produtivas, sem o que, parafraseado António Borges, seremos eliminados por não acompanharmos os novos tempos.
Magalhães Pinto, em VIDA ECONÓMICA, em 10/4/2001
António Borges, economista português - agora radicado em Inglaterra, depois de ter deixado também em França a marca da sua qualidade - ex-Governador do Banco de Portugal, deixou em Portugal, aquando da sua notável intervenção numa sessão promovida pela ACEGE - Associação Cristã de Empresários e Gestores, um aviso incontornável: ou a economia portuguesa se reforma ou não há grande futuro para nós. O prestigiado economista português traçou, ainda que de modo algo indirecto, um paralelo demolidor entre o que se passa em Portugal e o que vai pelo resto do mundo desenvolvido. Demonstrando que "Nova Economia" não é apenas um conceito para animar as bolsas mundiais e que é, antes, uma nova realidade a que não adianta fugir.
"A Nova Economia não é uma ficção, é uma realidade. É uma economia onde existe uma forma diferente de trabalhar os recursos num círculo virtuoso. É uma economia de tomada e aceitação de riscos. Elimina rapidamente tudo o que não a acompanha e não se compadece com tradicionalismos".
António Borges
Depois destas afirmações lapidares, António Borges caracterizou o novo ambiente económico do mundo desenvolvido, exprimindo algumas ideias a que os agentes económicos portugueses e, particularmente, os responsáveis políticos pelo país, deveriam prestar grande atenção:
"A excessiva regulamentação é nociva para esta nova economia. Exige o financiamento escorreito e a reorganização da actividade empresarial. O combate contra a ineficiência, contra a complacência e os interesses instalados. A eficiência de cada um depende da colaboração de todos os outros. Tem que existir um respeito grande pelas poupanças e pelos investidores. Sem estes, tudo cai por terra".
António Borges
Que admirável lição para os nossos empresários e para os nossos governantes. Colocando o acento tónico desta nova realidade na aceitação dos riscos - e, ao mesmo tempo, aceitando maiores compensações, leia-se lucros, por isso - a elaboração teórica de António Borges erguia-se, como um anátema, contra a realidade portuguesa. Onde muitos empresários pouco mais fazem de competitivo do que batalhar pela maior fatia relativa nos fundos vindos de Bruxelas. Uma economia subsídio-dependente, onde, inclusivamente, as posições públicas de agrado ou desagrado pelo Governo, vindas das organizações empresariais ou dos próprios empresários, surgem à medida e ao ritmo do acesso a tais subsídios. Um processo e um sistema que funcionam, como muito bem colocou em evidência uma outra figura do panorama intelectual português, conforme se pôde ler numa entrevista publicada no "Público":
"Os partidos existem para ganhar eleições. E, para ganhar eleições é preciso não descontentar ninguém. Esse é o problema. Não se trata de convencer, mas de não hostilizar. Os políticos nunca emitem uma opinião controversa, porque temem perder um voto; daí, a ausência de reformas. Há que fazer a reforma do sistema eleitoral. Que os partidos (leia-se, os seus directórios) não querem".
André Gonçalves Pereira
À medida que vamos ouvindo aqueles que se dão ao trabalho de pensar em Portugal, vamos percebendo o tempo precioso que está a ser perdido devido à pusilanimidade de uma classe política sem coragem. Não é por acaso que, depois de termos feito francos progressos na década que medeou entre 1985 e 1995, tendo, inclusivamente, abandonado a lanterna vermelha da Europa, em termos de desenvolvimento social e económico, voltamos a empunhá-la. O economista que serve de referência a estas notas chegou a ser implacável ao estabelecer, por contraponto à Nova Economia, o que era uma Economia Antiga, velha e relha, pronta para deitar ao caixote da História:
"Um Estado monopolista, sem confiança na sociedade civil. Que tenta fazer tudo sem fazer nada bem. Com dificuldades no cumprimento da Lei. Que precisa de se financiar através do aumento dos impostos. Com burocracia crescente e autoritária por si mesma. Um Estado com uma Justiça ineficiente, onde o crime compensa. Que gera corrupção através da concessão de benefícios e subsídios. No qual só os ingénuos cumprem. Que contribui para o caos através da criação de instituições paralelas, dando lugar a uma sociedade civil sem iniciativa, com as pessoas encostadas ao mesmo Estado".
António Borges
Como o dito economista acentuou, parecia que estava a falar de África. Mas é bom de ver quanto a descrição se ajusta à situação portuguesa. Sendo certo que o pior que pode acontecer a Portugal é a desmoralização que uma tal situação pode originar. O ambiente de generalizado pessimismo que parece estar a instalar-se é profundamente nocivo. E dá vontade de gritar: onde está a sociedade civil portuguesa? Será que esta não passa de um mito? Será que não sabemos encontrar dentro de cada um de nós a força suficiente para EXIGIR as mudanças necessárias? Onde e para quando o despertar? Onde e para quando a vontade que já existiu em nós noutros tempos e que nos fez dar passos gigantescos em direcção ao futuro? Para quando o aparecimento de um espírito global de exigência e colaboração entre todos nós, condição para que o futuro seja mais risonho?
O problema é, simultâneamente, social e político. Mas, como a política é uma emanação do social, este está primeiro. E nenhuma sociedade foi capaz de se transformar sem a existência de pessoas capazes de liderar as grandes transformações. E tais pessoas nunca foram daquelas de dizer amém a tudo, de estar de acordo com tudo, de contemporizar, de agradar a gregos e troianos, de "não hostilizar". Por muito que nos desagrade individualmente, essas pessoas foram, de algum modo, corajosas a ponto de arrostarem contra o desagrado provocado pela agressão aos interesses instalados, ao status quo, ao imobilismo, à paralisia. E, por isso, puderam liderar processos de profunda transformação. Podemos considerá-las arrogantes, no sentido em que acreditam no que pensam e tentam realizar aquilo em que acreditam. Mas lá que transformam - ou conduzem os outros a transformar - lá isso transformam.
Não temos muito tempo para dar os passos que se impõem. A preocupação que sinto nem sequer tem que ver com o muito tempo que falta para as próximas eleições legislativas. Porque, qualquer que seja o resultado, o que delas sair não vai ser muito diferente da que agora temos. A sociedade civil tem que ser global e selectiva. Tem que ser global por via duma percepção do que interessa a todos, capaz de perceber a floresta am lugar de apenas ver as árvores. E tem que ser selectiva elegendo onde é que importa actuar para que tudo se modifique. Já não vamos lá sem uma profunda reforma do sistema político. E julgo que esta exigência tem que surgir em primeiro lugar. Há que eleger o "inimigo" principal e este é constituído, fundamentalmente, por duas situações que se conjugam para produzir um resultado preverso: o conformismo dos indivíduos e a concentração do poder político nos directórios partidários. A democracia nunca conseguirá produzir o sistema perfeito. Mas é dela que brota o sistema mais perfeito possível. Sem a rejeitar, temos que ser capazes de encontrar as soluções necessárias para a aperfeiçoar. Sobretudo num momento em que, pacificamente mas com coragem, temos que mudar profundamente as nossas estruturas sociais e produtivas, sem o que, parafraseado António Borges, seremos eliminados por não acompanharmos os novos tempos.
Magalhães Pinto, em VIDA ECONÓMICA, em 10/4/2001
EFEMÉRIDE DO DIA
Neste dia, em 1853, nasceu o pintor holandês Vincent van Gogh.
Vincent van Gogh chegou em Arles, no Sul de França, no dia 21 de fevereiro de 1888. A cidade era um local que o impressionava pelas paisagens e onde esperava fundar uma colônia de artistas.
Com objetivo de decorar a sua casa em Arles (conhecida como A Casa Amarela, retratada em uma de suas obras), Van Gogh pintou a série de quadros com girassóis, dos quais um se tornaria numa de suas obras mais conhecidas. Dos artistas que deixara em Paris, apenas Gauguin respondeu ao convite feito para se instalar em Arles. O Vinhedo Vermelho, único quadro vendido durante a sua vida, foi pintado nesta altura. Ele o vendeu por 400 francos.
Gauguin e Van Gogh partilhavam uma admiração mútua, mas a relação entre ambos estava longe de ser pacífica e as discussões, frequentes. Para representar as relações abaladas entre os dois, Van Gogh pinta a A Cadeira de Van Gogh e a A Cadeira de Gauguin, ambas de dezembro de 1888. As duas cadeiras estão vazias, com objetos que representam as diferenças entre os dois pintores. A cadeira de Van Gogh é sem braços, simples, com assento de palha; a de Gauguin possui assento estofado e possui braços.
Mediante os diversos conflitos, Gauguin pensa em deixar Arles: "Vincent e eu não podemos simplesmente viver juntos em paz, devido à incompatibilidade de temperamentos", queixou-se ele a Theo. Gauguin sentia-se incomodado com as variações de humor de Vincent pela pressão exercida por elas.
Em 23 de dezembro de 1888, após a saída de Gauguin para uma caminhada, Van Gogh o segue e o surpreende com uma navalha aberta. Gauguin se assusta e decide pernoitar em uma pensão. Transtornado e com remorso pelo feito, Vincent corta um pedaço de sua orelha esquerda, que embrulha em um lenço e leva, como presente, a uma prostituta sua amiga, Rachel. Vincent retorna à sua casa e deita-se para dormir como se nada acontecera. A polícia é avisada e encontra-o sem sentidos e ensanguentado. O artista é encaminhado ao hospital da cidade.[4] Gauguin então manda um telegrama para Theo e volta para Paris, julgando melhor não visitar Vincent no hospital.
Vincent van Gogh chegou em Arles, no Sul de França, no dia 21 de fevereiro de 1888. A cidade era um local que o impressionava pelas paisagens e onde esperava fundar uma colônia de artistas.
Com objetivo de decorar a sua casa em Arles (conhecida como A Casa Amarela, retratada em uma de suas obras), Van Gogh pintou a série de quadros com girassóis, dos quais um se tornaria numa de suas obras mais conhecidas. Dos artistas que deixara em Paris, apenas Gauguin respondeu ao convite feito para se instalar em Arles. O Vinhedo Vermelho, único quadro vendido durante a sua vida, foi pintado nesta altura. Ele o vendeu por 400 francos.
Gauguin e Van Gogh partilhavam uma admiração mútua, mas a relação entre ambos estava longe de ser pacífica e as discussões, frequentes. Para representar as relações abaladas entre os dois, Van Gogh pinta a A Cadeira de Van Gogh e a A Cadeira de Gauguin, ambas de dezembro de 1888. As duas cadeiras estão vazias, com objetos que representam as diferenças entre os dois pintores. A cadeira de Van Gogh é sem braços, simples, com assento de palha; a de Gauguin possui assento estofado e possui braços.
Mediante os diversos conflitos, Gauguin pensa em deixar Arles: "Vincent e eu não podemos simplesmente viver juntos em paz, devido à incompatibilidade de temperamentos", queixou-se ele a Theo. Gauguin sentia-se incomodado com as variações de humor de Vincent pela pressão exercida por elas.
Em 23 de dezembro de 1888, após a saída de Gauguin para uma caminhada, Van Gogh o segue e o surpreende com uma navalha aberta. Gauguin se assusta e decide pernoitar em uma pensão. Transtornado e com remorso pelo feito, Vincent corta um pedaço de sua orelha esquerda, que embrulha em um lenço e leva, como presente, a uma prostituta sua amiga, Rachel. Vincent retorna à sua casa e deita-se para dormir como se nada acontecera. A polícia é avisada e encontra-o sem sentidos e ensanguentado. O artista é encaminhado ao hospital da cidade.[4] Gauguin então manda um telegrama para Theo e volta para Paris, julgando melhor não visitar Vincent no hospital.
29.3.11
OS PORTUGUESES - LII
"O despotismo iluminado defendeu uma nova concepção de governo. Elevando o 'paternal amor' com que o monarca pretendia o 'bem commum dos seus fieis vasallos', D. José I revestiu de dignidade a missão dos seus mais directos colaboradores. Deviam estes, por meio de 'fructuosos trabalhos', evitando aos súbditos 'molestias' e 'vexaçoens', cumprir os 'fieis mandados' do soberano para se alcançar 'a utilidade pública de seus Reinos'.
Os ministros deviam receber o testemunho de consideração prestada ao rei. As leis cumpriam-se porque tal era sua vontade, o que conduzia na letra ao equilíbrio dos poderes espiritual e temporal e ao respeito devido ao soberano por todos os estratos sociais da nação.
Desde a sua ascensão ao governo que Carvalho e Melo (futuro Marquês de Pombal) quis executar os princípios orientadores dessa acção política. O despotismo iluminado bebera uma parte do seu conteúdo nas doutrinas jansenistas e regalengas que o espírito do século XVII insuflara em muitos adeptos da filosofia das luzes. A reforma das finanças, do comércio, da agricultura e da educação, por meio de órgãos munidos de eficiente poder, impunha um controle da máquina estadual, o quye tinha a diversos níveis de provocar fortes reacções. Cabia aos monarcas fomentar as actividades criadoras de riqueza, espalhar a instrução e a assistência, abrir as vias de comunicação, limitar os efeitos nocivos da vida monacal, servir-se das Luzes para o bem público."
(Fonte: História de Portugal, dirigida por João Medina)
FRASE DO DIA
PENSAMENTO DO DIA
EFEMÉRIDE DO DIA
Neste dia, em 1769, nasceu o general e político francês Nicolas Soult, comandante das tropas napoleónicas da segunda invasão francesa de Portugal.
Napoleão Bonaparte ordenou que, para arruinar economicamente a Inglaterra visto que não a venciam, todos os países Europeus fechassem os portos aos navios ingleses (bloqueio continental) e Portugal recusou porque era forte aliado de Inglaterra.
"Em 1807, as tropas francesas de Napoleão invadem o país. O rei D. João VI refugia-se no Brasil, aconselhando os portugueses a receber os invasores como amigos. A segunda invasão francesa foi a mais penosa para os portuenses. O ataque das tropas dá-se no dia 29 de Março. Os seus habitantes, assustados com a aproximação das tropas francesas, ao fugir, precipitam-se sobre a ponte que unia as margens do Douro. A ponte de madeira, sobre barcas, rompe-se e uma verdadeira multidão cai ao rio. Centenas sucumbiram nesta tragédia. Nos dias seguintes os franceses saqueiam a cidade até fugirem em debandada diante do exército inglês presente em Portugal, comandado pelo General Beresford."
(Câmara Municipal do Porto)
Napoleão Bonaparte ordenou que, para arruinar economicamente a Inglaterra visto que não a venciam, todos os países Europeus fechassem os portos aos navios ingleses (bloqueio continental) e Portugal recusou porque era forte aliado de Inglaterra.
"Em 1807, as tropas francesas de Napoleão invadem o país. O rei D. João VI refugia-se no Brasil, aconselhando os portugueses a receber os invasores como amigos. A segunda invasão francesa foi a mais penosa para os portuenses. O ataque das tropas dá-se no dia 29 de Março. Os seus habitantes, assustados com a aproximação das tropas francesas, ao fugir, precipitam-se sobre a ponte que unia as margens do Douro. A ponte de madeira, sobre barcas, rompe-se e uma verdadeira multidão cai ao rio. Centenas sucumbiram nesta tragédia. Nos dias seguintes os franceses saqueiam a cidade até fugirem em debandada diante do exército inglês presente em Portugal, comandado pelo General Beresford."
(Câmara Municipal do Porto)
28.3.11
OS PORTUGUESES - LI
"Aspecto essencial da corte de D. João V foi a afirmação da sua indisputada preeminência cultural. Expressão emblemática deste período, o palácio e convento de Mafra, iniciado em 1717 e concluído em 1730, constitui apenas a tradução mais visível de um contínuo investimento cultural e artístico, que se consubstanciou na importação sistemática de numerosos artistas e músicos italianos, bem como na encomenda directa de trabalhos, como pinturas e colecções de gravuras. O auge da cultura intelectual barroca em Portugal expressar-se-ia não só em diversas academias literárias, mas ainda na fundação da Real Academia de História, em 1722. A impressão, periódica e outra, conheceria também, durante o período joanino, uma apreciável expansão, geralmente subestimada. A dimensão de representação espectacular do poder real tem sido muito destacada como uma das marcas singulares do período joanino."
(Fonte: História de Portugal, coordenada por Rui Ramos)
FRASE DO DIA
PENSAMENTO DO DIA
EFEMÉRIDE DO DIA
Neste dia, em 1810, nasceu o historiador português Alexandre Herculano.
Herculano deixou ensaios sobre diversas questões polémicas da época, que se somam à sua intensa actividade jornalística.
A parte mais significativa da obra literária de Herculano concentra-se em seis textos em prosa, dedicados principalmente ao género conhecido como narrativa histórica. Esse tipo de narrativa combina a erudição do historiador, necessária para a minuciosa reconstituição de ambientes e costumes de épocas passadas, com a imaginação do literato, que cria ou amplia tramas para compor seus enredos. Dessa forma, o autor situa ação num tempo passado, procurando reconstituir uma época. Para isso, contribuem descrições pormenorizadas de quadros antigos, como festas religiosas, indumentárias, ambientes e aposentos, topografias de cidades. São frequentes as intervenções do narrador, que tece comentários filosóficos, sociais ou políticos, muitas vezes relacionando o passado narrado com o quotidiano do século XIX.
A narrativa de caráter histórico foi desenvolvida inicialmente por Walter Scott (1771-1832), poeta e novelista escocês que escreveu A Balada do Último Menestrel e Ivanhoé,entre outros trabalhos. Também o francês Vitor Hugo (1802-1885) serviu de modelo a Herculano: Hugo escreveu o romance histórico Nossa Senhora de Paris, em que surge Quasimodo, o famoso “Corcunda de Notre-Dame”. A partir desses modelos, desenvolveu-se a narrativa histórica de Herculano, que pode ser considerada o ponto inicial para o desenvolvimento da prosa de ficção moderna em Portugal.
As Lendas e Narrativas são formadas por textos mais ou menos curtos, que se podem considerar contos e novelas. Herculano abordou vários períodos da historia da Península Ibérica. É evidente a preferência do autor pela Idade Média, época em que, segundo ele, se encontravam as raízes da nacionalidade portuguesa.
O trabalho literário de Herculano foi, juntamente com as Viagens na Minha Terra, de Garrett, o ponto inicial para o desenvolvimento da prosa de ficção moderna em Portugal. Assim, a partir disto, as narrativas históricas foram gradualmente focando épocas cada vez mais próximas do século XIX.
Herculano deixou ensaios sobre diversas questões polémicas da época, que se somam à sua intensa actividade jornalística.
A parte mais significativa da obra literária de Herculano concentra-se em seis textos em prosa, dedicados principalmente ao género conhecido como narrativa histórica. Esse tipo de narrativa combina a erudição do historiador, necessária para a minuciosa reconstituição de ambientes e costumes de épocas passadas, com a imaginação do literato, que cria ou amplia tramas para compor seus enredos. Dessa forma, o autor situa ação num tempo passado, procurando reconstituir uma época. Para isso, contribuem descrições pormenorizadas de quadros antigos, como festas religiosas, indumentárias, ambientes e aposentos, topografias de cidades. São frequentes as intervenções do narrador, que tece comentários filosóficos, sociais ou políticos, muitas vezes relacionando o passado narrado com o quotidiano do século XIX.
A narrativa de caráter histórico foi desenvolvida inicialmente por Walter Scott (1771-1832), poeta e novelista escocês que escreveu A Balada do Último Menestrel e Ivanhoé,entre outros trabalhos. Também o francês Vitor Hugo (1802-1885) serviu de modelo a Herculano: Hugo escreveu o romance histórico Nossa Senhora de Paris, em que surge Quasimodo, o famoso “Corcunda de Notre-Dame”. A partir desses modelos, desenvolveu-se a narrativa histórica de Herculano, que pode ser considerada o ponto inicial para o desenvolvimento da prosa de ficção moderna em Portugal.
As Lendas e Narrativas são formadas por textos mais ou menos curtos, que se podem considerar contos e novelas. Herculano abordou vários períodos da historia da Península Ibérica. É evidente a preferência do autor pela Idade Média, época em que, segundo ele, se encontravam as raízes da nacionalidade portuguesa.
O trabalho literário de Herculano foi, juntamente com as Viagens na Minha Terra, de Garrett, o ponto inicial para o desenvolvimento da prosa de ficção moderna em Portugal. Assim, a partir disto, as narrativas históricas foram gradualmente focando épocas cada vez mais próximas do século XIX.
27.3.11
OS PORTUGUESES - L
"O governo do valido de D. Afonso VI, o terceiro conde de Castelo Melhor, Luís Vasconcelos de Sousa, com apenas 26 anos em 1662, decorreu num contexto de intensa luta entre as facções na corte. Nos seus primórdios e no decurso dos cinco anos que durou, entre 1662 e 1667, ficou assinalado por uma onda de desterros e algumas prisões...
Como no reino de Portugal não havia o ofício de primeiro-ministro, a publicação de um regimento do escrivão de puridade de 1663 foi a modalidade encontrada para se legitimar a posição de facto que o jovem conde de Castelo Melhor tinha alcançado...
Castelo Melhor tratou ainda de gerir a política de mercês, ou seja, as doações do rei. Como se disse contra ele num escrito famoso, 'de nenhuma consulta fazia caso, despachando tudo por cima, sendo ele o datário dos postos, comendas, ofícios e tenças, e sua vontade era toda a razão de dar e tirar despachos que, como cega, ou do ódio ou do amor, nem via serviços nem incapacidades, regulando tudo pelo seu querer'. Acresce que Castelo Melhor procurou lançar novos impostos para custear as despesas militares, entre as quais, uma taxa sobre o rendimento das comendas."
Na sequência das lutas pelo casamento de D. Afonso VI, travadas entre os favoritos de uma aliança com a Inglaterra e os favoritos de uma aliança com a França, o conde de Castelo Melhor houve de afastar-se do seu cargo e da corte, acabando por fugir para Inglaterra.
(Fonte: História de Portugal, coordenada por Rui Ramos)
FRASE DO DIA
PENSAMENTO DO DIA
EFEMÉRIDE DO DIA
Neste dia, em 1899, nasceu a actriz de cinema Gloria Swanson.
Estreou no cinema, como figurante, no filme The Song of Soul, em 1914. Atuou em diversas comédias de Mack Sennett e, nos anos 1920, já era uma estrela do cinema mudo. Em 1922, atuou no filme mudo Beyond the Rocks, com Rodolfo Valentino, filme que esteve perdido durante muito tempo e só foi reeencontrado em 2004, numa coleção privada na Holanda.
Personificou mulheres extravagantes e seguras, que agiam segundo os seus sentimentos e a sua lógica. Como estrela importante de Hollywood, conseguiu manter a popularidade com o advento do cinema sonoro, com filmes como The Trespasser (1929) e What a Widow! (1930).
Em 1950, atuou em Crepúsculo dos deuses, dirigida por Billy Wilder, onde interpretou uma atriz do cinema mudo incapaz de aceitar o esquecimento. Após alguns projetos no teatro e no rádio, Gloria Swanson interpretou a si mesma em seu último filme, Aeroporto 75, de 1975.
Estreou no cinema, como figurante, no filme The Song of Soul, em 1914. Atuou em diversas comédias de Mack Sennett e, nos anos 1920, já era uma estrela do cinema mudo. Em 1922, atuou no filme mudo Beyond the Rocks, com Rodolfo Valentino, filme que esteve perdido durante muito tempo e só foi reeencontrado em 2004, numa coleção privada na Holanda.
Personificou mulheres extravagantes e seguras, que agiam segundo os seus sentimentos e a sua lógica. Como estrela importante de Hollywood, conseguiu manter a popularidade com o advento do cinema sonoro, com filmes como The Trespasser (1929) e What a Widow! (1930).
Em 1950, atuou em Crepúsculo dos deuses, dirigida por Billy Wilder, onde interpretou uma atriz do cinema mudo incapaz de aceitar o esquecimento. Após alguns projetos no teatro e no rádio, Gloria Swanson interpretou a si mesma em seu último filme, Aeroporto 75, de 1975.
26.3.11
OS PORTUGUESES - IL
Luísa de Gusmão foi raínha de Portugal, mulher de D. João IV, o rei da Restauração de 1640.
Na última hora, na hora das hesitações, quando o duque D. João, intimado por Filipe IV para se apresentar em Madrid, intimado pelos conjurados para aceitar a coroa que a revolução lhe ia oferecer, se mostrava como sempre hesitante quis consultar sua mulher, e encontrou nela os varonis espíritos que sempre lhe notaram.
"A duquesa era ambiciosa; e atribui-se-lhe a seguinte resposta: que tinha por mais acertado morrer reinando, que acabar servindo, palavras que os manuais da historia nacional parafrasearam deste modo: antes ser rainha uma hora, do que duquesa toda a vida. Esta resposta conceituosa cuja veracidade tem sido contestada, se acaso é verdadeira, exprime bem, contudo, a sua resolução intrépida, e o seu desejo de subir ao primeiro lugar da hierarquia do reino.
...
D. João IV morreu em 1656, deixando em testamento a rainha sua mulher como tutora e curadora de seus filhos, e regente do reino durante a menoridade de D. Afonso. D. Luísa de Gusmão, porém, já não tinha a energia da sua primeira mocidade; como política, foi joguete de dois partidos que então dividiam a corte, a deixou-se dominar especialmente pelo frade holandês Frei Domingos do Rosário; como mãe, não teve força para coibir as desgraçadas tendências de seu filho D. Afonso VI, as suas devassidões e a sua prejudicial turbulência."
(Fontes: História de Portugal, coordenada por Rui Ramos, e Portugal, Dicionário Histórico)
FRASE DO DIA
PENSAMENTO DO DIA
A recusa da auditoria às contas públicas - aliás, feita quando José Sócrates tomou conta do Governo, com a colaboração do Banco de Portugal - manifestada por Bruxelas e pelo Presidente da República Portuguesa Cavaco Silva confirma dois factos preocupantes:
- Não temos o direito de saber como estão REALMENTE as nossas contas;
- O buraco é seguramente muito maior do que nos vêm dizendo.
- Não temos o direito de saber como estão REALMENTE as nossas contas;
- O buraco é seguramente muito maior do que nos vêm dizendo.
RECORDAR É VIVER
Um compositor genial - Beethoven. Um maestro genial - von Karajan. Uma orquestra sublime - a Filarmónica de Berlim, com o seu coro. Um excerto duma obra prima - a Sinfonia nº. 9. Um espectáculo empolgante. No aniversário do falecimento do compositor.
EFEMÉRIDE DO DIA
Neste dia, em 1827, faleceu o compositor Ludwig van Beethoven.
Em 2 de Abril de 1800, a sua Sinfonia nº1 em Dó maior, Op. 21 faz a sua estreia em Viena. Porém, no ano seguinte, confessa aos amigos que não está satisfeito com o que tinha composto até então, e que tinha decidido seguir um novo caminho. Em 1802, escreve o seu testamento, mais tarde revisto como O Testamento de Heilingenstadt, por ter sido escrito na localidade austríaca de Heilingenstadt, então subúrbio de Viena, dirigido aos seus dois irmãos vivos: Kaspar Anton Carl van Beethoven (1774-1815) e Nicolaus Johann van Beethoven (1776-1848).
Finalmente, entre 1802 e 1804, começa a trilhar aquele novo caminho que ambiciona, com a apresentação de Sinfonia nº3 em Mi bemol Maior, Op.55, intitulada de Eróica. Uma obra sem precedentes na história da música sinfônica, considerada o início do período Romântico, na Música Erudita. Os anos seguintes à Eroica foram de extraordinária fertilidade criativa, e viram surgir numerosas obras-primas: a Sonata para Piano nº 21 em Dó maior, Op.53, intitulada de Waldstein, entre 1803 e 1804); a Sonata para Piano nº 23 em Fá menor, Op.57, intitulada de Appassionata, entre 1804 e 1805; o Concerto para Piano nº 4 em Sol Maior, Op.58, em 1806; os Três Quartetos de Cordas, Op.59, intitulados de Razumovsky, em 1806; a Sinfonia nº 4 em Si bemol Maior, Op.60, também em 1806; o Concerto para Violino em Ré Maior, Op.61, entre 1806 e 1807; a Sinfonia nº 5 em Dó Menor, Op.67, entre 1807 e 1808; a Sinfonia nº 6 em Fá maior, Op.68, intitulada de Pastoral, também entre 1807 e 1808; a Ópera Fidelio, Op.72, cuja versão definitiva data de 1814; e o Concerto para Piano nº 5 em Mi bemol Maior, Op.73, intitulado de Imperador, em 1809.
Ludwig escreveu ainda uma Abertura, música destinada a ilustrar uma peça teatral, uma tragédia em cinco actos de Goethe: Egmont. E muito se conta do encontro entre Johann Wolfgang von Goethe e Ludwig van Beethoven.
A culminância foi a Sinfonia nº 9 em Ré Menor, Op.125 (1822-1824), para muitos a sua maior obra-prima. Pela primeira vez é inserido um coral num movimento de uma sinfonia. O texto é uma adaptação do poema de Friedrich Schiller, "Ode à Alegria", feita pelo próprio Ludwig van Beethoven.
Em 2 de Abril de 1800, a sua Sinfonia nº1 em Dó maior, Op. 21 faz a sua estreia em Viena. Porém, no ano seguinte, confessa aos amigos que não está satisfeito com o que tinha composto até então, e que tinha decidido seguir um novo caminho. Em 1802, escreve o seu testamento, mais tarde revisto como O Testamento de Heilingenstadt, por ter sido escrito na localidade austríaca de Heilingenstadt, então subúrbio de Viena, dirigido aos seus dois irmãos vivos: Kaspar Anton Carl van Beethoven (1774-1815) e Nicolaus Johann van Beethoven (1776-1848).
Finalmente, entre 1802 e 1804, começa a trilhar aquele novo caminho que ambiciona, com a apresentação de Sinfonia nº3 em Mi bemol Maior, Op.55, intitulada de Eróica. Uma obra sem precedentes na história da música sinfônica, considerada o início do período Romântico, na Música Erudita. Os anos seguintes à Eroica foram de extraordinária fertilidade criativa, e viram surgir numerosas obras-primas: a Sonata para Piano nº 21 em Dó maior, Op.53, intitulada de Waldstein, entre 1803 e 1804); a Sonata para Piano nº 23 em Fá menor, Op.57, intitulada de Appassionata, entre 1804 e 1805; o Concerto para Piano nº 4 em Sol Maior, Op.58, em 1806; os Três Quartetos de Cordas, Op.59, intitulados de Razumovsky, em 1806; a Sinfonia nº 4 em Si bemol Maior, Op.60, também em 1806; o Concerto para Violino em Ré Maior, Op.61, entre 1806 e 1807; a Sinfonia nº 5 em Dó Menor, Op.67, entre 1807 e 1808; a Sinfonia nº 6 em Fá maior, Op.68, intitulada de Pastoral, também entre 1807 e 1808; a Ópera Fidelio, Op.72, cuja versão definitiva data de 1814; e o Concerto para Piano nº 5 em Mi bemol Maior, Op.73, intitulado de Imperador, em 1809.
Ludwig escreveu ainda uma Abertura, música destinada a ilustrar uma peça teatral, uma tragédia em cinco actos de Goethe: Egmont. E muito se conta do encontro entre Johann Wolfgang von Goethe e Ludwig van Beethoven.
A culminância foi a Sinfonia nº 9 em Ré Menor, Op.125 (1822-1824), para muitos a sua maior obra-prima. Pela primeira vez é inserido um coral num movimento de uma sinfonia. O texto é uma adaptação do poema de Friedrich Schiller, "Ode à Alegria", feita pelo próprio Ludwig van Beethoven.
25.3.11
OS PORTUGUESES - XLVIII
Os holandeses, em guerra com Espanha, haviam conquistado grandes parcelas territoriais de Angola e do Brasil. No Conselho Ultramarino defendia-se que 'sem Angola não se pode sustentar o Brasil (à míngua de escravos) e menos Portugal sem aquele estado'. Donde resultou a acção de reconquista. O protagonista principal da acção foi Salvador Correia de Sá, um membro destacado da elite fluminense que alcançara algumas das mais importantes distinções da monarquia, sendo governador da capitania do Rio de Janeiro e genral das frotas do Brsil, além de integrar o Conselho Ultramarino. Os atacantes desembarcaram a sul de Luanda, no ancoradouro do Quicombo, e, quinze dias mais tarde, prepararam-se para atacar a cidade, não sem que antes fizessem uma proposta de rendição aos holandeses. No dia 18 de Agosto de 1648, as forças de Correia de Sá decidiram atacar os fortes da cidade, mas acabaram por ser repelidas pelos holandeses, sofrendo mais de uma centena de baixas. Contudo, passadas poucas horas, para enorme surpresa dos atacantes, os holandeses hastearam a bandeira branca, dispondo-se à rendição total e ao abandono de todos os territórios angolanos ocupados.
(Fonte: História de Portugal, coordenada por Rui Ramos)
FRASE DO DIA
PENSAMENTO DO DIA
EFEMÉRIDE DO DIA
Neste dia, em 1223, faleceu D. Afonso II, terceiro rei de Portugal.
O reinado de Afonso II caracterizou um novo estilo de governação, contrário à tendência belicista dos seus antecessores. Afonso II não contestou as suas fronteiras com Galiza e Leão, nem procurou a expansão para Sul (não obstante no seu reinado ter sido tomada aos Mouros a cidade de Alcácer do Sal, em 1217, mas por iniciativa de um grupo de nobres liderados pelo bispo de Lisboa), preferindo sim consolidar a estrutura económica e social do país. O primeiro conjunto de leis portuguesas é de sua autoria e visam principalmente temas como a propriedade privada, direito civil e cunhagem de moeda. Foram ainda enviadas embaixadas a diversos países europeus, com o objectivo de estabelecer tratados comerciais. Apesar de, como já dissemos, não ter tido preocupações militares, enviou tropas portuguesas que, ao lado de castelhanas, aragonesas e francesas, combateram bravamente na célebre batalha de Navas de Tolosa na defesa da Península Ibérica contra os muçulmanos.
O reinado de Afonso II caracterizou um novo estilo de governação, contrário à tendência belicista dos seus antecessores. Afonso II não contestou as suas fronteiras com Galiza e Leão, nem procurou a expansão para Sul (não obstante no seu reinado ter sido tomada aos Mouros a cidade de Alcácer do Sal, em 1217, mas por iniciativa de um grupo de nobres liderados pelo bispo de Lisboa), preferindo sim consolidar a estrutura económica e social do país. O primeiro conjunto de leis portuguesas é de sua autoria e visam principalmente temas como a propriedade privada, direito civil e cunhagem de moeda. Foram ainda enviadas embaixadas a diversos países europeus, com o objectivo de estabelecer tratados comerciais. Apesar de, como já dissemos, não ter tido preocupações militares, enviou tropas portuguesas que, ao lado de castelhanas, aragonesas e francesas, combateram bravamente na célebre batalha de Navas de Tolosa na defesa da Península Ibérica contra os muçulmanos.
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