(continuação)
Tempo de nada. Tempo vazio. Estão-se nas tintas para se eu tenho uma vida à minha espera lá fora ou não. A Pátria é senhora do meu tempo, da minha alma, do meu corpo. Chupa-me a vida até ao tutano. Já que tem que ser, porque não é já? Quem me dera ser como o Álvaro. Ele até parece gostar do que lhe está a suceder. Ou como o Manel. Tanto se lhe dá. Também havia tanto se me dar a mim. Sempre sofria menos. E toda esta angústia de nem sequer saber para onde vamos. Iremos antes do Natal? Como passará a mãe o Natal quando eu estiver lá longe? Pobre mãe! Sempre tão agarrada a mim. Sempre tão em cuidados comigo! Quando me lembro do quanto ela chorou quando assentei praça... Da ansiedade com que me esperou na estação quando vim a casa a primeira vez depois disso... Esta espera toda deve ser mais tortura para ela do que para mim. Será que é preciso torturar assim as mães para que o nosso sacrifício tenha mais valor?
(continua)
Magalhães Pinto
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