Pesquisar neste blogue

18.3.11

OS PORTUGUESES - XLI


"Nascido à volta de 1465 e falecido em 1536 ou pouco depois (qualquer destas datas é meramente aproximativa, pois escasseiam os dados correctos acerca da sua biografia...) Vicente foi testemunha e participante de uma época excepcional da história portuguesa, caracterizada pela política de expansão africana que viria a culminar com a fundação da feitoria da Mina (1482) e a ultrapassagem do Cabo da Boa Esperanla (1487) no reinado de D. João II e, no de D. Manuel, com o descobrimento do caminho marítimo para a Índia (1498) e o Brasil (1500). Portugal tornara-se, numa Europa a que a Renascença e a Reforma estavam mudando a face, no elo de ligação entre o mundo antigo e o mundo novo.

Entre 1502 e 1536, Gil Vicente escreveu, interpretou e pôs em cena cerca de cinquenta autos.

Na obra vicentina, o realismo mais estreme vizinha com a mais solta fantasia e com o mais refinado simbolismo; semelhantemente, de auto para auto, e com frequência dentro do mesmo auto, acotovelam-se personagens irreais (mitológicas, alegóricas, lendárias) e personagens directamente arrancadas à vida real, contemporânea ou revoluta."

(Fonte: História de Portugal, dirigida por João Medina)

1 comentário:

cidissima disse...

A sátira vicentina, contundente e dissolvente porque toca fundo nas feridas sociais do tempo, é contrabalançada por um elevado pensamento cristão, expresso nas peças de inspiração medieval, como o Auto da Alma, e, embora subterraneamente, mesmo nas de caráter satírico.
Nessa bipolaridade e no que ela implica de realização cênica, reside a maior concentração de forças do teatro de Gil Vicente, suficiente para justificar a criação duma escola vicentina durante o século XVI e seguintes e sua atualidade ainda hoje.

Cida