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São já demasiados os casos de situações extremamente delicadas, atingindo autarcas de todos os partidos. Sendo que, na maioria dos casos, os acontecimentos são denunciados, provocam algum reboliço, para ficarem para sempre a dormir, sem quaisquer consequências para além das políticas. Se quisermos recordar apenas um caso, conduzamos a nossa memória aqui há uns cinco anos atrás e pensemos no caso do autarca alentejano, que dava pelo nome de Saleiro, atingido, também, por um escândalo semelhante. Do qual nunca mais se soube o epílogo.
Esta espécie de impunidade pelo esquecimento, que protege os políticos, não pode continuar. Não pode continuar a acontecer que os políticos sejam uma espécie de cidadãos de primeira, para quem as leis não valem. A investigação sobre Isaltino de Morais - como de outros detentores de cargos políticos, quando não sejam transparentes - tem que ir até ao fim. A Lei tem que presumir que, na ausência de prova em contrário, os bens são dele, as contas na Suíça são dele, o dinheiro é dele e os impostos não pagos são fuga ao Fisco por parte dele. E tem que ser ele a demonstrar que assim não é. Mas demonstrar de modo irrefutável. Tem, que demonstrar de onde é que o dinheiro chegou à conta, quem o colocou lá e porque foi que alguém colocou lá o dinheiro.
Excerto da crónica MAIS UM - Magalhães Pinto - "MATOSINHOS HOJE" - 6/4/2003
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