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10.1.07

RETALHOS LITERARIOS

O PROCESSO DE DECISÃO

(continuação do publicado em 29/12/2006, 3/1, 5/1 e 8/1/2007)

O que eu quero dizer na minha. É que o processo de decisão é contínuo, prolonga-se pela implementação da decisão principal, a qual exige novas decisões. Controlar permanentemente a implementação da decisão, conferir se os resultados obtidos a cada estádio são os pretendidos, produzindo as novas decisões que se mostrem necessárias, são exigências imperiosas do processo de decisão.

Postas as coisas neste pé, estou mesmo a ver o que lhjes vai no pensamento. "Estamos bem tramados todas! Se é assim, vamos passar o tempo todo a pensar! E como enquanto se pensa não se age; e como apenas o agir faz com que aconteça o que se quer, nunca mais vamos chegar a nenhum fim!". Se estão a pensar assim, estão a pensar bem. A produção duma decisão perfeita é um objectivo inatingível, se pretendemos conseguir o fim a que nos propomos com ela. Não há decisões perfeitas, de modo absoluto. Mas também não é isso que se pretende. O que se pretende conseguir com cada decisão, em cada decisão, é o melhor relativo. Não percam nunca de vista a enorme importância deste termo: relativo. Susceptível de tranformar uma verdade em mentira e vice versa. Um exemplo. Se eu lhes disser que o diâmetro da terra é muito grande e o tamanho do meu nariz é pequeno, seguramente as senhoras estarão de acordo comigo. E, no entanto, se eu comparar o diâmetro da terra com o diâmetro da Via Láctea, ele é microscópico; e se meter o meu nariz em algo da vossa vida, logo dirão que ele chega até onde não é chamado. É, as coisas são todas relativas e apenas nessa perspectiva de relatividade podem e devem ser apreciadas. O mesmo se passa com as decisões. E porque só o agir transforma, só agir produz fenómenos reais, há um factor que não pode ser desprezado no processo de decisão. O timing. O timing correcto. A avaliação do momento em que a decisão tem que ser produzida é, quiçá, o elemento mais importante do processo de decisão. Uma decisão produzida fora de tempo é pior do que não produzir decisão nenhuma. Ainda no exemplo das castanhas, se não produzirmos todas aquelas decisões a tempo, o mais provável é que arrefeçam ou, se formos muito demorados, que apodreçam.

(continua)

Conferência O PROCESSO DE DECISÃO - Magalhães Pinto - Novembro de 1993

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