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19.3.11

OS PORTUGUESES - XLII


"A par de captação de pessoas de estratos sociais influentes, desenvolveu o rei católico (Filipe II de Espanha) tentativas de concertação institucional com D. Henrique e, depois da sua morte, com os governadores e os Três Estados reunidos em Almeirim. Com efeito, a partir do momento em que o rei-cardeal se deu conta que Roma nunca lhe concederia dispensa para casar, procurou encontrar outras soluções e, entre elas, a abertura de negociações com o sobrinho espanho. Na decisão de D. Henrique, sem dúvida, pesou o conhecimento que tinha da corrupção das camadas dirigentes perante os aliciamentos do rei católico, e, como consequência, o receio de uma guerra civil, tanto mais provável quanto o consenso em torno de um candidato nacional era cada vez mais distante.

Com o falecimento de D. Henrique, em 31 de Janeiro de 1580, caíram todas as barreiras que tinham obstado a que os embaixadores castelhanos fizessem ofertas directas às Cortes, o que viria a acontecer em 20 de Março de 1580... Pela mesma altura, enviava Filipe II cartas a dezassete entidades, consideradas como as mais representativas para efeitos de negociação, em que pedia para o 'receber e jurar por Rey e senhor natural do Reino', insistindo nas vantagens, mas, em caso de recusa, nos 'inconvenientes e males'. O tom desta carta não se afastava da estratégia seguida pelo rei católico durante todo o plaito (da sucessão no trono de Portugal): generosas ofertas, acompanhadas de palavras intimidatórias que veladamente sugeriam um horizonte de guerra."

(Fonte: História de Portugal, dirigida por João Medina)

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