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16.4.08

OS HERÓIS E O MEDO

(continuação)

O Manel abandonou o abrigo e, cosendo-se com os latões, rastejando aqui e correndo acolá, dirigiu-se à casa da rádio. Como lhe cumpria, o telegrafista comunicava a Mansoa estarem debaixo de fogo. O Manel deu-lhe uma palmada nas costas e subiu à torre, onde o Zé Grande, agora já com a companhia do “Algarvio”, do Jaime e do Reis, manobravam as quatro metralhadoras pesadas, à cadência continua de seiscentos tiros por minuto, como vinha nos livros. O Manel tentou perceber a situação. O fogo inimigo parecia nascer do chão, não distante do arame farpado, vindo de todos os lados. Estavam cercados. Os estupores tinham vindo em grande número, desta vez. Desceu as escadas de quatro em quatro e recomendou ao telegrafista que desse conta a Mansoa da gravidade da situação. Estavam a ser atacados por uma companhia inteira, pelo menos. Saiu da casamata e voou para o abrigo, onde o “Cartaxo”, o “Miragaia”, o “Píveas” e o Quim despejavam, furiosamente, carregador atrás de carregador. Portugal parecia estar todo naquele abrigo, a defender-se do inimigo.

(continua)
Magalhães Pinto

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